A voz romântica de Pablo comandando. Camisas coloridas e meninas de shortinho jeans para todo o lado. Isopores “derramando” No Grau. O trânsito? Uma loucura. Estaríamos na Salvador Fest? Nada! Era apenas a galera “descendo” em peso para a zona eleitoral 6, particularmente para o Colégio Estadual Luiz Viana Filho, em Brotas.
Como de costume, a cidade ficou uma zona só nos principais locais de votação. Em alguns casos, “zona” no bom sentido. Em outros, nem tanto. O Luiz Viana, maior colégio eleitoral de Salvador, parecia festa de largo.
“A gente vota e se diverte, né?”, disse o vendedor Rogério de Souza, 25 anos, o responsável por fazer todo mundo dançar ou, a depender do ponto de vista, aturar Pablo. Ê, paixãaaao!
Colchão
O material utilizado na boca de urna tomava as principais ruas dos bairros com grandes locais de votação. Na Valdemar Falcão, em Brotas, duas mulheres largaram o trabalho de distribuição de material de campanha e se jogaram no colchão de santinhos.
Também, são “arrochadas” o dia inteiro para ganhar R$ 30 ou R$ 40. “A gente fica aqui das 8h às 3h da tarde sem lanche e sem almoço”, reclamou Cheila dos Santos, 17 anos, em frente ao Colégio Estadual Rafael Oliveira, em Cajazeiras.
Mas, mesmo na “sofrência” para ganhar 40 conto, é possível se armar. “Nessa boca de urna aí eu vou todo. Meu voto é todo seu, meu amor”, largou um eleitor, referindo-se a correligionária de camisa verde cana que segurava a bandeira de um candidato do PV.
Mas nem tudo é brincadeira. Dentro do colégio Góes Calmon, em Brotas, um eleitor exaltado discutia com o coordenador da Zona 6. Apenas com o documento de identidade, queria que lhe indicassem sua seção. “Eu quero votar! Eu quero votar!”, berrava o rapaz.
“Se ele está sem o título, precisa entrar no site do TRE ou ligar para o Disk Título”, explicou o coordenador Erico Neto. Três policiais foram chamados para acalmar a situação.
O trânsito também estressou muita gente. “Meu Deus, me tira daqui”, gritou um eleitor pela janela do carro, preso em um nó de carros na Daniel Lisboa. Para aliviar o sofrimento, poderia recorrer a um vendedor de picolé que fazia sua boca de urna pessoal. “O sol tá quente, vote em mim minha gente”, pedia Pedro Ribeiro, 56, distribuindo “capelinhas” a R$ 1,50.
Em Cajazeiras, santinhos voavam feito passarinhos na Rótula da 8. “A Rótula da sujeira!”, corrigiu um eleitor revoltado. No bar em frente ao local de votação, a galera aprovou o fim da lei seca. “Com ou sem lei seca, o que não pode é deixar de molhar o bico”, disse o supervisor de segurança Ernandes Souza, 33. Pois é. Na verdade, nada mudou.
Dia de eleição em Salvador é um domingo comum, de praia, cerveja e show na Paralela. É literalmente a festa da democracia. De camisa. E colorida!
Interior baiano registra 98 prisões, a maioria por boca de urna
Em toda a Bahia, foram presas 98 pessoas neste domingo (5), por crime eleitoral, segundo o Tribunal Regional Eleitoral. No interior, o maior número de ocorrências foi registrado em Feira de Santana, onde pelo menos 17 pessoas foram presas: oito em flagrante por venda e compra de voto, um por transporte ilegal de eleitores e oito por boca de urna.
“O grupo que estava comprando voto estava em um posto de combustível no Parque Getúlio Vargas. Trocavam gasolina por voto”, afirmou o delegado Ricardo Brito, titular da 1ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Feira de Santana). Já em Senhor do Bonfim, no Centro-Norte baiano, três pessoas foram presas por boca de urna, segundo o 6º Batalhão da Polícia Militar.
Além disso, o vereador Emanuel Almeida Neto (DEM), da cidade de Itiúba, foi preso por compra de voto. “Ele estava em casa, dando dinheiro às pessoas para comprar voto para candidatos do DEM”, disse o tenente-coronel Anselmo Bispo, comandante do 6º BPM.
Em Governador Mangabeira, o secretário municipal de Finanças, Vinícius de Jesus Santana, e o soldado da PM Florisvaldo Moreira, lotado no Batalhão de Guardas, foram presos por boca de urna. Em Vitória da Conquista, aconteceram três prisões pelo mesmo motivo.
Além disso, também foram registradas prisões em Luís Eduardo Magalhães, Riachão do Jacuípe, Jequié, Ipiaú, Brejões, Ibirataia, Irecê e Ubaitaba. Todos os presos assinaram um termo circunstanciado e foram liberados ainda ontem. A pena por boca de urna é de seis meses a um ano, enquanto a pena por compra de votos é de quatro anos de prisão e pagamento de multa.
Matéria original: Jornal Correio*
Salvador tem arrocha, azaração, trânsito caótico e boca de urna em dia de votação
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade