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SALVADOR

Moradores da Baixa do Fiscal são treinados para evacuar área

No próximo dia 30 deve ser a vez do Bom Juá, onde outras quatro pessoas foram vítimas fatais dos deslizamentos em 2015

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10/04/2016 às 9:57 • Atualizada em 01/09/2022 às 12:45 - há XX semanas
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A professora Dulce Maria dos Santos, 65 anos, lembra bem do dia 10 de maio de 2015. Em pleno Dias das Mães, quatro pessoas morreram na Rua Coronel Pedro Ferrão, na Baixa do Fiscal, onde ela mora, devido a um deslizamento de terra provocado pelas fortes chuvas que caíram na cidade.
“Não é chuva de um ou dois dias que causa isso. É a chuva constante. Eu já sei quando vai acontecer e saio logo de casa. Antes, ele duvidava e não queria sair. Agora, já viu que acontece e é horrível”, conta, referindo-se ao comportamento do marido, Edvaldo Oliveira, 75, quando a chuva começa a cair forte.
Foi para que pessoas como Edvaldo, assim como outros moradores da região, saibam o que fazer numa situação dessa que a prefeitura realizou, na manhã de ontem, o primeiro simulado de evacuação de área de risco em Salvador. Outras simulações ainda estão previstas, nas áreas que foram mais afetadas pelas chuvas do ano passado. No próximo dia 30 deve ser a vez do Bom Juá, onde outras quatro pessoas foram vítimas fatais dos deslizamentos em 2015. Ao todo, 22 pessoas morreram no ano passado em decorrência das chuvas. Ontem, o treinamento foi acompanhado pelo prefeito ACM Neto, que reforçou que foi a primeira vez que a prefeitura realizou ações preventivas e de conscientização das comunidades. Ele ainda fez um apelo à população: “A cidade se preparou como nunca para as chuvas. Começamos a Operação Chuva em fevereiro – sempre era no final de abril. Porém, o risco existe. Ninguém pode prometer que, se houver uma chuva forte, não haverá deslizamento. Por isso, faço o apelo às pessoas para que tenham consciência que só há um caminho: evacuar, deixar suas casas”, pediu o prefeito, dirigindo-se à população. TreinamentoAo ouvir o barulho das sirenes, as pessoas realmente saíram de casa – incluindo o marido de dona Dulce, o aposentado Edvaldo. Com a ajuda do Corpo de Bombeiros, ele foi o primeiro a deixar o imóvel onde mora com a esposa, a mãe dela, a filha e dois sobrinhos. “Acho que vai dar tudo certo”, dizia, concordando com a cabeça. Já Dulce, bastante emocionada, precisou ser amparada por técnicos da Defesa Civil de Salvador (Codesal). “Ô, minha filha. Ano passado foi horrível. Só de lembrar agora chegou a dar dor de cabeça”, explicou, antes de sair da casa, logo após a mãe, dona Georgina, 90. Durante o treinamento, servidores da Codesal e de outros órgãos da prefeitura, além de voluntários, chamavam os moradores para que saíssem dos imóveis. Em seguida, indicavam qual o caminho que eles deveriam seguir até chegar a um local seguro. Em poucos minutos, todos já tinham saído de suas casas. Para a Baixa do Fiscal, foram indicados três pontos de encontro, a partir de três diferentes rotas de fuga, de acordo com o diretor-geral da Codesal, Álvaro da Silveira Filho. Quem saísse da Rua Pedro Ferrão e da 1ª Travessa São Domingos deveria seguir até o Largo São Domingos. Já os moradores da Rua São José foram encaminhados à Praça Capitão Salomão. Por fim, moradores da 1ª Travessa Graciosa, da Avenida Álvaro, da Rua São Lourenço e das travessas São Lourenço foram levados à Praça da Graciosa. Para Filho, quanto mais preparada a comunidade estiver para uma saída ordenada, melhor. “Foram traçadas rotas de fuga, colocando um ponto de encontro para que os técnicos façam o destino do abrigamento dessas pessoas, cadastro social e o que for necessário. O importante é que a pessoa tenha consciência da necessidade de sair do imóvel na situação de risco, porque o imóvel pode vir abaixo”. Também moradora da Pedro Ferrão, a estudante de Radiologia Laíse de Jesus, 22, foi uma das que se deslocaram até o Largo São Domingos. “Moro bem na área de risco. Ano passado, a gente perdeu pessoas amigas em segundos. É muito perigoso e eu sou medrosa. Quando começa a chover, eu pego minha pista e vou embora”. Cerca de 170 moradores participaram da simulação, que mobilizou mais de 200 pessoas, entre técnicos e voluntários. SirenesA diferença é que, ontem, na simulação, as sirenes que os moradores escutaram foram de uma ambulância do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) e de motos da Guarda Municipal. Numa situação real, as pessoas devem ouvir o barulho de uma sirene disparada pela Codesal como parte de um sistema de alerta. Segundo o secretário de Infraestrutura e Defesa Civil, Paulo Fontana, o equipamento é conectado a um pluviômetro automático. “Se, em até 72 horas, chover 80 milímetros e houver possibilidade de mais chuva, o pluviômetro é ativado”. Os sensores devem ser instalados este mês na própria Rua Coronel Pedro Ferrão, além das Ruas Henrique Mamede (Alto da Terezinha), Henrique Marques (Bom Juá) e Baixa de Santo Antônio (São Gonçalo). O investimento foi de R$ 4 milhões. Todos os sistemas devem estar funcionando em maio. Agora, na Coronel Pedro Ferrão, a encosta que desabou está coberta por uma lona. Segundo o prefeito, a obra ficou a cargo do governo federal, que não liberou a verba. Nenhum representante dos Ministérios da Integração Nacional e das Cidades foi localizado.
Correio24horas

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