Promotora nega que pediu derrubada de banheiro que gerou protesto

Duas horas de paralisação na Estação da Lapa, filas de ônibus parados, pontos cheios. A manifestação dos rodoviários, realizada na tarde desta segunda, das 15h às 17h, teve como estopim a demolição de um sanitário no fim de linha da rua Professor Sabino Silva, em Ondina, que era usado por motoristas, cobradores e despachantes.

Protesto provocou longo engarrafamento

Além da Lapa, os ônibus também pararam de rodar, também entre 15h e 17h, nos finais de linha da Fazenda Grande do Retiro, Santa Mônica, Pau Miúdo, Praia do Flamengo, IAPI, Vila Rui Barbosa, Uruguai e na própria Sabino Silva. Motoristas ficaram presos no trânsito em diversos pontos da capital baiana, o que gerou muita indignação. Mais paciência ainda precisaram os passageiros, que ficaram sem ônibus durante boa parte da tarde.“Estou há duas horas rodando no shopping porque sabia que estava tendo manifestação, por isso até agora não consegui ir embora”, reclamou a educadora social Bárbara Oliveira, 38. “Mas a reivindicação deles é extremamente importante, é um absurdo não ter banheiro”, acrescentou. “É preciso ter um lugar para fazer suas necessidades. Um banheiro! Uma coisa tão simples!”, acrescentou outra passageira Jamile Alves, 26 anos, surpresa com o motivo da paralisação. Ela também esperou mais de duas horas para conseguir pegar ônibus. Demora Na rua Professor Sabino Silva, a diarista Vera Lúcia Nascimento, 52, teve que esperar o mesmo tempo para conseguir pegar um coletivo. “Ele demora um pouco, mas hoje bateu o recorde”, reclamou ela, que chegou às 16h40 no ponto de ônibus. Apesar da revolta pela espera, ela se diz a favor da manifestação dos rodoviários. “Não existe banheiro público. Também não vai botar o pessoal para fazer as necessidades na rua. Eu mesma, que estou aqui há um tempão, estou preocupada”, afirmou. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Manoel Machado, funcionários da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo (Sucom) começaram a demolição por volta das 10h de ontem. “Não sabemos ainda qual foi a justificativa para isso. Tiraram também uns bancos de concreto que eram usados nos intervalos entre as viagens”, disse. Ainda segundo Machado, o movimento deve continuar até que sejam instalados banheiros nos terminais da cidade. “Vamos continuar com as manifestações e até fazer uma paralisação geral se for o caso. Fizemos um acordo com a prefeitura em 2009 para instalação de 32 banheiros e só colocaram oito”, apontou Machado. Ministério Público Em nota, a Sucom informou que a demolição foi realizada em decorrência de determinação do Ministério Público, a partir de denúncia dos moradores do local sobre o uso indevido do equipamento. A prefeitura de Salvador também anunciou que vai requalificar os terminais e instalar banheiros para uso dos rodoviários. O sindicato dos Rodoviáriosainda afirmou que a promotora de Justiça Hortênsia Pinho, da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo do MP, mora em um prédio em frente ao local onde estava o banheiro. “Eu moro em Alphaville, bem longe de lá. Não é pessoal”, disse a promotora, acrescentando que a decisão partiu de denúncias de moradores. Conforme o ofício enviado por ela à Sucom, os moradores queixam-se de que a estrutura está sendo ocupada de forma clandestina por ambulantes e moradores de rua, gerando intranquilidade e riscos à saúde pública”.

Promotora negou ter pedido derrubada de banheiro (Foto: Robson Mendes)

Promotora diz que pediu derrubada de móduloA promotora de Justiça Hortência Pinho afirmou, nesta segunda, que não determinou a derrubada do banheiro utilizado pelos cobradores e motoristas, mas do restante da estrutura de um módulo policial que tinha um sanitário dentro. “O Ministério Público não ordenou a demolição do banheiro, sim do módulo, que continha o banheiro.O pedido era pela demolição completa dos escombros que restaram do módulo. Acho que foi adequada a medida”, afirmou , em entrevista ao CORREIO. Segundo ela, vizinhos do equipamento contaram que moradores de rua dormiam no módulo e que apareciam ratos e baratas no local. A promotora assegurou ainda que a decisão não foi motivada por questões pessoais e disse reconhecer a importância do sanitários para os rodoviários. “É uma reivindicação legítima. Eles vão passar o dia inteiro dirigindo sem poder suprir suas necessidades fisiológicas?” E se comprometeu a convocar uma reunião entre os setores envolvidos para resolver o problema dos banheiros. Matéria original Correio 24h Promotora nega ter pedido derrubada de banheiro que gerou protesto entre rodoviários