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Os brasileiros estão cada vez mais preocupados em ter uma vida confortável na terceira idade. É o que mostram dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) divulgados recentemente. De acordo com a instituição, os brasileiros investiram 26% mais em planos de previdência privada no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo o levantamento, as aplicações somaram cerca de R$ 15 bilhões de janeiro a março de 2012. Considerando apenas os valores de março, a expansão de quase 40% em relação ao ano anterior foi recorde para o mês. Antes, os investimentos em aposentadoria complementar eram pouco expressivos, de acordo com a Fenaprevi. A pesquisa não leva em conta os fundos de pensão fechados, como os pagos por companhias estatais a funcionários, a exemplo da Previ. O arquiteto Luis Guilherme Albuquerque ainda tem 28 anos, mas já faz parte do grupo de brasileiros que se planejam para o futuro. Ele aproveitou o recebimento de uma pensão para investir uma parte num plano de previdência privada. “Como ganhei um dinheiro extra, fui convencido por uma tia a abrir esse plano. Hoje, vejo como uma reserva importante para ter uma vida mais confortável no futuro, quando me aposentar”, relata. Ele considera que seria insuficiente viver apenas com a aposentadoria paga pelo INSS. O maior crescimento no setor, de 28%, foi observado nos planos individuais, contratados pelo investidor por conta própria em seguradoras ou bancos, como é o caso de Albuquerque. Já a captação dos planos empresariais subiu 19% no período, e a de produtos para crianças e adolescentes, 14%. Nos 12 meses de 2011, as aplicações nos planos corporativos subiram mais que nos individuais, pela primeira vez na série histórica: 29% contra 14%.
PositivoPara o consultor da Planilhar Planejamento Financeiro, Erasmo Vieira, o crescimento da previdência privada entre brasileiros é uma excelente notícia. “Com isso, a gente vê que o brasileiro está se preparando mais para o futuro. A situação dos aposentados que dependem unicamente do INSS está muito difícil. Nesse cenário, é muito importante pensar no futuro para não ter dificuldades mais tarde”, destaca. No entanto, Vieira considera precipitado classificar os dados de um trimestre como uma tendência. “Mas o importante é ver que as pessoas estão se conscientizando”. O especialista recomenda que ao contratar um plano de previdência o investidor fique atento não somente às taxas de rendimento, mas também à taxa de administração, que podem variar entre zero e 5% sobre todo o patrimônio do fundo, inclusive a rentabilidade. “Se as taxas de administração forem muito altas, investir na previdência privada pode acabar não sendo vantagem em comparação com a velha e boa poupança. O ideal é que essa taxa seja de até 1%”. Vieira aconselha consumidores a pesquisarem em diversos bancos e seguradoras para verificar as melhores taxas. Especialista em previdência privada, o consultor financeiro Augusto Sabóia, da empresa Saboia Advisors, também comemorou o aumento do número de brasileiros que contrataram o serviço no primeiro trimestre. “Os brasileiros estão tendo um rendimento melhor e agora superaram a fase de consumir, consumir e consumir. No ano passado e retrasado, compraram suas bugigangas, puseram carro na garagem e estão de guarda-roupa cheio. Agora, eles estão amadurecendo financeiramente e pensando no futuro”, relata. Segundo Sabóia, as taxas de rendimento e os tipos de plano são variados, mas todos os planos se classificam em basicamente dois grupos: o VGBL, para quem não declara o Imposto de Renda, ou declara no modelo simplificado; e o PGBL, para quem declara o imposto no modelo completo. Enquanto o VGBL é ideal para profissionais autônomos, por exemplo, o PGBL é melhor para quem recebe salário ou é empresário e contribui para a previdência oficial. As maiores taxas de rendimento e as menores taxas de administração são conseguidas por clientes que pretendem investir mais, por mais tempo, assim como por aqueles que dispõem de uma quantidade maior para investimento inicial.
PoupançaA desvantagem da previdência privada em relação à poupança é a incidência do Imposto de Renda sobre esse tipo de investimento, o que não ocorre com a poupança. No plano do tipo VGBL, o desconto é de 15% sobre o rendimento anual, enquanto no PGBL a incidência varia de forma decrescente de 35% a 10%. Ou seja, quanto maior o tempo de investimento, menor será o desconto do Imposto de Renda. Em compensação, investimentos em previdência privada são considerados gastos dedutíveis na hora de declarar o IR. “O contribuinte pode deduzir até 27,5% sobre o depósito. É como se ele depositasse R$ 72 e aparecessem R$ 100 na conta”, calcula Sabóia. O especialista ressalta ainda que a poupança e a previdência privada são aplicações bem diferentes. “A poupança também é um tipo de aplicação boa, mas é melhor para fins específicos”, considera. Alguém que pretende fazer uma reserva para comprar um computador ou um carro à vista em um horizonte de três anos, por exemplo, deve optar pela poupança. Outra vantagem da poupança é a possibilidade de depositar e retirar o dinheiro aplicado a qualquer momento. No caso da previdência privada, o foco é a aposentadoria. “Todo mundo vai envelhecer um dia. Então todo mundo deve ter um plano de previdência”, aconselha Sabóia. Segundo ele, os planos só valem a pena para quem pretende investir a partir de R$ 100 mensalmente por pelo menos 10 anos. “Mas é importante ter em mente que quanto mais ele pagar, mais vai receber no futuro”.
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FuncionamentoA previdência privada pode ser contratada em bancos ou seguradoras e funciona da seguinte maneira: o cliente deve decidir quanto pretende aplicar de entrada, o tempo de investimento e o valor das parcelas que pagará mensalmente. Ao final do prazo, ele poderá optar por retirar todo o dinheiro ou por receber a quantia mensalmente em forma de salário, que podem ser pagos por um prazo determinado ou até o fim da vida. Enquanto alguns planos são “trancados”, outros permitem que o dinheiro investido seja retirado antes do prazo estabelecido inicialmente, mas geralmente isso implica na diminuição da taxa de rendimento. Em outros planos, o investidor precisa pagar uma taxa para retirar dinheiro da previdência. Hoje, a previdência privada perde em popularidade para a poupança. “O público que investe em previdência tem uma renda maior, por volta de dez salários mínimos. São pessoas que têm uma disponibilidade de reserva”, explica Sabóia. Segundo ele, a classe média emergente, ainda bastante preocupada em consumir, prefere mesmo a poupança, a queridinha dos brasileiros. O especialista defende, no entanto, que fazer uma previdência não depende de classe social. “Quem é pobre hoje deve pensar: sofro hoje, mas quero ter um conforto maior no futuro”, orienta. Apesar de também poder ser aberto em qualquer idade, o ideal é escolher um plano o mais cedo possível. “Sai mais barato para quem é mais jovem, pois o prazo para investimento é mais longo”, explica. Sabóia espera que, com as quedas das taxas de juros praticadas pelos bancos e o consequente aumento da competição entre as instituições financeiras, o rendimento da previdência privada aumente. “Ao menos isso é o que o mercado espera", assinala..
Caixa lança previdência privada a partir de R$ 35Fazer um plano de previdência é uma opção cada vez mais acessível à população de baixa renda. Na semana passada, a Caixa Seguros e Previdência deu seguimento à briga entre os bancos para atrair clientes e anunciou que os depósitos mínimos mensais nesse tipo de aplicação diminuíram de R$ 50 para R$ 35. A instituição anunciou ainda que zerou as taxas de carregamento (administração), que antes poderiam chegar a até 5%, a depender do tipo de plano. Antes do anúncio, apenas aportes a partir de R$ 100 mil tinham esse benefício. A Caixa informou, no entanto, que a isenção na taxa vale apenas para novos planos. Clientes que já têm recursos na instituição devem migrar para novos planos, com taxa máxima de 2%. Desde a primeira quinzena de abril, após o governo ter anunciado cortes agressivos nas taxas de juros nas operações de crédito por meio dos bancos públicos, instituições financeiras públicas e privadas começaram uma verdadeira guerra para atrair clientes. Depois de Banco do Brasil e Caixa, instituições privadas como Bradesco, HSBC, Itaú Unibanco e Santander anunciaram cortes em suas taxas. O anúncio da Caixa na inauguração planos de previdência privada mais acessíveis dão sequência à briga entre os bancos.