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Mulher achou passarinho em Fanta |
Olha, dona Ana. Não fique triste, não. A gente vai arrumar uma gaiola pra ele”, brinca o amigo Nei, sem conseguir esconder o sorriso. Desde que almoçou na Churrascaria O Gauchão, no Cabula VI, na última terça-feira, a professora Ana Cristina França Costa, 44 anos, quase não come. Pudera: ao pedir um refrigerante ao garçom do estabelecimento, ela encontrou um passarinho dentro da lata. “Foi horrível”, conta. A professora estava acompanhada do comerciante Wedinei Rocha e de um colega dele. Ambos pediram Coca-Cola. Ela preferiu Fanta. Tomou boa parte do conteúdo antes de perceber que algo estava errado. “A cor tava diferente. Tinha uns pontinhos pretos dentro do copo. Aí sacudi e percebi que havia algo lá dentro”, descreveu. Ao virar a lata, apareceu a cabeça do bicho, já morto e com o papo laranja. “Aí corri para o banheiro e botei tudo pra fora”, conta. Do gerente do restaurante ao garçom que serviu dona Ana, todos afirmam que a lata estaria lacrada ao ser levada para a mesa. “Eu vi na hora que o garçom abriu e serviu a latinha na frente de todos. A Cola-Cola (que é a proprietária da marca Fanta) deveria se preocupar mais com seus produtos. É constrangedor”, disse o mâître do Gauchão, Jorge Moreira. A professora prestou queixa no dia seguinte na Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon), no Centro. A delegada Idalina Moreira enviou a lata de refrigerante para a perícia, que tentará identificar como o passarinho foi parar ali. O resultado sai em 30 dias. Proprietário, garçom, mâître e gerente do Gauchão, além de outras testemunhas, vão depor. O responsável pode responder pelo crime de comercialização de produto impróprio ao consumo, previsto no Artigo 9ª da Lei 8.137/90. O diretor industrial da Coca-Cola no Nordeste, Sidnei Leite, considerou “extremamente improvável” que a lata tenha sido embalada com o passarinho dentro. Descrevendo toda a linha de produção dos refrigerantes fabricados em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, Leite explicou que, além de sofrer um mínimo contato humano, as latinhas são submetidas a equipamentos que identificariam objetos estranhos em seu interior. Antes de chegarem à sala de enchimento, diz Leite, as latas, por sucção de ar, são transportadas de forma suspensa. “Se tiver algo dentro, ela cai imediatamente”. Já na sala de enchimento, as latinhas são submetidas à pressão positiva. “Nada sai ou entra naquele espaço. Isso tudo em uma produção de mil latinhas por minuto. É praticamente impossível alguém parar e colocar um passarinho”.