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A tradição é antiga, mas a fé se renova a cada ano. Criada em 1792, as medidas do Senhor do Bonfim, como eram chamadas, ficavam sob a responsabilidade do padre e, na época, o dinheiro arrecadado com a venda do produto era o que mantinha a igreja. O atual tesoureiro da Irmandade do Bonfim, Luiz Geraldo Urpia Freire de Carvalho conhece esta história como a palma da sua mão, já que é o representante da sétima geração de uma família que ajudou a fundar a confraria. "Ela foi criada pela Irmandade para angariar fundos para manter o culto ao Senhor do Bonfim, e foi a graças a essa propagação que hoje, o Senhor do Bonfim é reconhecido internacionalmente", explica. Carvalho conta que até chegar ao modelo atual, a fitinha já sofreu muitas modificações. "Antigamente as fitinhas eram muito mais elaboradas, fabricadas manualmente e bordadas com fio de ouro, e não eram de fácil acesso", relembra o tesoureiro. A cruz também sofreu modificações, na primeira versão, era a Cruz de Jesus Cristo, muito semelhante a Cruz de Malta. "Hoje é uma cruz semelhante a da cruz vermelha". O tamanho da fita também carrega um significado. "Corresponde à medida do braço direito da imagem do Senhor do Bonfim, que vai do ombro ao dedo médio", revela. Segundo a crença, para ter seu pedido realizado, o fiel deve dar duas voltas no pulso e fixá-la com três nós, que correspondem a três pedidos, quando a fita se romper seu pedido será realizado.
Veja também: Mapa das Festas Populares: o iBahia mostra onde aproveitar os tradicionais festejos em SalvadorHoje os devotos amarram as fitinhas no gradil ou até mesmo em objetos que ficam dentro da igreja, o que para a Irmandade, não é de muito agrado. "Como forma de agradecimento, o fiel coloca a fitinha em qualquer lugar, quando o mais interessante é amarrá-lo na braço, ou guardá-la, assim a pessoa estará sempre com a lembrança dos seus pedidos, e não degrada o patrimônio da igreja", ressalta.
Recuperação A manutenção do gradil que cerca a igreja deve acontecer em pouco tempo, o que preocupa seu Luiz. "Não podemos impedir o fiel de amarrar sua fitinha no gradil, mas isso faz com que ele se desgaste cada vez mais", explica.
SincretismoO sincretismo também marca presença na devoção ao Senhor do Bonfim. Para os seguidores do candomblé cada cor da fitinha corresponde a um Orixá.
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