Dia 2 de Fevereiro: em tempos não tão distantes, baianos e turistas se vestiam de azul e branco, se dirigiam aos mares, a fim de regar os pés com as águas sagradas e deixar oferendas para a mãe dos peixes. O palco para celebrar o Dia de Iemanjá não poderia ser outro, o Rio Vermelho, um lugar cheio de lendas e histórias.
Em homenagem a esta dia tão especial para os soteropolitanos, o iBahia conversou com o historiador Nelson Cadena para ajudar a explicar, em meio a mitos, histórias, romances e controvérsias, o que torna o Rio Vermelho um dos lugares mais boêmios da capital baiana.
Antes de Salvador ser Salvador, o Rio Vermelho já era berço de fé, riqueza e amor. Uma das histórias mais populares sobre o descobrimento da região se passa em 1509. 40 anos antes da fundação da cidade, o português Diogo Álvares Correia sobreviveu a um naufrágio e chegou até a Pedra da Concha, próximo ao Morro do Conselho. O episódio inclusive, deu nome a um dos principais largos do bairro, Mariquita, que em tupi guarani significa naufrágio.
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Na região, familiarizou-se com os índios e recebeu o nome de Caramuru, o homem do fogo. Ele implantou um núcleo para extração de pau-brasil e apaixonou-se por Catarina Paraguaçu, com quem formou a primeira família católica do Brasil.
De acordo com Nelson, engana-se quem pensa que o bairro foi, desde sempre, bastante frequentado. A história da localidade é, desde o início, marcada pelo misticismo, que ganhou ainda mais força durante a epidemia de cólera, entre os anos de 1853 e 1855. O historiador explica que a região se localizava no subúrbio de Salvador, não existia uma estrada e o acesso se dava pelo mar ou caminhos lamacentos em trilhas curtas.
"Não era um bairro, era um balneário, um lugar para veraneio que ficou famoso pela lenda de que a água curava doenças. Durante a epidemia em 1953, os doentes eram levados para o Rio Vermelho também pelo clima favorável e pelo isolamento", completa.
Inicialmente, como um espaço de pesca e veraneio de famílias ricas de Salvador, o Rio Vermelho passou a ser um centro de referência nos esportes no começo do século 20. Em 1907, o bairro passou a ser o campo oficial do campeonato baiano. Na região, existia um coliseu, onde aconteciam competições de ciclismo, atletismo e luta livre, que inclusive foram agregados às festas de Iemanjá.
Além de 2 de fevereiro, outros festejos também ajudam a contar a história do bairro. "A alma do Rio Vermelho é as festas. Anteriormente, elas ocupavam semanas dos meses de janeiro e fevereiro. Os jangadeiros eram protagonistas dos eventos em meados de 1820, quando realizavam cortejos. Também aconteciam a festa de Santana, organizada pelos veranistas", conta o historiador.
Em 1920, passou a ter uma linha de bonde para a localidade, o que permitiu um acesso mais fácil. Era o começo da popularização do Rio Vermelho que, no século 20, passou a ser também morada de artistas, como Caetano Veloso, Gal Costa, Jorge Amado e Zélia Gattai. Com uma grande oferta de bares, restaurantes e boates, o bairro se consagra como um dos mais boêmios de Salvador, principalmente por possuir opções de lazer que agradam diferentes públicos: desde praças para a realização de exercícios, a museus, praias e parques para levar a família.
*Sob supervisão da repórter Isadora Sodré
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Redação iBahia
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