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SALVADOR

PM preso liderou bando que sequestrou cabeleireira no Costa Azul

Até agora, foram identificados 13 componentes do bando - cinco foram presos

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22/08/2015 às 9:15 • Atualizada em 26/08/2022 às 23:51 - há 10 anos
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O soldado Solemar Alves Campos, 41 anos, entrou na Polícia Militar da Bahia há 10 anos. De acordo com os valores da corporação, ele deveria atuar com o objetivo de evitar delitos no estado e na cidade, antes que eles sejam cometidos. No entanto, era o próprio PM quem estava dando trabalho aos colegas .Lotado na 41ª Companhia Independente (CIPM/Federação), o soldado é acusado de ter sido um dos mentores do sequestro da cabeleireira Arlethe Patez, 47 anos, que viveu 11 dias de terror em um cativeiro no município de Wenceslau Guimarães, na região Sul do estado. Dona do salão Rive Gauche, que fica no Costa Azul, Arlethe estava saindo do estabelecimento quando foi sequestrada, no dia 22 de julho.
Solemar foi preso na última quarta-feira, na sede da 41ª CIPM, por policiais do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) e da Corregedoria da Polícia Militar. Além de Solemar, também foram presos outros dois homens, acusados de participar do crime: Andresson Lopes de Oliveira, 35, que é companheiro de uma funcionária do salão da vítima, e Filipe Assis Lima, 21.“Essa quadrilha tinha duas ramificações: uma em Salvador e outra em Valença (Sul da Bahia). Solemar era o responsável pela quadrilha aqui, e Damião dos Santos, em Valença. Eles foram os articuladores do sequestro”, contou o delegado Cleandro Pimenta, do Draco. Damião dos Santos, que está foragido, já teve a prisão decretada. Outros crimes Até agora, foram identificados 13 componentes do bando - cinco foram presos, já que, no início do mês, a polícia já havia prendido o ex-pastor e mototaxista Manoel Cândido da Paz, 46 anos, e Inael Moura de Jesus, 29, conhecido como Baby. Na verdade, a coisa vai muito além da situação com a dona do salão: eles ainda são acusados de ter cometido outros sequestros no estado, tráfico de drogas e roubo de carros (veja ao lado). O delegado disse que não ficou surpreso quando soube que um policial estava envolvido com o sequestro. “Infelizmente é uma prática comum. A presença de policiais envolvidos no crime não é mais surpresa para a gente”, afirmou.

Andresson é companheiro de uma cabeleireira do salão e serviu de informante; Filipe roubou o carro do crime
Informante Apesar de Solemar e Damião terem sido os idealizadores do sequestro, a escolha da vítima ficou a cargo de Andresson, conhecido como Gordo. Era ele quem passava informações sobre a rotina do salão. “A mulher dele é cabeleireira e trabalhava lá desde abril, mas não temos nenhuma prova contra ela ainda”, afirmou o delegado Pimenta. Andresson foi, inclusive, o primeiro dos três a ser preso, na noite de terça-feira. Policiais do Draco o aguardavam, quando ele chegou para buscar a mulher no salão, por volta das 18h. “Ele estava na moto. Ela está grávida de cinco meses, disse que não tinha conhecimento, mas não podemos falar o nome dela”. Na quarta-feira, foi a vez de Solemar. Nesse mesmo dia, o corregedor-adjunto da PM, tenente-coronel Josemar Pereira Pinto, recebeu uma ligação do delegado Pimenta, dizendo que já estavam com o mandado de prisão preventiva do soldado em mãos. Isso porque, em casos de crimes envolvendo PMs, é a Corregedoria quem deve fazer a prisão. “De imediato, eu procurei o serviço reservado para que fosse até o delegado e ajustasse como eles iriam efetuar a prisão do soldado. Liguei para a companhia, que me informou que ele (Solemar) estava lá. Disse para manter ele lá, que uma guarnição nossa estava a caminho porque tinha uma situação um pouco atípica. Então, a guarnição fez a prisão com o delegado”, contou o tenente-coronel. Através da assessoria, a PM informou que um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) será instaurado para apurar o caso. O soldado já respondia a um PAD por tráfico de drogas, em 2013, registrado na área da 20ª CIPM do interior (Santo Amaro). Por conta disso, de acordo com o comandante da 41ª CIPM, major Mário Ferreira da Silva, Solemar sequer tinha uma arma no trabalho com a corporação. Ele também não trabalhava mais na rua - fazia serviços internos, apenas na área administrativa. “A polícia tem esse cuidado. Como ele já respondia um processo por ter sido flagrado com arma e drogas, jamais iríamos colocá-lo para trabalhar na rua”, garantiu o major, que assumiu a companhia no final de 2013. Nessa época, Solemar já estava lotado lá. Ainda assim, o comandante diz que não tem queixas do trabalho do soldado. “O que eu posso dizer é que ele era disciplinado. Ele não cometeu transgressão disciplinar, ele cometeu crime, que se comete em momento de fuga. É uma coisa escondida e foi descoberta através de investigação policial. Lá (na companhia), ele não dava trabalho, até porque, se desse, pelo nosso regimento, ele responderia”. O cabeça do grupo em Salvador está preso na Coordenadoria de Custódia Provisória (CCP) da PM, em Lauro de Freitas. De acordo com o corregedor-adjunto, ele só continuava na 41ª porque o PAD de 2013 ainda não foi concluído. “Temos muitas demandas e, às vezes, um processo se arrasta, por mais que se busque celeridade, pelas artimanhas que são colocadas pelos advogados”, explicou. Ladrão de carro O último a ser preso, em Pernambués, foi Filipe. Enquanto Andresson e Solemar negam qualquer participação no crime, segundo a polícia, o mais jovem teria admitido. Porém, ele diz que fez parte apenas do roubo do carro utilizado para sequestrar Arlethe, crime que teria acontecido cerca de uma semana antes. Morador de Pituaçu, assim como os outros dois, Filipe teria recebido R$ 500 de Solemar. “Ele confessou que roubava carros, mas nunca tinha sido preso”, contou o delegado Cleandro Pimenta. Tanto Filipe quanto Andresson serão conduzidos à Cadeia Pública nos próximos dias. Ao contrário dos dois acusados que foram presos no início do mês, nenhum dos três presos essa semana chegou a ter contato direto com a vítima. No dia do sequestro, Arlethe estava saindo do salão com uma funcionária, quando foi abordada por três homens em um Gol prata. “Quem levou ela foi Damião, o pastor preso (Manoel Cândido) e uma terceira pessoa chamada Vando”, disse Pimenta. De lá, Arlethe foi conduzida ao casebre com dois quartos e uma sala, sem banheiro, onde ficou por 11 dias, sob a vigilância de Inael.

Bando agia em várias cidades; 13 pessoas já identificadas Apesar de os dois braços da quadrilha que sequestrou a cabeleireira ficarem em Salvador e em Valença, no Sul do estado, o bando atuava também nos municípios de Presidente Tancredo Neves, Teolândia e Wenceslau Guimarães, também no Sul, de acordo com o delegado Cleandro Pimenta, do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco). “Nessas cidades todas, eles também traficam, roubam carros”, contou. Além disso, em julho, o grupo teria cometido outro sequestro, em Presidente Tancredo Neves. No entanto, a vítima, o filho do dono de um mercadinho, conseguiu fugir. O outro líder da quadrilha além de Solemar, Damião dos Santos (que ainda está foragido), também tem mandados de prisão em aberto no Rio de Janeiro, por ter cometido sequestros por lá. Além de Damião, outros sete membros da quadrilha também estão foragidos, incluindo um homem identificado como Vando, que teria sido um dos três que levaram Arlethe Patez ao cativeiro em Wenceslau Guimarães. Ao todo, contando com os cinco que já estão presos, 13 pessoas foram identificadas como integrantes do bando. A mulher de Andresson Lopes de Oliveira, que trabalhava no salão de Arlethe, negou ter envolvimento com o caso. A polícia não confirmou há quanto tempo o grupo já atua no estado. Vídeo mostra momento em que policiais libertam a cabeleireira No início do mês, logo após a prisão de Manoel Cândido da Paz e Inael Moura de Jesus, a polícia divulgou um vídeo que mostra o momento do resgate da cabeleireira Arlethe Patez, 47 anos, numa casa em Wenceslau Guimarães, no Sul do estado. Ela estava deitada em um quarto escuro e acorrentada a uma cama. Os policiais usaram um alicate para remover as correntes presas aos pés dela e a ampararam com uma jaqueta e sandálias. Uma arma calibre 38 foi encontrada no local, com cinco munições intactas. CASOS COM POLICIAIS 1. 15/8/2015 O soldado Jenilson da Cruz Vieira, da 40ª CIPM (Nordeste de Amaralina), é flagrado ensinando o filho de 15 anos a atirar com a pistola, em Porto Seco Pirajá. Ele é preso em flagrante por um major da Rondesp. 2. 11/07/2015 Dois PMs são acusados de estuprar uma adolescente de 17 anos em São Sebastião do Passé. Armados, eles ameaçaram a jovem, que estava grávida e acompanhada do companheiro. Foram presos em flagrante. 3. 11/2/2015 O soldado Valdemar Jesus de Oliveira, que era lotado na 70ª CIPM (Ilhéus), é autuado em flagrante por estupro de três adolescentes em Ilhéus. O policial teria convidado três meninos de 13 anos para ir até sua casa e oferecido celulares em troca de relações sexuais. 4. 2/8/2014 Geovane Mascarenhas de Santana, 22, é executado após ser colocado no porta-malas de uma viatura da Rondesp, no bairro da Calçada. Depois de uma denúncia publicada pelo CORREIO em agosto do ano passado, 11 PMs foram denunciados pelo Ministério Público do Estado. O caso está na Justiça. 5. 29/5/2014 O soldado Oliveira Santos, 45, é preso com um carro roubado, em Alagoinhas. Ele estava com um Fiat Bravo e foi autuado em flagrante.
Correio24horas

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