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Shopping popular tem atraso de obras e lojistas somam prejuízos

São 424 boxes e lojas, comercializados entre R$ 12,6 mil e R$ 110 mil para mais de 400 lojistas que acumulam diversos prejuízos

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18/03/2015 às 12:15 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:02 - há XX semanas
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Previsto para ser inaugurado em maio de 2014, o Shopping da Gente, empreendimento popular localizado na Avenida ACM, ainda não tem previsão para abrir suas portas. São 424 boxes e lojas, comercializados entre R$ 12,6 mil e R$ 110 mil para mais de 400 lojistas que acumulam diversos prejuízos. O estudante e vendedor autônomo Yan Ragede, de 24 anos, vendeu seu carro e abriu mão do emprego para cuidar do novo negócio, que seria de roupas masculinas, e já gastou R$ 46 mil. “Tinha um carro e vendi. Minha mãe, que é minha sócia, também vendeu o carro para termos o capital necessário para o investimento no estoque e móveis. Compramos um box por R$ 22,5 mil”, conta. “Antes da inauguração fui para São Paulo e Pernambuco e comprei um estoque inteiro. Paguei um arquiteto e um marceneiro para fazer os móveis”, conta. “Quando chegou em maio, eles ampliaram o prazo para junho. Depois, mudaram para agosto, outubro, dezembro, fevereiro e até agora nada. Além do dano financeiro, temos o dano psicológico. Tudo isso abalou o sonho de uma pessoa que largou tudo e arriscou tudo para ter um retorno”, acrescentou. Para conseguir se sustentar, Ragede teve que vender quase todo seu estoque ao mesmo preço da compra. “Como abri uma empresa para o negócio, em janeiro de 2014, hoje uso o CNPJ dela para fazer comércio online. Com a loja no Shopping da Gente, pretendia faturar de R$ 20 mil a R$ 25 mil por mês. Agora, faturo entre R$ 2 mil de R$ 4 mil”, revela.

Só prejuízo Assim como Yan, o contador Érico Santos, 31, também pediu demissão da empresa para iniciar o próprio negócio no Shopping da Gente e hoje já acumula R$ 23 mil em gastos sem retorno. “Adquiri o box de outro comprador, em outubro do ano passado, por R$ 18 mil. Pedi demissão da minha empresa para iniciar o negócio, em novembro legalizei a minha marca, a Inovare, Moda Infantil e preparei o estoque. Com isso, gastei mais R$ 5 mil”, diz.
“A empresa precisava entregar a obra em maio de 2014, mas eles alegaram que tiveram atrasos por conta das chuvas e de greve policial e deram novos prazos. Desde outubro eles alegam que houve um problema com a Sucom (Secretaria Municipal de Urbanismo), que ainda não liberou o Habite-se do estabelecimento ()documento emitido pelo município que certifica a conclusão da obra dentro do projeto apresentado)”, disse.
Na mesma situação está o empresário Demócrito Carvalho, 43. Em novembro de 2013 ele comprou um box no Shopping da Gente por R$ 75 mil e hoje está com o bolso apertado. “Fiz o estoque todo e o shopping não inaugurou. A minha sorte é que tenho uma loja do mesmo ramo, na rodoviária. Lá vendo presentes, eletrônicos e variedades. Ainda não abri a empresa formalmente, pois precisava do Habite-se para me regularizar”.
Segundo ele, seu prejuízo não foi maior pois conseguiu uma sócia. Por outro lado, agora vai precisar dividir a renda do estabelecimento que mantém na rodoviária. “Além de não ter ganhado nada com o investimento, ainda tive que dividir minha renda mensal por dois”, queixa-se.
Pendências Em nota, a assessoria da Sucom informou que “a liberação para o funcionamento do shopping depende de uma pendência documental por parte do responsável pela obra do empreendimento. O projeto de incêndio, um dos últimos analisados antes da liberação, precisava de ajustes, o que foi solicitado pela Secretaria. No momento, a Sucom aguarda o retorno deste documento para prosseguir com o processo final”.
Em entrevista ao CORREIO, o proprietário do empreendimento, Carlos Piñon Filho, disse que será encaminhada hoje mais uma alteração do projeto. “Pagamos o Habite-se desde novembro do ano passado e toda hora a Sucom pede alguma alteração no projeto. A parte civil estará concluída até 31 de março. Só vai faltar a liberação da Sucom para entregarmos os boxes aos lojistas”, explica.
Atrasos Segundo ele, os atrasos na obra foram ocasionados por retardos em entregas por parte dos fornecedores. “Além disso, fizemos um incremento no projeto. Inicialmente, não íamos fazer climatização e nem colocaríamos elevadores e resolvemos implementar esses equipamentos. Só a escada rolante dupla, por exemplo, demorou cerca de seis meses para chegar e mais um mês para ser instalada”, conta.
O proprietário ressalta, ainda, que está disposto a conversar com os compradores. “Estou aqui na sede todos os dias, aberto ao diálogo. Como não tenho como conversar com mais de 400 lojistas, sugiro que eles formem uma comissão para que entremos em acordo. Somos parceiros”.
De acordo com Piñon, 13 lojas do estabelecimento encontram-se vazias. “Tivemos algumas desistências e casos de inadimplência. Nesses casos, os compradores tiveram seu investimento inicial ressarcido”, acrescenta. Shopping da Gente totaliza investimento de R$ 60 milhões Situado em uma área de 13 mil m², sendo 8,1 mil m² de área construída e 4,2 mil m² de Área Bruta Locável (ABL), na Avenida ACM, no mesmo prédio onde a concessionária Tratocar (GM) funcionou por 40 anos, o Shopping da Gente deverá ser inaugurado ainda este ano, segundo o proprietário do empreendimento.
Correio24horas

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