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SALVADOR

R. Carlos Gomes sai do circuito e grupo analisa sentido dos trios

Prefeitura define que blocos de trio não vão mais passar pela Rua Carlos Gomes. Grupo de estudo tem 90 dias para definir se desfiles começam ou terminam no Campo Grande

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14/02/2013 às 7:58 • Atualizada em 27/08/2022 às 13:58 - há XX semanas
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A passagem dos blocos de trio na Rua Carlos Gomes ficou na fotografia e na memória dos foliões. O percurso do circuito Osmar, que até o Carnaval deste ano tinha 6 quilômetros, foi definitivamente encurtado. Ontem, o prefeito ACM Neto (DEM) confirmou oficialmente a decisão antecipada pelo CORREIO. O plano A da prefeitura, que ainda depende de estudos de viabilidade técnica para ser adotado, é de que os trios comecem o desfile na Rua Chile, descendo a Praça Castro Alves e subindo a Avenida Sete de Setembro na contramão, em direção ao Campo Grande, onde seria o fim do percurso. CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR
Caso os estudos reprovem a mudança, será adotado um plano B: manter o sentido atual, com a saída no Campo Grande, mas com o fim do percurso na Rua Chile. “Se a inversão for tecnicamente possível, será feita. As mudanças serão discutidas com o Conselho do Carnaval, artistas, blocos, associações envolvidas e as conversas já começam nesta semana”, disse o prefeito. Entre seus argumentos para a mudança estão a viabilidade econômica, a atração de público e artistas e a estética da festa. “É a fotografia mais bonita do Carnaval de Salvador, olhando para a Baía de Todos os Santos. Você começar pela Rua Chile, pela Castro Alves, vai valorizar aquela área, e você tem uma fotografia ali que casa com o dia. O Campo Grande, por outro lado, também vai ter mais peso com o redesenho que a gente quer fazer e com a fotografia que casa melhor com a noite”, disse. Sem adiantar detalhes, Neto disse que também haverá mudanças na disposição dos camarotes oficiais, arquibancadas e estúdios de transmissão do Campo Grande. Outro aspecto considerado na decisão de tirar a Carlos Gomes do circuito oficial foi o do conforto de foliões e artistas, que reclamavam há anos do grande desgaste de se apresentar por até sete horas. Artistas “Ele ficou muito longo, houve aumento no número de blocos. Por que todo mundo foi para Barra-Ondina, superlotando lá? Porque o Campo Grande ficou desconfortável. A gente quer devolver conforto para o folião e ser elemento de atração dos artistas”, completou o prefeito. Na entrevista coletiva em que ACM Neto falou das mudanças, o secretário municipal de Desenvolvimento, Cultura e Turismo, Gulherme Bellintani, ressaltou o aspecto da exposição dos artistas e marcas de patrocinadores no projeto de alteração do circuito. “No modelo atual, não conseguimos levar a TV para dois pontos do circuito Osmar, porque onde há espaço, na Castro Alves, os trios não sobem, fazem a volta. Agora vamos ter dois polos de transmissão”, afirmou. O prefeito adiantou que no ano que vem não haverá mais o palco na Praça Castro Alves, em decorrência da passagem dos trios naquela região. Um grupo de trabalho formado por todos os secretários, mais representantes da Fundação Gregório de Matos e da Limpurb, foi formado para planejar a folia do ano que vem. Este grupo tem 90 dias para detalhar o novo trajeto, como locais de concentração, dispersão e duração do desfile dos trios. Estudos Este colegiado analisará os estudos técnicos que verificarão, por exemplo, se os acessos à região da Praça Municipal, como o Elevador Lacerda, a Ladeira da Montanha e a Estação Barroquinha, têm capacidade para receber a multidão da folia. Os estudos irão averiguar ainda se os trios elétricos suportam subir a ladeira do Mosteiro de São Bento com segurança. “Trios vão passar por controle e nível de exigência mais rigoroso que o atual. Vimos trios muitos antigos este ano, que quebram e não oferecem segurança”, disse Neto. Segundo ele, já está decidido somente poderão puxar os trios caminhões com até cinco anos de uso. Para o secretário estadual do Turismo, Domingos Leonelli, as sugestões de mudanças são boas. “Não tem mais sentido essa volta pela Carlos Gomes, embora também precise ser estudado, porque vai aumentar o fluxo na Avenida Sete, então é preciso criar mais espaço. Por exemplo, a Piedade não pode mais ser cercada por tapumes, o que provoca naquela região as maiores dificuldades que temos com violência, com desconforto”, disse. Opiniões A notícia causou alvoroço entre artistas, entidades carnavalescas e foliões. “Somos favoráveis. Há muito tempo esse circuito está precisando de uma mexida”, afirmou o presidente da Associação de Blocos de Trios, Windson Silva. Segundo ele, muitos foliões desistem de sair nos blocos do Centro por causa do longo percurso. Silva também disse que o abadá não vai ficar mais barato, por causa da diminuição. “Os custos vão ser exatamente os mesmos. Os cordeiros e músicos não são pagos por hora. No máximo, vamos economizar uma hora de diesel”, disse, se referindo ao combustível do trio elétrico. “Eu acho que deveria aumentar e não diminuir o percurso”, brincou o cantor Márcio Victor, do Psirico. “Mas acho válido experimentar um novo formato”, completou. “Ainda precisamos discutir a viabilidade técnica, como a ladeira do São Bento (que é íngreme e trios teriam que subir)”, lembrou o empresário Joaquim Nery, sócio da Central do Carnaval. Já quem se acostumou a curtir a folia na Rua Carlos Gomes não gostou da retirada da via do circuito. “Não podem tirar o centro do Carnaval, que é a Carlos Gomes”, disse a doméstica Fátima Correia, 37 anos,há 17 anos trabalhando na rua. Para ela, a mudança será “horrível”. Encarregado de uma vidraçaria localizada na Carlos Gomes, Denis Farias, 55, também defende a manutenção do circuito. “Não acho uma boa não. As pessoas já montam barracas aqui”, disse.
Trio Carlinhos Brow no circuito Campo Grande em Salvador (Foto: AgNews)
Prefeitura confirma Afródromo em 2014, mas falta definir espaço Com o fim da passagem dos blocos de trio pela Rua Carlos Gomes, a via só verá alguma atração da festa se algum bloco afro optar por manter o percurso atual, saindo da Rua Chile com destino ao Campo Grande. Esse caminho é feito, por exemplo, por blocos como o Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy e Olodum. “Estamos avaliando se todos os blocos afros ficarão no Afródromo ou se alguns deles podem manter o atual trajeto”, disse ACM Neto. O prefeito assegurou ainda a criação do Afródromo, um circuito que concentrará o desfile de blocos afros. O local, porém, ainda não foi escolhido, mas o Comércio, área inicialmente sugerida, está descartado, ao menos por hora. “Fazer no Comércio vai complicar a vida de quem vai acessar a Rua Chile”, disse o prefeito. Carlinhos Brown, que idealizou o Afródromo no Comércio e comandou o desfile das entidades no Campo Grande, no domingo de Carnaval, não foi localizado ontem para comentar o assunto. Segundo Neto, o circuito terá lógica diferente dos existentes, com arquibancadas e entidades sem cordas. “Nossa intenção é explorar o lado da fotografia, cênico, mais histórico, das manifestações afros, um produto novo para o Carnaval de Salvador. O governador Jaques Wagner, que assistiu ao desfile domingo, apoia a iniciativa. “A natureza do bloco afro é diferente dos blocos comerciais. Ele (Brown) sempre tem boas ideias e a prefeitura, o governo do estado e o Conselho do Carnaval têm que se debruçar sobre essa hipótese”, opinou. Já Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê Aiyê, garantiu que o mais tradicional bloco afro da Bahia estará junto ao projeto. “É mais um espaço para os blocos afros mostrarem sua beleza”.

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