Uma geração de foliões que não conviveu com a AIDS, mas precisa se proteger. Esse é o principal público da campanha de prevenção do Ministério da Saúde (MS), lançada na manhã desta terça-feira (21), em uma entrevista coletiva no Museu Du Ritmo, no Comércio. Com o slogan “No Carnaval, use caminha e viva essa grande festa”, a campanha inclui a distribuição de preservativos em todo o país.
No Brasil, de acordo com o MS, serão 77 milhões de preservativos entregues a quem for curtir as festas carnavalescas – desse total, 74 milhões de caminhas masculinas e três milhões de feminina. “Nós sabemos que durante o Carnaval as pessoas ficam mais soltas e têm mais sexo eventual, casual. Mas o importante é que a campanha é o ano todo, distribuímos camisinhas o ano todo em toda a nossa rede”, afirmou o ministro Ricardo Barros, durante o lançamento.
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Só em Salvador, durante toda a folia, serão distribuídos dois milhões de preservativos. De acordo com o prefeito ACM Neto, haverá uma estrutura especial para a entrega das camisinhas: a cada um quilômetro do circuito, vai ter uma unidade de saúde onde os preservativos poderão ser distribuídos gratuitamente.
“Além disso, vamos ter duas unidades do Fique Sabendo, uma na Barra e outra na Rua Carlos Gomes, que vão permitir os exames de sífilis, HIV e todas as hepatites em tempo rápido. A pessoa se dirige a essas unidades e, de lá, já sai sabendo se deu positivo ou negativo. Caso dê positivo, a prefeitura já vai dar continuidade para fazer o atendimento a essas pessoas”, garantiu o prefeito. O tratamento, segundo ele, inclui tanto o atendimento médico quanto psicológico.
Segundo o Ministério da Saúde, menos jovens usam camisinha do que usavam há alguns anos. Em 2004, o índice dos que diziam que usavam preservativo com parceiros eventuais era de 58,4% entre os de 15 a 24 anos. Já em 2013, o percentual era de 56,6%. Além disso, 35,6% dos adolescentes com idades entre 13 e 17 anos admitiram não ter usado preservativo em sua primeira relação sexual.
A falta do hábito de usar camisinha tem provocado impacto direto no número de casos de HIV entre os jovens. Ainda de acordo com o órgão federal, na faixa etária dos 20 a 24 anos, o número de casos passou a ser de 21,8 para cada 100 mil habitantes em 2015, contra 15,6 em 2006.
Além disso, cerca de 260 mil pessoas no Brasil têm o vírus HIV e não estão em tratamento, enquanto outras 112 mil sequer sabem que tem o vírus. O ministério estima que sejam 40 mil novos casos por ano. “É porque os com mais idade viram Cazuza morrendo, Freddie Mercury morrendo de AIDS. E hoje tem um tratamento gratuito e muito eficiente. As pessoas não estão mais morrendo de AIDS, mas perdem muita qualidade de vida. É preciso que a população entenda o risco que envolve a transmissão o vírus e se proteja”, afirmou o ministro Ricardo Barros.
Apoiador da campanha, o músico Carlinhos Brown participou do lançamento. “Não é possível que esse índice de 40 mil pessoas por ano continue existindo. É necessário tirar essa vergonha, assumir que isso está acontecendo e cuidar do outro. É no Carnaval que a gente fala, mas para que a gente siga falando disso o ano inteiro”.
Outras doenças
Ao todo, a Bahia deve receber cerca de 10% do total de preservativos destinados ao Brasil – ou seja, cerca de 7,7 milhões de camisinhas, segundo o secretário estadual da Saúde, Fábio Villas-Boas. E, como destacado pelo secretário, o uso do preservativo não protege somente contra a AIDS.
“A sífilis é uma doença que tem aumentado sua incidência na população e as pessoas não têm prestado atenção nisso. As mulheres estão engravidando e passando sífilis para os seus filhos, a incidência de sífilis congênita tem aumentado. Outro ponto é a incidência elevada de gestação na adolescência. A camisinha não previne apenas ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), mas gravidez indesejada”, destacou.
Apesar de o tema da campanha ser a prevenção contra as ISTs, o ministro Ricardo Barros ainda comentou sobre outro problema: a febre amarela, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti – o mesmo da dengue, zika e chikungunya. “Nós já distribuímos mais de 10 milhões de vacinas extras porque a vacinação de febre amarela no Brasil é do calendário de vacinação regular e os prefeitos têm nos apoiado. Temos conseguido fazer uma grande cobertura vacinal naqueles municípios no entorno da Zona da Mata de Minas Gerais e no Sul da. Devemos agora ter uma queda no número de notificações”, garantiu.
Uma dica para o folião é não deixar de usar repelente, como sugere o infectologista Antônio Carlos Bandeira, coordenador do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Aliança. “É importante durante o dia sair passar o repelente principalmente (os que são) à base de icaridina, que dá mais garantia de seis a oito horas. Zika, chikungunya e dengue não deixou de ter, então é bom que as pessoas saibam que precisa ter essa garantia de proteção”.
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Redação iBahia
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