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SALVADOR

Ruas voltam a apresentar crateras após Operação Tapa-Buracos

Há cerca de dois meses, a prefeitura anunciou que taparia buracos em diversas ruas

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09/05/2013 às 9:28 • Atualizada em 02/09/2022 às 5:46 - há XX semanas
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“Eu vou parar de vender verdura e vou abrir uma borracharia, que dá mais dinheiro”. O verdureiro Carlos Roberto Assis, 30, que trabalha na Rótula da Feirinha de Cajazeiras e mora há 15 anos no bairro, parece ter visão de mercado, na situação em que se encontra a malha asfáltica de Salvador.
Nem mesmo a famosa Operação Tapa-Buracos, que acontece constantemente na cidade, vem resolvendo o problema. Há menos de dois meses, a Via Regional, no bairro de Águas Claras, recebeu o serviço feito pela Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop), mas a via já está novamente esburacada.
Moradores dão um jeito para sinalizar as armadilhas ao longo do asfalto da Via Regional, uma das que vão receber não só o tapa-buraco, mas também o recapeamento asfáltico
“Sempre tapa e sempre abre de novo. Se tiver tanto, tem um mês e 15 dias que taparam os buracos, já está tudo aí. Tem gente que aproveita para assaltar, gente que quebra o carro na buraqueira”, conta a vendedora Alba Santos, dona de uma barraca em frente a um dos buracos encontrados pelo CORREIO na Via Regional.
Na manhã de ontem, o prefeito ACM Neto (DEM), a vice-prefeita Célia Sacramento (PV) e secretários municipais estiveram em Cajazeiras VIII para lançar a primeira etapa da Operação Tapa-Buraco no período pós-chuvas. De acordo com o prefeito, estão sendo liberados cerca de R$ 15 milhões para o serviço de tapa-buracos na cidade (veja ao lado).
Em Cajazeiras, onde a operação começou na Estrada da Paciência, os moradores reclamam que os buracos atrapalham o tráfego e causam congestionamento. É tanto buraco que eles acreditam que a qualidade do asfalto utilizado seja ruim, como afirmou o locutor Manolo Silva, da Rádio Comunitária Independência de Cajazeiras. “O maior bairro da América Latina sofre com um asfalto de péssima qualidade, um asfalto sonrisal”, disse.
No bairro, moradores apontam que a maior concentração de buracos está em Jaguaripe I, na ligação entre Cajazeiras XI e a Boca da Mata, no acesso à Fazenda Grande II, além dos setores I e II de Cajazeiras X.
“Ali está pedindo misericórdia. Dificulta até a atuação policial, porque engarrafa tudo, é uma dificuldade para passar uma viatura, uma ambulância”, diz Manolo Silva.
Para o engenheiro Luiz Edmundo Campos, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e integrante da Rede Asfalto Norte/Nordeste, o problema não está na qualidade do asfalto, mas na manutenção da malha viária. “Nosso asfalto deveria ter um processo de recuperação que não tem. Você fecha o buraco em um lugar, abre em outro”, explicou.
Prejuízo
A Via Regional, em Águas Claras, é uma das principais ligações entre o bairro de Cajazeiras, a rodovia BR-324 e a Avenida Paralela. Mas trafegar por lá, definitivamente, é tarefa árdua e até arriscada para motoristas e motociclistas.
Em alguns pontos da pista, moradores e comerciantes improvisaram uma sinalização com o uso de pneus. “Semana passada, um caminhão derrubou um motoqueiro ali onde tem os buracos”, lembra o dono de uma borracharia no local, que se identificou apenas como Maicon. “O que mais aparece é motorista com pneu danificado e problema na suspensão. Os moradores colocaram os pneus pra sinalizar, porque está um perigo”, disse.
A Sucop, que realizou na via a Operação Tapa-Buraco há cerca de dois meses, garante que as crateras atuais são diferentes das tapadas no início do ano. “Onde nós fizemos tapa-buraco, não abriu. Pode abrir outros buracos, porque o asfalto já está com a vida útil vencida”, afirmou o superintendente do órgão, Antonio Carlos Batista Neves.
Em outro ponto da cidade, no bairro do IAPI, o taxista José Edson da Silva, 60, disse já ter empenado uma jante por conta da buraqueira. “Aqui, todas as ruas têm buraco. Não teve operação. De vez em quando estoura um pneu, dá problema na suspensão e fica caro. Cada pneu novo custa R$ 250 e pra consertar a suspensão é até R$ 700”, afirmou.
No bairro, a rua Conde de Porto Alegre constava em uma lista da prefeitura, no final de fevereiro, como completamente recuperada pela Operação Tapa-Buracos. A via, no entanto, apresentava muitos buracos ontem.
Prontos críticos
De acordo com o secretário de Infraestrutura de Salvador, Paulo Fontana, as vias mais críticas em termos de buracos são aquelas que recebem o maior fluxo de veículos, como Paralela, Octávio Mangabeira (orla), Luis Eduardo Magalhães, Juracy Magalhães, ACM, Tancredo Neves, Suburbana, Caminho de Areia e San Martin. “Essas a gente tem que estar com um olho maior, porque passa um número maior de pessoas”, declarou.
O superintendente da Sucop, Batista Neves, informou que, além da Operação Tapa-Buracos, algumas vias da capital vão passar por obras de recapeamento, uma espécie de raspagem para colocação de uma nova camada de asfalto. “Vai demorar um pouco, porque o serviço de recapeamento é mais caro, mas estamos seguindo o cronograma que o prefeito determinou”, disse, sem estabelecer prazos.
Prefeitura prevê ficar mais de um mês nas ruas de Cajazeiras
Em Cajazeiras, o prefeito ACM Neto (DEM) anunciou, ontem, que a Operação Tapa-Buraco conta com dez equipes. “O meu desejo é que até o final do mês, no máximo no início de junho, a gente possa ter entre 16 e 18 equipes para acelerar a recuperação do asfalto em nossa cidade”, afirmou.
O chefe do Executivo acrescentou que, além dos R$ 15 milhões liberados para tapar os buracos, outros R$ 17 milhões serão aplicados em breve na pavimentação asfáltica de Salvador. “Nós vamos fazer um trabalho mais profundo de recuperação da malha asfáltica. Dentro desse orçamento, nós vamos recuperar a Via Regional”, informou.
Para o prefeito, o asfalto da cidade está comprometido. “Vem a chuva e, como o asfalto é antigo e foi malfeito, acaba deteriorando ainda mais”. O secretário de Infraestrutura, Paulo Fontana, disse que somente em Cajazeiras serão usadas mais de mil toneladas de asfalto. “Vamos ficar aqui mais de um mês e trabalhar para tapar o maior número de buracos possível”, afirmou.
Além de pneu, cone: tudo para sinalizar as crateras na Via Regional
É necessário fazer revisão geral, aponta especialista
Professor de Engenharia da Ufba e integrante da Rede Asfalto Norte/Nordeste, o engenheiro Luiz Edmundo Campos compara a rede asfáltica de Salvador a uma camisa já bastante usada. “Quando lava muito, vai fazendo buraquinhos. É o que acontece com o asfalto”, disse.
O especialista explica que a vida útil do asfalto é de, em média, dez anos. “Há necessidade de se fazer uma revisão geral, mas isso custa muito caro, não tem dinheiro que faça. A solução, hoje, é tapar os buracos de forma correta. Se não tapar direito, na primeira chuva os buracos aparecem”, afirmou. Para a manutenção, ele recomenda a aplicação de lama asfáltica para tampar as fissuras, chamadas de ‘couro de jacaré’, onde há infiltrações.
Diferente do que muita gente acredita, não é impossível tapar buracos em época de chuva. O professor Luiz Edmundo alerta para a necessidade de limpar o lugar e não colocar o asfalto em buracos com água. Para ele, o que não se pode é ignorar a existência das crateras. “Pode fazer, mas sabendo que vai ter que voltar depois. Não se deve fazer uma coisa definitiva, só tapar para evitar acidentes”, afirmou.
O superintendente da Sucop, Batista Neves, disse que os reparos têm sido feitos com asfalto quente, em temperatura mínima de 110°C, que adere à pista e com durabilidade de oito anos a dez anos.
Homens da prefeitura trabalham na Ladeira de Cajazeiras VIII. Previsão é de ficar mais de mês no bairro

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