O emaranhado de redes no subsolo de Salvador se torna um problema ainda mais grave devido à sua antiguidade. Muitas vezes, a Embasa e a própria prefeitura se surpreendem com o que encontram debaixo da terra. “Na J.J. Seabra (Baixa dos Sapateiros) tem drenagem de 1950. Há redes seculares”, diz o secretário municipal de Infraestrutura, Paulo Fontana.
Na área do Centro, há tubulações que ainda são de porcelana, os chamados barbarás. “A rede da área do Centro é um problema. Além do material antigo, existia uma cultura de se lançar o esgoto no sistema de drenagem. De repente, nos surpreendemos com um problema desses. Um problema do passado”, observa o secretário de Manutenção, Marcílio Bastos. Para o superintendente de esgotamento sanitário da Embasa, Júlio Mota, Salvador precisa ter um plano de saneamento básico. “Tudo isso tem a ver com a ocupação da cidade. Alguém tem que frear essa ocupação desordenada e histórica. Um plano municipal poderá direcionar as ações”. Modelo idealEm uma cidade ideal, todas as redes que se encontram debaixo da terra poderiam ser encontradas com um simples aparelho de GPS. Isso existe e já faz algum tempo. Segundo o engenheiro do Crea Alessandro Machado, a chamada “topografia georreferenciada” é possível desde 1994. “A topografia agora é georreferenciada com GPS de precisão. Trata-se de um sistema em que os órgãos públicos, as empresas e as concessionárias se comunicam com o objetivo de manter o controle das redes. Tudo seria controlado pela gestão municipal”, diz Alessandro. E, mesmo assim, em Salvador, há muito pouco, quase nada, desse tipo de topografia. O georreferenciamento é capaz de dar a localização exata de todas as redes, cabos de dados e até dos hidrantes da cidade. O secretário municipal de Infraestrutura, Paulo Fontana, afirma que existe a ideia de criar um programa desses para a capital baiana ainda nesta gestão. “Para fazer georreferenciamento, eu preciso saber onde estão as redes. E eu só sei onde elas estão quando geram algum problema. Então, vamos fazendo à medida que eles surjam. Temos o pensamento de criar esse plano”, garante Fontana. O engenheiro do Crea afirma que só agora o assunto começa a ser discutido em congressos e por parte dos técnicos dos órgãos públicos. “É uma luta muito grande”, avalia. O caso de Salvador não é único. Muitas metrópoles brasileiras vivem esse problema. Países como Alemanha e Inglaterra são modelos.
Na área do Centro, há tubulações que ainda são de porcelana, os chamados barbarás; Baixa dos Sapateiros tem drenagem de 1950 (Foto: Robson Mendes/ CORREIO) |
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