Baianos vestidos de branco, jogando flores ao mar. A cena típica do 2 de Fevereiro ganhou novos significados na manhã deste sábado (22), na praia do Farol da Barra. O mar ainda acinzentado e o céu cor de chumbo viram, no lugar da reverência à “Rainha do Mar” do sincretismo local, a Marinha do Brasil realizar uma homenagem aos marinheiros brasileiros que perderam suas vidas em serviço, em tempos de guerra.
A entidade promove o ato, anualmente, em diversos pontos do país, por ocasião do aniversário do naufrágio da Corveta Camaquã, ocorrido em 21 de julho de 1944, na costa do Recife (PE), onde morreram 33 marinheiros. Mas, pela primeira vez em Salvador, a solenidade pôde ser acompanhada de terra firme. Do Forte de Santo Antônio, na Barra, entre tiros de fuzil e toques militares, autoridades das Forças Armadas e convidados assistiram à cerimônia da qual participaram seis navios. De um deles, uma corbélia de flores foi colocada na água e pétalas foram lançadas do helicóptero Graer da PM.
“A importância de Salvador para a esquadra brasileira é inequívoca. A Marinha tem uma relação muito forte com a Bahia desde as lutas pela independência. O batismo de fogo da esquadra brasileira foi aqui juntamente com João das Botas, no 2 de Julho de 1823”, afirmou Almir Garnier Santos, vice-almirante, comandante do 2º Distrito Naval.
As homenagens não se restringiram aos militares e à Segunda Guerra Mundial, no qual o país perdeu 486 marinheiros e três navios. No mesmo período, também foram registradas baixas de 30 navios mercantes e um pesqueiro; 982 pessoas, entre passageiros e tripulantes, morreram. “As pessoas que perderam suas vidas defendendo um ideal, seja da marinha de guerra, seja da marinha mercante que nos traz os alimentos, precisam ser reverenciadas por todas as gerações. No futuro, isso poderá ser visto como a gente reverencia o 2 de Julho e as batalhas que aconteceram aqui pela independência do Brasil na Bahia”, completou Garnier.
Com quase 40 anos de Marinha, Sargento Ramos foi um dos que acompanharam a cerimônia. “Perdi companheiros no mar, na década de 1960. É um sentimento que vira aprendizado e toca a gente para toda a vida”, comenta o militar da reserva.
Já Jones Mário, fotógrafo e relações públicas da Associação Ex-Combatentes do Brasil em Salvador, se emocionou no evento ao lembrar das histórias contadas pelo pai, um ex-combatente do Exército brasileiro na 2ª Guerra Mundial. “Ele contava muitas histórias, que a gente até achava absurdas, mas podem ter realmente acontecido”.
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Redação iBahia
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