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SALVADOR

Moradores de áreas de risco temem chegada do tempo chuvoso a Salvador

Sem ter para onde ir, a maioria depende do Poder Público, mas a maior parte das obras de contenção de encostas está paralisada

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19/03/2012 às 7:23 • Atualizada em 27/08/2022 às 18:42 - há XX semanas
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As águas de março já começam a fechar o Verão, anunciando a aproximação do Outono chuvoso em Salvador. Há quem lamente o distanciamento dos dias de sol e praia, mas, para cerca de 100 mil soteropolitanos que moram em áreas consideradas de risco, essa não é nem de longe a maior preocupação. A Defesa Civil (Codesal) contabiliza 540 áreas ou ainda 2.100 pontos de riscos na capital. Segundo o subsecretário do órgão, Osny Bomfim, nesta segunda (19) deve sair o decreto municipal que estabelece a Operação Chuva deste ano, que inicia no dia 1 de abril e vai até julho, com possibilidade de prorrogação. Nos meses de abril, maio e junho, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que o volume de chuva, em Salvador, chegará a marca de 326.2, 349.5 e 251 mm, respectivamente. O índice fica próximo ao dos anos anteriores quando houve 331, 304 e 277 mm. “Está dentro da média climatologia dos últimos 30 anos”, valia a meteorologista Cláudia Valéria Silva, do INMET. Apesar de estar na média, quem está na área de risco torce para que o quadro do ano passado se repita. “Em 2011 o volume da chuva também foi dentro da média climatologia, mas foi bem distribuído durante os dias. A chuva não é necessariamente vilã. Depende da variação. Se chove o que espera para o mês em um ou poucos dias, os prejuízos são maiores”, diz Osny Bomfim. Entre 2005 e 2012 a prefeitura construi 78 contenções de encostas, um investimento de R$ 140 milhões oriundos da União, segundo a Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop). As obras chegaram em lugares como a Avenida Gal Costa, na altura de Pau da Lima; Rua Marotinho, na Estrada Velha do Aeroporto; na Rua Luis Anselmo; Beco do Cirilo, na Estrada da Rainha e no Alto de Ondina. Atualmente, apenas uma construção de contenção está em execução na cidade, na Rua Futuro do Tororó, no Tororó. Enquanto isso, 27 obras de contenção prometidas estão paradas. Outras quatro contenções foram iniciadas, mas os trabalhos pararam segundo relatório da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Setin). Para cada obra, está previsto o repasse pelo governo federal, em média, de R$600 mil. A demora no processo se deveria à não liberação das verbas e a questões técnicas. O repasse de R$ 22,8 milhões foi autorizada no ano passado pelo então ministro das Cidades, Mário Negromonte, mas é preciso que a CEF realize uma avaliação técnica para viabilizar o investimento. Além das contenções, e da distribuição das lonas, faz parte das ações preventivas a limpeza de canais, de rede de micro drenagem, poda de árvores e limpeza de encostas. Mas moradores de pontos críticos ainda reclamam da falte de ações nos seus bairros.
Moradores de áreas de risco temem chegada do tempo chuvoso a Salvador
PreocupaçãoDesde que nasceu, Joseval São Pedro, 29 anos, sabe o que morar sob o risco de uma encosta. “É triste a gente não ter condições de ir para um lugar melhor e nunca ver melhoria nenhuma chegar”, lamenta. Quando a chuva dá sinal no telhado de sua casa, na Travessa Maria José Gonçalves, em Pau da Lima, Joseval já sabe que aquele será um dia de medo E, há ´cerca de um ano, a preocupação dele aumentou. “A casa do meu compadre, na rua de cima, desabou. Ele não conseguiu salvar nada, só as roupas do corpo. Isso faz com que o nosso medo aumente”, contou. “Vai chuva e vem chuva e ninguém aparece aqui para ver nossa situação. Um vizinho sempre consegue lonas pra gente, mas apareceram aqui antes que um desastre aconteça nada, só as eleições estando chegando”. A preocupação de Joseval é que o barro que tem acima de sua casa ceda. Já a de sua vizinha, Ana Edite Pereira da Silva, 60, é que a casa dela acompanhe o barro e posso esbarrar na casa de Joceval. Ana Edite conta que, junto com os dois filhos que moram nas casas ao lado, tentam minimizar o perigo, fazendo a limpeza regular do local. Ela reclama da dificuldade de acesso e saída do local, principalmente no período da chuva. “Meus netos mal pódem ter lazer direito, fica perigoso, o barro é escorrega”. Em São Marcos, a técnica de enfermagem Ana Conceição Sousa, 57 anos, espera que não se repita o susto que teve em janeiro. Quando dormia com o neto, a casa foi invadida pelo barranco que fica ao lado do imóvel. A encosta tem sinais de rachadura e a lona, colocada pela Codesal na época do acidente, já está danificada, por causa do forte vento. Solo“Historicamente, as chuvas castigam alguns pontos do Subúrbio Ferroviário, como Paripe, por causa do solo massapé, onde a possibilidade de escorregamento é maior, mas principalmente o miolo da cidade, onde tem maior número de ocupações desordenadas, próximo a canais, córregos e encostas", diz Osny, citando Pau da Lima, Fazenda Grande, Castelo Branco. Mas as obras irregulares e sem cuidados técnicos não param. É na divisa entre Pau da Lima e Jardim Cajazeiras que, nas ultimas semanas, Nivia Silva do Nascimento, 26, usa as tardes para tirar o barro que fica em volta em sua casa, atualmente com dois cômodo. Ela sonha em ampliar em mais três cômodos e para isso cava encosta para alargar o terreno. “A gente sabe do perigo, mas o pedreiro disse que se fizermos uma carreira de bloco dobrada mais outra parede não teremos problema”, explica. Santo Antônio já com problemas Antes mesmo do período chuvoso chegar, o bairro do Santo Antônio Alem do Carmo já sofre com os prejuízos. Há quatro meses parte de uma encosta cedeu e uma casa foi engolida. Ainda este mês, as casas condenadas pela Defesa Civil de Salvadorserão demolidas. Pelo menos é o o que garante o subsecretário Osny Bomfim. “Estamos orientando para que as pessoas entenderem o risco que correm. É uma área onde o solo oferece perigo, por causa das rochas fraturadas, uma falha geológica”. Apesar das ações de prevenções que o órgão afirma fazer articulado com outras instâncias municipais, os moradores da região dizem que os acordos não estão sendo cumpridos. “Iniciamos o diálogo com a Conder e com a Codesal ainda muito lento e muito moroso esse processo. Estava previsto ações paliativas, como recolher lixo, conversar com as pessoas sobre os riscos, mas nada aconteceu passado um mês do acordo”, diz a arte-educadora Ivanildes Sena,43 anos, que há 10 mora no local. Ivanildes já deixou o lugar mas conta que muitos dos seus vizinhos permanecem por falta de condições. “A ajuda de custo que oferecem é de R$ 150, que não dá para alugar uma casa. E ainda a burocracia é grande, desde novembro, só recebi este mês a ajuda”, reclama. Escadas que dão acesso a localidade, também conhecida como Chácara Santo Antonio, estão rachadas e lixo se acumulam. No inicio do mês, um incêndio atingiu o local. O morador Carlos Rodrigues de Machado, 45 anos, conta: “Primeiro tive que sair de casa porque a Defesa Civil condenou depois do deslizamento. Fiz um novo barraco e ele pegou fogo. Agora, só tenho meus documentos”. Áreas de maior risco Final de linha de São Marcos São Caetano Pau da Lima Tancredo Neves Sussuarana Fazenda Grande do Retiro Caixa D’Água Capelinha de São Caetano Castelo Branco Liberdade

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