Uma policial federal morreu e outros dois policiais ficaram feridos (um federal e um civil) durante uma operação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) realizada na manhã desta sexta-feira (15), no bairro de Valéria, em Salvador. Até o momento, quatro criminosos morreram durante os confrontos.
O policial Lucas Monteiro Caribe, de 42 anos, chegou a ser socorridocom os outros dois agentes para o Hospital Geral do Estado (HGE), na capital baiana, mas ele não resistiu aos ferimentos e chegou à unidade sem vida. O velório e cremação do agente será no Cemitério Bosque da Paz, a partir das 15 horas.
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Já o policial civil foi ferido por estilhaços no olho esquerdo. Ele será submetido a uma cirurgia. O policial federal também foi ferido no rosto, mas de raspão. Ele foi atendido e já recebeu alta médica.
De acordo com a SSP-BA, dos 4 suspeitos que morreram, dois faziam parte do grupo criminoso que trocou tiros com os policiais. Os outros, horas depois, morreram em uma região de matagal, entre os bairros de Valéria e Rio Sena, durante a fuga.
Um dos suspeitos mortos se chama Uélisson Neves Brito, mais conhecido como 'Cara Fina'. Ele era um dos integrantes do Baralho do Crime. O homem tinha passagens por organização criminosa e tráfico de drogas.
A 'Operação Fauda' apreendeu dois fuzis e duas pistolas calibre 9mm. Carregadores e munições abandonados também foram localizados. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), as forças buscam por integrantes de uma facção envolvida com tráfico de drogas, homicídios, roubos, entre outros delitos.
Cerca de 100 policiais de unidades ordinárias e especializadas das forças federal e estadual participam da operação integrada. Helicópteros do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar realizam varreduras na região de Valéria e do Subúrbio Ferroviário. Do alto, os militares do Graer avaliam possíveis rotas de fuga e repassam informações para as equipes terrestres.
Informações sobre os criminosos podem ser repassadas, com total sigilo, através do telefone 181 (Disque Denúncia da SSP).
Impactos na região
O bairro de Valéria fica em um ponto estratégico da Salvador para o tráfico de drogas, segundo a polícia. Os moradores relatam que é comum confrontos entre grupos criminosos no local. A comunidade fica em uma região que margeia duas rodovias, a BR-324 e a BA-528, conhecida como Estrada do Derba. Além disso, a localidade está em um dos limites de Salvador, próximo ao município de Simões Filho, e têm uma extensa área de matagal.
Por causa da ação, um intenso engarrafamento foi formado nas regiões da Estrada do Derba, Estrada Velha de Paripe e na Avenida Afrânio Peixoto, conhecida como Suburbana. Segundo a Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob), os ônibus do transporte público da capital baiana tiveram o itinerário desviado. Os veículos que seguem no sentido BR-324 passam a trafegar pela Avenida Suburbana.
Já os que seguem sentido Base Naval, estão retornando para a BR-324 antes do local da operação policial e de lá continuam o itinerário. Houve ainda impacto social. Postos de saúde e escolas foram fechados. Veja aqui a situação na região.
Governador fala sobre operação
A FICCO foi lançada em agosto deste ano pela SSP-BA e Polícia Federal. O objetivo é de intensificar, em caráter especial, o enfrentamento às organizações e associações criminosas. A integração entre os governos estadual e federal será feita de forma pontual, caso eles entendam que exista a necessidade, como foi o caso de Valéria.
Nesta sexta, o governador Jerônimo Rodrigues apresentou novas viaturas na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador; e falou sobre as operações. Ele lamentou a morte do policial federal e ressaltou o objetivo das ações desta sexta-feira (15)
"Nós não queremos e [não] determinamos que sejam trazidos corpos. Queremos presos, para que a gente possa, a partir da prisão deles, garantir mais informações e fazer uma operação com sucesso", disse Jerônimo Rodrigues.
Ainda de acordo com o governador da Bahia, a determinação dele, do secretário de segurança Marcelo Werner, do presidente Lula e do ministro Flávio Dino é de que a polícia "não dê trégua" para os criminosos.
"Nós não queremos e determinamos que sejam trazidos corpos. Queremos presos, para que a gente possa, a partir da prisão deles, garantir mais informações e fazer uma operação com sucesso", afirmou.
A Bahia vive momento de insegurança nos últimos meses, com troca de tiros entre policiais e homens armados e apreensões de armas pesadas. No início de setembro de 2023, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, admitiu que a guerra entre facções é a principal responsável pela violência no estado.
Jerônimo Rodrigues disse ainda que o incêndio no ônibus registrado na manhã desta sexta (15), em Castelo Branco, foi uma forma que os criminosos tentaram para dispersar a atenção da polícia e da imprensa.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou que Gustavo Souza, diretor-geral da Polícia Federal em exercício, vai à Bahia para acompanhar os desdobramentos da morte do agente da PF Lucas Monteiro Caribe. Em uma rede social, Dino prestou solidariedade aos policiais:
"Minha solidariedade aos policiais federais e estaduais atingidos por tiros na manhã de hoje na Bahia, quando estavam cumprindo mandados judiciais. Infelizmente o policial federal Lucas faleceu. O Diretor Geral da PF em exercício, delegado Gustavo Souza, vai hoje à Bahia para acompanhar os fatos e estabelecer as orientações cabíveis", disse ele.
Resultados da operação
O secretário da SSP-BA, Marcelo Werner, falou sobre os resultados da 'Operação Fauda' em uma coletiva de imprensa realizada no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Ele detalhou a a atuação dos policiais. “Nós não iremos descansar e faremos todos os esforços, de forma integrada, para capturar os criminosos. Nós traremos os responsáveis por esse crime a justiça”, finalizou.
Werner também destavou a atuação do PF, que morreu na operação. "Era um colega acostumado a trabalhar com isso e já participou de diversas outras operações. Ele estava acostumado a realizar ações de alta e média periculosidade. Pra mim um amigo, um herói, que deu a própria vida nessa guerra que nós temos e vamos enfrentar. A gente precisa que todos apoiem as forças policiais para o combate as facções criminosas", disse.
Também presente na coletiva, o Superintendente Regional da Polícia Federal na Bahia, delegado Flávio Márcio Albergaria Silva, informou que a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) já demostra o alinhamento entre os Governos Federal e Estadual.
“O Governo Federal tem dado total apoio para a nossa atuação conjunta. A gente teve o apoio de uma equipe tática de Brasília que veio para essa operação e estamos recebendo o reforço de outra equipe, inclusive com a presença do nosso diretor geral, para demonstrar esse apoio do Ministério da Justiça. Estamos em uma ação conjunta e integrada no combate as facções criminosas do estado”, destacou.
*matéria em atualização
Redação iBahia
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