—Quanto é a Skol latão? — pergunta o banhista Pedro Silva, 32 anos, com os pés na areia do Porto da Barra, depois de pagar R$ 10 por uma cadeira e um sombreiro. — É R$ 5 — responde o vendedor ambulante Carlos Andrade, que usa botas para não queimar os pés durante as oito horas de trabalho na areia. — Mas lá em cima comprei de R$ 3! — questiona o cliente. — Ah, irmão! Aqui, pisou na areia, o preço sobe — responde o vendedor.
Pedro, que é turista de Minas Gerais e veio a Salvador com um grupo de amigos para curtir seu mês de férias, reclama da inflação da areia na capital baiana. “Não sabia que tinha essa diferença. Fica muito mais caro. Se não fosse tão chato ficar subindo e descendo, ia comprar lá em cima”, explica ele, que acabou comprando 20 cervejas numa sexta-feira de sol ensolarado. Gastou R$ 100. Se tivesse comprado no calçadão, teria economizado R$ 40. A diferença entre o preço cobrado pelas bebidas na areia e nos calçadões não é exclusividade do Porto da Barra. O CORREIO percorreu o trecho da orla de Salvador entre a Barra e Itapuã e identificou que alguns produtos chegam a ter uma diferença de até 100% com uma distância de venda de menos de um metro. CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO E VEJA A DIFERENÇA DE PREÇOS NA ORLA
ConfortoNa praia do Budião, em Amaralina, a vendedora Deise Barreto é o exemplo da influência da areia no preço. Ela vende o mesmo produto no calçadão e na areia com uma diferença de R$ 0,50. “Na areia a Skol é R$ 4. Se o cliente comprar no calçadão, é R$ 3,50”, informa. Ela justifica a diferença no preço pelo conforto que o cliente tem quando está na areia. “Não cobro pela cadeira. Por isso lá em baixo é mais caro”, pontua. Na mesma praia, o vendedor Luiz Carlos Badaró prefere vender os produtos na areia e no calçadão pelo mesmo preço. Porém, cobra R$ 15 para quem usar a mesa e não consumir nada do seu isopor. “Compro a caixa de Skol com 12 latões por R$ 25. Ainda tenho o custo de gelo, transporte, guardar material. É muito custo e ainda a praia está vazia porque ninguém mais quer vir sem barraca”, diz. No calor do Verão, a água mineral é um dos itens mais procurados. E é também um dos que mais possui variação de preço. Na areia da praia do Porto da Barra, a garrafa de 500ml é vendida por R$ 3. Enquanto isso, na subida das escadarias da praia, o preço é R$ 2. Conceição Souza França, vendedora ambulante que trabalha na areia há três anos, explica que a praia tem tido cada vez menos fluxo de banhistas e por isso o preço acaba subindo. “As pessoas reclamam, mas todo mundo tem noção que aqui embaixo o preço tem que ser maior pelo conforto mesmo das pessoas”, conta Conceição que trabalha de segunda a segunda. Ela diz que não pode vender com o preço do calçadão porque senão fica sem lucro. “Vendo aqui embaixo para um comerciante que vende no calçadão. Ele me dá o preço do calçadão e eu tenho que vender mais caro aqui embaixo para fazer meu lucro”. Dona de um quiosque no Porto da Barra, a comerciante Ana Nery vende a água de coco pela metade do preço do que é comercializado na areia. “Aqui a água de coco é R$ 2 gelada ou natural. Não dá pra vender mais caro. Não sei por que lá embaixo tem essa diferença. Se o cliente chegar aqui com R$ 1,80 eu vendo. A praia só anda vazia, não dá pra recusar venda”, comenta. Se você andar um pouco pelo calçadão, nas imediações do Hospital Espanhol, ainda é possível achar a água de coco mais barata: R$ 1,50.
Gelada Preferência de muitos, a cerveja gelada tem uma variação grande de preço. Na areia do Porto, a piriguete Skol (latinha) é vendida por R$ 3 a unidade. No calçadão, a vendedora Silmara Santana vende três piriguetes de Skol por R$ 6 — R$ 2 a unidade. “Lá embaixo cobram o preço mais caro porque é mais confortável. Muita gente compra aqui na minha mão, bota no isopor e leva lá pra baixo. Fica subindo e descendo para comprar porque é mais barato”, conta a vendedora que capricha no visual para atrair mais a clientela. Do isopor à caneta tudo é cor-de-rosa. “Um monte de isopor aqui em cima vende pelo mesmo preço que eu. Então botei tudo cor-de-rosa para chamar mais atenção”, explica. Entre o Jardim de Alá e Itapuã, nos locais onde há vendas de produtos tanto na areia como no calçadão, a diferença é de R$ 0,50 em todas as bebidas, sendo mais caro no calçadão. “O pessoal reclama, mas na areia tem mais conforto”, diz o vendedor Adenias Conceição, que há 5 anos vende bebidas em um carrinho no calçadão do Jardim de Alah. Só a água de coco que mantém o mesmo preço: R$ 2. Matéria original do CorreioOrla de Salvador: variação de preços entre o calçadão e a areia chega a 100%
No calçadão do Porto da Barra, o latão de cerveja sai a R$ 2,50, mas basta pisar na areia para o mesmo produto subir para R$ 4. A água de coco também inflaciona: de R$ 2 para R$ 4 (Foto: Marina Silva) |
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