Mais de 33% da população de Salvador vive em favelas. É o que revela pesquisa do IBGE divulgada ontem. Segundo o levantamento, baseado no Censo 2010, a capital baiana é a segunda do Brasil em percentual da população vivendo nos chamados aglomerados subnormais, definidos pelo instituto como “conjuntos de, no mínimo, 51 residências carentes de serviços públicos essenciais, ocupando terreno de propriedade alheia e estando dispostas de forma desordenada e densa”.
Isso significa que, em 2010, mais de 882 mil soteropolitanos viviam em favelas. Para o urbanista Armando Branco, a questão é histórica. “Salvador é a primeira capital do Brasil e foi para cá que vieram os escravos recém libertos no início do século passado”. Segundo ele, os negros que trabalhavam nos engenhos de açúcar do Recôncavo foram atraídos para a então atrativa metrópole e acabaram se instalando nas áreas onde a administração pública não tinha muita presença. Mais de 100 anos se passaram e a situação não mudou. “Hoje, Salvador continua atraindo muita gente do interior, que vem em busca de saúde, educação e emprego”, completa o especialista. MunicípiosA pesquisa do IBGE revela ainda que dos 417 municípios da Bahia, apenas dez possuem esses aglomerados: Salvador, Camaçari, Candeias, Ilhéus, Itabuna, Itaparica, Lauro de Freitas, São Francisco do Conde, Simões e Vera Cruz. No total, são 970.940 moradores de favelas no estado, sendo que 86% deles estão em Salvador. Um dado surpreendente é que, segundo o estudo, a média de moradores por residência é de 3,2 moradores, quase igual à taxa de habitantes de unidades regulares (3,1%). A pesquisadora do IBGE Elisa Caillaux tenta explicar. “É claro que mora muita gente na favela, mas a pesquisa não contempla o tamanho da casa, por exemplo. Às vezes tem três pessoas morando, mas a casa só tem um cômodo”, considera.
ServiçosNo quesito serviços essenciais, Salvador não fez feio, em relação à média nacional. Enquanto a média nacional de abastecimento de água, por exemplo, é de 88,3% dos domicílios em aglomerados subnormais, na Bahia essa média é de 98,1%. Já em esgotamento sanitário o índice da Bahia é de 86,8%, contra 67,3% do Brasil. Em estados como Alagoas, esse número chega a 27,8%. Sobre o assunto, o pesquisador Maurício Gonçalves faz uma ressalva. “No levantamento, a gente só consegue saber se o domicílio tem ou não tem o serviço, mas não temos como medir a qualidade dele. Às vezes, a comunidade tem fornecimento de água, mas essa água é suja, ou só chega uma vez por semana”, explica. Segundo a pesquisa, 6% da população do país, ou seja, 11,4 milhões de brasileiros vivem nessas invasões, um número 75% maior do que o levantado na pesquisa de 2000 (6,5 milhões). O IBGE diz não aconselhar a comparação, pois a metodologia era outra. A maior favela é a da Rocinha, no Rio de Janeiro.
A Fazenda Grande do Retiro tem 20.254 moradores e é a quarta mais populosa da Bahia |
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