Como o próprio nome já diz, a faixa solidária, que estreou ontem na orla de Salvador, entre a Boca do Rio e o Sesc Piatã, deveria estimular a carona e beneficiar motoristas que seguiam em direção ao Centro – desde que o carro fosse ocupado por mais de uma pessoa. Leia também Segundo dia de Faixa Solidária tem trânsito tranquilo na Orla Mas, no mundo dos espertalhões, não foi bem o que aconteceu. Apesar de ter facilitado a vida de quem a usou, o benefício de atravessar o trecho em cerca de cinco minutos, por conta do tráfego livre, atraiu também quem não tinha direito.
“Não vi muitos motoristas solidários, não. Vários carros passando apenas com o motorista; nenhum outro ocupante. Que tipo de controle está sendo feito?”, questionou a professora Roberta Rodrigues. “Eu entendo que hoje foi o primeiro dia e que toda mudança requer tempo de adaptação. No entanto, uma medida como essa requer controle”, completou. Para Roberta, a proposta da Transalvador acabou se perdendo em meio às invasões. Inicialmente, a faixa solidária funcionaria de segunda a sexta, das 6h às 9h. Porém, ontem, quando um longo congestionamento se formou no sentido Itapuã, a faixa foi desmontada às 8h — o que voltará a acontecer a partir de agora, segundo foi decidido pela Transalvador após reunião de avaliação do primeiro dia, realizada ontem à tarde. Quando a medida foi anunciada, em maio deste ano, a prefeitura declarou que a entrada na faixa seria fiscalizada e que multaria os motoristas que utilizassem a alternativa fora das condições estabelecidas. A multa é de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira, por desrespeito à sinalização horizontal; e R$ 127,69 e cinco pontos na carteira, por desrespeito ao agente de trânsito. Para o coordenador de tecnologia Sakae Fukumaro, 29 anos, que usou a faixa na manhã de ontem, levando a mãe de carona, a ideia foi proveitosa. “Eu atravessei a orla em sete minutos. Faço esse trajeto todos os dias e, a depender do horário, levo até mais de uma hora”. Apesar disso, ele acredita que a falta de educação pode atrapalhar. “Tinha bastante motorista sozinho e um monte de carro da Transalvador, mas se eles forem parar o carro antes para ver se tem mais de uma pessoa ou não, vai causar congestionamento antes de entrar na faixa”, disse. Diante das queixas, o secretário de Urbanismo e Transporte de Salvador, José Carlos Aleluia, disse que deve elogiar a população. “A maioria fez (a carona solidária). Podemos dizer que 90% que usaram a faixa estavam fazendo o transporte solidário e apenas 10% não”, afirmou. Com relação aos infratores, Aleluia disse que serão adotadas as medidas cabíveis: “Serão autuados por circular em local proibido”. Ainda assim, o diretor de Trânsito da Transalvador, Marcelo Corrêa, disse que não haverá punições nesse primeiro momento. BonecasNão foi só na rua que o pessoal reclamou da confusão gerada pela faixa solidária. No grupo Trânsito Salvador, no Facebook, o assunto foi motivo de dezenas de postagens, principalmente durante a manhã de ontem. Além de reclamar do engarrafamento para quem seguia no sentido Itapuã, muita gente criticou o jeitinho dado por quem invadiu a faixa. No Twitter, a carona solidária virou até piada e houve quem sugerisse o uso de bonecas infláveis para simular a carona. O secretário José Carlos Aleluia disse que quer passar uma mensagem cultural: “Os pais devem fazer transporte solidário para levar o filho à escola, os colegas de trabalho também. O carro só com uma pessoa é um objeto antissocial, uma agressão à cidade e um egoísmo social”. Na internet, há sites que ajudam os “caroneiros”. O Carona Solidária (www.caronasolidaria.com.br) foi desenvolvido por estudantes de Marília (SP). Lá, os usuários podem visualizar as rotas de caronas oferecidas através da integração com o Google Maps. O portal Caroneiros (www.caroneiros.com), que cadastra pessoas em todo o país, diz que a carona “é uma forma de fazer economia nos deslocamentos, reduzir o trânsito e a poluição”. Pelo mundo O conceito da faixa solidária já é adotada em outras cidades no país e no mundo. É o caso de Brasília. A internauta Selene Fernandes disse que o sistema funciona muito bem na capital federal e que Salvador sofre também pela falta de educação no trânsito. “Aqui em Brasília tem faixa solidária nos dias úteis, de manhã em direção a Planaltina e à noite em direção a Brasília e funciona superbem”, disse. Em São Paulo, a carona solidária é estimulada por programa que alcança servidores da Câmara de Vereadores. O projeto de lei do vereador Aurélio Nomura (PSDB), aprovado no ano passado, libera o tráfego em faixas exclusivas da cidade para veículos com três ou mais pessoas. A medida é comum em cidades dos Estados Unidos, Canadá e países da União Europeia. Matéria original do Correio Mudança na orla só garante trânsito bom na pista com mão invertida
Faixa invertida livre e engarrafamento para Itapuã: no primeiro dia da mudança, problemas em sentido contrário |
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