A proximidade do verão baiano e das tradicionais festas populares já reacendeu o debate e a polêmica sobre o atual modelo do carnaval de Salvador. De um lado, os grupos empresariais consolidados, do outro, os blocos populares buscando seu espaço, e no olho do furacão, o poder público. Na noite de quarta-feira (12) o prefeito João Henrique, juntamente com o presidente do órgão de turismo (Saltur), Claudio Tinoco, esteve em São Paulo (SP) para o lançamento do carnaval de Salvador entre jornalistas e patrocinadores. De acordo com informações do
Terra Magazine, na ocasião, o mandatário da capital baiana expressou seu ânimo em não alterar a estrutura da folia. "Seria inimaginável nós fazermos uma intervenção mudando o modelo do carnaval", afirmou João Henrique. O prefeito disse que o papel do poder público no caso é de promover a mediação entre os interesses, de sugerir, aconselhar, mas tudo sob cautela rigorasa."Não cabe uma intervenção branca. É uma festa tão linda, vem dando certo há tantos anos", disse. Apesar da declaração, nem tudo deu certo assim. No quesito segurança, por exemplo, os dados dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) mostram que, de 2010 para 2011, houve um aumento de 2,7% nos casos de violência durante o carnaval. Foram 1.226 registros este ano contra os 1.193 em 2010. Somente os casos de lesão corporal tiveram aumento de 22%. "À medida que o poder público pode ofertar um transporte coletivo melhor, segurança pública melhor, iluminação pública melhor, ordenamento de ambulantes melhor, saúde pública melhor, claro que isso vai vender melhor a imagem da cidade, para que no próximo ano a gente possa atrair mais pessoas, aumentar a geração de empregos, aumentar a renda da cidade. Agora, nós não vamos intervir, a festa é espontânea, a festa acontece por si só. Ela aconteceria sozinha, sem o poder público", avaliou João Henrique.
Carnaval sem cordasUma das medidas apontadas pelo prefeito para tornar o carnaval mais inclusivo é a expansão dos trios sem cordas. Segundo ele, o fato de grandes artistas optarem por realizar um dia sem cordas contribuiria para uma festa mais inclusiva. Na oportunidade, João Henrique fez questão de salientar que a ausência de mudanças no Carnaval não está relacionada aos interesses supostamente intocáveis das grandes corporações, mas sim às deliberações do Conselho Municipal, que reúne sociedade civil, poder público, dono de blocos e demais setores sociais. "Existe o Conselho Municipal do Carnaval, que é deliberativo e que foi criado pela Lei Orgânica há mais de 20 anos. Eles tomam decisões e comunicam à prefeitura. Muitas das vezes nós fomos até supreendidos pelas decisões tomadas.Nós regulamos o Carnaval com oferta cada ano melhor da qualidade dos serviços públicos. É o que a gente pode fazer. A gente procura conviver harmonicamente com o Conselho, mas sempre respeitando a sua autonomia", finalizou.