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SALVADOR

Que crise? Designers baianas superam o momento com criatividade

Conheça as soluções e dicas de empresárias de moda da cidade que crescem com inovação

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11/12/2015 às 23:23 • Atualizada em 29/08/2022 às 17:34 - há XX semanas
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Uma das coisas de que mais se ouviu falar em 2015 foi a crise econômica. De fato, os tempos não são dos melhores para o mercado, que apresentou queda nas vendas no varejo e na produção industrial nos últimos meses. No entanto, em Salvador, algumas empreendedoras de moda encontraram formas de passar por essa tempestade de maneira mais tranquila e têm conseguido se manter estáveis, apesar das dificuldades.

Goya Lopes se uniu à carioca Bali Blue, que está produzindo cangas com estampas desenvolvidas por ela
(Foto: Angeluci Figueiredo)

As estratégias que elas usaram para fazer isso são variadas, mas todas convergem para o mesmo ponto: a criatividade. Ser criativo em tempos de adversidade é um dos pontos fundamentais para reverter o momento e pode fazer a diferença na hora de manter um negócio aberto, vendendo e, até mesmo, ajudar a expandir a marca.

As designers Goya Lopes, Luciana Galeão, Isadora Alves e Renata Piva, em seus diferentes empreendimentos, estão superando a crise, seja usando o que aprenderam ao longo de anos de trabalho ou inovando e fazendo parcerias com outras marcas e empresas. O BAZAR ouviu a história de cada uma delas e revela como é possível empreender, criar e inovar sem medo.

Trabalhe a criatividade
Unir inovação, criatividade e um projeto social é o que está movendo Luciana Galeão. A designer se prepara para lançar uma coleção de bolsas que usa como base tecido de uniforme descartados, além dos bordados característicos às suas produções. As peças são feitas em conjunto com artesãos das comunidades de Catu de Abrantes e Jardim Nova Esperança e serão vendidas na Tropos Coworking, ambiente colaborativo que fica no Rio Vermelho.

Durante três anos, Luciana trabalhou com comunidades e estudou formas de produção limpa, que geram pouco ou nenhum resíduo durante a execução. Isso serviu de base para criar as bolsas. Segundo ela, a parceria com os artesãos é uma ajuda mútua. “Me senti muito segura em fazer o trabalho com eles porque levam a sério toda a ideia”, conta.

Já com a Tropos, a colaboração surgiu depois de conversas com Fernanda Félix, uma das sócias do coworking. “A gente imagina que seja um esquema que só tem ganhos para todos os lados”, opina Fernanda. Além de vendidas, as bolsas serão expostas na Tropos, que mantém uma galeria rotativa.

Luciana apoia a iniciativa na criatividade. Para ela, essa é uma das saídas mais claras para a crise. “Quem não trabalhava com criativo, tem que passar a trabalhar, porque economia criativa é a que mais cresce no mundo inteiro”, esclarece a designer.

Tenha personalidadeCom quase 30 anos de carreira, Goya Lopes é um dos nomes mais importantes do país quando se fala em estampas de inspiração africana. Para manter a rotina de trabalhos durante a crise, a designer se envolveu em projetos que não são necessariamente ligados à moda. “Uma das saídas é trabalhar com o que você tem de forte. A minha é a estamparia, foi através dela que eu consegui desenvolver um trabalho com personalidade própria”, explica.

Novas bolsas de Luciana Galeão vão reproduzir estampas de coleções icônicas da estilista, como a da foto
(Foto: Divulgação)

Recentemente, Goya se uniu à marca carioca de cangas Bali Blue, que está produzindo peças com estampas criadas por ela. Ao todo são seis desenhos que estão nas saídas de praia da marca. Dois deles foram escolhidos entre os que a designer já tinha, os outros quatro foram criados especialmente para a coleção e trazem como temas os orixás do candomblé. Segundo a designer, a grande sacada da crise é a possibilidade de trabalhar compartilhando. “A ideia é fazer o que você tem em potencial e criar uma rede de parceiros”, diz. Assim, ela conseguiu expandir a marca e conquistar novos clientes fazendo o que mais sabe, como as ilustrações que desenvolveu para o livro Caymmianos: Personagens das Canções de Dorival Caymmi, do escritor Marielson Carvalho, lançado na última quinta-feira aqui em Salvador. MovimenteAbrir a loja para produtos de outros criadores é uma prática que se repete com a Mais Bonita, de Renata Piva. A empresária aproveitou a crise para intensificar o que faz desde quando o espaço foi aberto, há seis anos. Especializada em vender bijuterias, Renata levou para a loja marcas de outros segmentos. Acessórios, peças de vestuário e até mesmo alimentos são vendidos eventualmente por lá.

“A gente abre para marcas que agreguem à nossa”, conta. A ideia é fazer circular mais pessoas pelo espaço e oferecer ao cliente um serviço mais completo. “A gente empresta os nossos clientes para eles e o contrário também acontece. Eles acabam conhecendo marcas novas”, explica Renata. Na Mais Bonita, as parcerias são temporárias e acontecem durante dois dias, geralmente.

Renata acredita que esse tipo de iniciativa pode ajudar as marcas. “Sempre fui a favor. Como cada um tem seu perfil de público, não tem que ter medo da concorrência”, diz a empresária. “O importante é agregar e movimentar o mercado de moda. Isso é muito importante, principalmente para quem ainda não tem ponto de venda”. Outra tática usada pela loja é uma liquidação durante o mês de dezembro, com peças custando entre R$ 5 e R$ 50.

Compartilhe com outrosEm setembro, a estudante de Design Isadora Alves abriu a loja física da Com Amor, Dora, sua marca de acessórios para cabelos. Segundo ela, a loja é mais do que isso. Além de vender as peças, ela também usa o espaço para a produção, mantendo um ateliê.

Desde o início, Dora sabia que não conseguiria manter a loja sozinha, por isso se uniu às amigas e encontrou outras maneiras de sustentar o espaço, que fica no Shopping Rio Vermelho. Ela aluga caixas dentro da loja para outras marcas que não têm ponto de venda físico.

Caixotes de aluguel: cada marca paga R$ 80 + 5% por mês para usar o espaço. Iniciativa mantém a loja funcionando, mesmo na crise (Foto: Angeluci Figueiredo)

A iniciativa acabou transformando a Com Amor, Dora em um espaço colaborativo. Cobrando R$ 80 pelo aluguel, além de retirar 5% das vendas, a designer consegue pagar alguns gastos. Ela também abre a loja-ateliê para oficinas, que realiza aos sábados, e acredita que isso ajuda tanto a ela quanto aos outros produtores. “O que eu tenho certeza é que eu não quero crescer sozinha, então, o máximo que eu puder dar, vou dar sem pestanejar”, conta.

Como a loja ainda é recente, Dora continua participando de feiras, o que ajuda no rendimento e na divulgação de seus produtos. “A gente aproveita para entregar cartões e panfletos. Muita gente também vem por conta das postagens do Instagram”, explica.

Dicas
Para espantar a crise, José Nilo Meira, gerente da Unidade de Acesso a Mercado do Sebrae Bahia (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), deu algumas dicas para quem já está ou quer se jogar no mercado. Confira!

União
A primeira dica é se unir, formar redes colaborativas. A partir disso, é possível realizar ações que diminuem custos, como compra de matéria- prima em grande quantidade e redução do tempo de espera para entrega. O Sebrae oferece consultoria em que empresários podem fazer parcerias desse tipo.

O livro #GirlBoss
(Divulgação)

Para ler
Para quem sonha em se dar bem no mercado, Sophia Amoruso, CEO e diretora criativa da loja virtual Nasty Gal, conta sua história em um livro. A jovem, que passou a adolescência viajando de carona, cometendo pequenos furtos e revirando lixo, narra nas 248 páginas de #GirlBoss (Editora Seoman) como conseguiu se tornar uma grande empresária. No livro, ela dá dicas de como conseguir emprego, criar seu próprio negócio e lembra da importância de confiar na intuição.

Abrace empresas amigas
Nada de olhar o outro como concorrente. Às vezes, empresas podem oferecer serviços complementares ao seu e isso só agrega valor a todas elas e oferece outras vantagens para o consumidor, gerando uma sinergia positiva.

Refletir e avaliar
É preciso olhar para o seu negócio e avaliar se o que você está produzindo é o que o seu cliente quer. Cabe aqui refletir sobre a viabilidade de seu negócio e repensar o modelo.

Aprimorar os dons
Outra dica é aprimorar o que sua empresa tem de bom e terceirizar aquilo que não é bem o seu forte, oferecendo o melhor para o cliente.

Olhos abertos
O empresário tem que estar sempre de olho em seu caixa, controlando seus custos, os gastos, olhar a empresa de forma crítica, evitar estoques demasiados.

Criatividade
Esse ponto é fundamental. Ser criativo faz toda a diferença, tira o empreendedor do lugar comum.

Correio24horas

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