O segundo dia do mês de fevereiro é celebrado de maneira especial para os devotos do candomblé: é o dia de Iemanjá, orixá feminino que é considerada a mãe do orixás. É dia de reunir também curiosos e turistas nas praias de todo o Brasil. Em Salvador, a tradição se repete na Praia do Rio Vermelho, mas também em outros pontos da capital baiana.
As histórias de pescadores que viram ou ouviram os cantos da Rainha do Mar, comuns à literatura neo-realista regional da Bahia ganham vidas nas ruas e nas colônias de pescadores de Salvador, às vésperas do dia de celebrar a "Mãe cujos filhos são peixes", tradução para o português da expressão “Yèyé omo ejá”, em iorubá.
E foi na Casa de Iemanjá, na colônia de Pescadores Z1 que o iBahia bateu um papo desta vez não com um pescador, mas com uma jovem de 23 anos, devota do orixá mais popular no Brasil.
Vestida de branco e azul, cores que simbolizam a Rainha do Mar, a estudante de Comunicação Samille Costa, de 23 anos, contou que sua história de devoção ao orixá começou com a descoberta de sua mediunidade. "Eu sofri muito, pouco antes de descobrir que era a filha de Iemanjá. Eu perdia a noção, desfalecia muito fácil, até nas ruas. Já cheguei a sair de casa descalça e desmaiar porque me acharam", contou.
A situação começou a fazer sentido quando a jovem descobriu de que forma poderia lidar com sua mediunidade. "(...) Eu pedi a Deus uma luz, o que eu poderia fazer pra me cuidar, pra encontrar minha fé, passei por todos os lugares: catolicismo, evangelismo, centro espírita, mas eu só sentia fé, amor, só percebia meu caminho no terreiro, quando soube que era filha de Iemanjá tudo começou a fazer muito sentido. Nos meus momentos de fraqueza eu ia ver o mar, eu chorava à beira do mar, e ela sempre me respondia, eu saia de lá em paz, ela foi minha salvação e é meu guia e espelho sempre", revelou emocionada.
Ao pesquisar sobre as principais características associadas ao orixá, a estudante de 23 anos percebeu que se identificava com a divindade africana. "Quando eu li um pouco sobre Iemanjá, eu fiquei encantada. Eu sempre tive uma família voltada para o candomblé, mas eu nunca me vi no candomblé. Eu acho que ser escolhida ser filha de Iemanjá é uma dádiva muito grande porque ela é o orixá que protege a todos, ela é mãe. Eu tenho sempre muito sentimento em mim, desde criança. De ser mãe, de ser superprotetora", refletiu a estudante.
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Questionada sobre os rituais que pratica no dia da festa, Samille diz que prefere a introspecção ao agito das ruas. "Eu geralmente vou sozinha porque o mar é um momento meu... que é minha paz de espírito, meu refugio. Eu gosto de curtir esse momento sozinha oferecer minhas flores, minha alfazema. Eu prefiro minha paz interior: eu, o mar e minha mãe. Então o meu ritual é sempre sozinha. Eu gosto de usar branco neste dia, acender uma vela uma e agradecer por tudo de bom que ela faz por mim e pelos outros e peço a ela um bom dia", concluiu.
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Redação iBahia
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