No dia Dois de Fevereiro, data em que é comemorada a Festa de Iemanjá, é quase impossível pensar em um Rio Vermelho vazio, sem flores no mar, sem os terreiros na areia da praia, sem feijoada nos bares e nas casas e sem o som dos atabaques. Em virtude da pandemia do novo coronavírus, a festa, com os seus moldes tradicionais, não irá acontecer, mas o presente para Mãe das Águas não deixará de ser entregue.
Este ano, o Babalorixá Pai Ducho de Ogum, do Terreiro Ilê Axé Awa Ngy, foi eleito pelos pescadores da colônia do Rio Vermelho como o responsável pelo presente de Iemanjá. A cada festa sempre há um terreiro de candomblé que fica à frente das obrigações religiosas.
O presente sairá do terreiro, localizado no Engenho Velho da Federação, com destino ao Rio Vermelho e será colocado no mar logo pela manhã, não às 16h, como acontece tradicionalmente.
"Este ano não vai ter escolha de presente principal por causa da pandemia. O que vamos fazer é o balaio, muito bonito, com uma Iemanjá dentro, com todas as coisas que pertencem a ela, com tudo o que for necessário para que a gente possa fazer os rituais aqui do Terreiro. No dia primeiro de fevereiro, a gente 'arreia' o presente de Oxum no Dique do Tororó e, no outro dia, vamos levar às 8h da manhã o presente de Iemanjá, com o pessoal do terreiro, colocaremos em uma embarcação e vamos 'arriar' o presente no mar", detalhou o babalorixá.
Ele disse ainda que, após a entrega do presente, é feito um ritual dentro da Casa de Iemanjá para saber se ela aceitou o presente. "Após a entrega, eu vou jogar um obi para agradecer e saber se Iemanjá aceitou o balaio ou não (obi é uma fruta que é de um fundamento da religião)".
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Segundo o pescador da colônia Z1, do Rio Vermelho, Fernando Lopes, ele irá levar o presente este ano, como já faz há três anos. O mesmo barco leva o presente principal há 40 anos. "Respeito muito este momento e é um dia muito importante para a nossa colônia de pescadores", disse.
O babalorixá conta que, antes ou no dia dois de fevereiro , as pessoas podem deixar seus presentes para a Rainha das Águas em qualquer praia de Salvador para que as aglomerações sejam evitadas. "É importante a pessoa vai com o seu coração limpo, com sua boa vontade, com sua confiança. Se a pessoa quiser agradecer, se ela tem fé, pode deixar seu presente em qualquer praia. O importante é que seja água ", pontuou.
Mudanças no dia da festa
- Restrições comerciais
Na segunda-feira (1º), bares e restaurantes do Rio Vermelho vão funcionar de acordo com o protocolo setorial para o setor (de 11h até 0h). No dia seguinte (2), esses estabelecimentos só poderão abrir a partir das 19h.
Ainda no dia 2, haverá proibição do funcionamento de food trucks, comércio informal, ambulantes, carros de som e afins, assim como os depósitos de bebidas. Estará proibida a venda de bebidas alcoólicas em postos de combustível, delicatessens, padarias e similares.
Já os comércios e serviços essenciais estarão abertos normalmente, a exemplo de supermercados, padarias, açougues, farmácias, agências bancárias e lotéricas, estabelecimentos que funcionam em regime de delivery (sem retirada no local), estabelecimentos de saúde e clínicas veterinárias. Além disso, os pescadores do Rio Vermelho poderão exercer atividade de pesca e venda de mercadorias sem restrições.
- Fechamento de praia
A partir da meia-noite da segunda (1º) até meia-noite de quarta-feira (3), os acessos à praia do bairro serão interditados, no trecho que vai do Buracão ao restaurante Sukiyaki.
Não haverá bloqueios e barreiras físicas para veículos e moradores e nem alteração no trânsito e transporte nas vias do bairro. As medidas serão fiscalizadas por agentes das secretarias municipais de Ordem Pública (Semop) e Urbanismo (Sedur), Guarda Civil Municipal (GCM) e Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), com apoio da Polícia Militar (PM-BA).
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Redação iBahia
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