Quanto mais pertinho do cliente, melhor. É justamente esta estratégia que tem tornado o mercado de bairro um bom negócio, mesmo em tempos difíceis para o varejo. É o que aponta uma pesquisa inédita realizada pela Associação Baiana de Supermercados (Abase), que mostra que o varejo em Salvador e Lauro de Freitas é formado basicamente por pequenos negócios. Das 2.862 unidades em operação, 91,86% são lojas com até dois balcões de pagamento. A pesquisa será apresentada e debatida a partir de hoje durante o 39º Encontro Baiano de Supermercados, que irá reunir varejistas e fornecedores do setor (veja na coordenada ao lado). “Os mercados de bairro formam o setor do varejo que menos sofreu os impactos da crise. Eles possuem uma agilidade muito maior de operação e conseguem se adaptar com mais rapidez às mudanças no comportamento de consumo da sua clientela”, assegura o presidente da Abase, João Cláudio Nunes.
Histórias como a do mercadinho Panille, localizado no Dois de Julho, Centro de Salvador, exemplificam a tese de Nunes. A necessidade de garantir a sobrevivência do negócio fez com que o proprietário do estabelecimento, José Willian Júnior, ampliasse o mix de produtos. “Senti que o cliente queria também a oferta de padaria própria”, conta. O desafio atual é manter a clientela. “A primeira estratégia foi reduzir custos. Assim, a gente conseguiu manter o preço e não perder o cliente”. O malabarismo do empresário rendeu um crescimento de 15%, na comparação com o mesmo período do ano passado. “A gente aposta no corpo a corpo com o consumidor. É isso que faz dar certo”. O dono do Mercadinho Mix Bahia, Josué Teles, também conseguiu vencer a cautela do consumidor. O estabelecimento fica em Vilas do Atlântico (Lauro de Freitas) e recentemente foi ampliado. “Quando o cliente gosta, ele é fiel e faz da loja a extensão da sua casa. Por isso ainda conseguimos aumentar o nosso faturamento em pelo menos 5% depois dos investimentos que foram feitos com a ampliação”.Atendimento Segundo o analista do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e gestor do Projeto de Varejo e Alimentos, José Soares, o empresário que fidelizar o cliente e inovar no serviço vai ter muitas oportunidades. “A forma como o cliente é atendido é fundamental. O mercadinho precisa inovar no serviço e conhecer muito bem o bairro e o consumidor”. De olho nessa tendência, a secretária Bárbara Rocha está prestes a se aposentar em janeiro e já planeja montar um mercadinho no bairro da Graça no início do próximo ano. Ela estima um investimento inicial de R$ 20 mil até que o mercado seja inaugurado. “No momento, estou fazendo a reforma do ponto e estudando as demandas do local, conversando com moradoras para pensar a oferta de um mix de produtos que atendam esta necessidade”, afirma.
O dono da Panille, José Willian Junior, ampliou a oferta de produtos |
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