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SALVADOR

'Me acham louco, depois concordam comigo', diz Marcell Moraes

Eleito deputado estadual com 35.771 votos, o então vereador fala sobre as polêmicas que envolvem seus projetos

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29/10/2014 às 11:43 • Atualizada em 27/08/2022 às 4:59 - há XX semanas
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Líder da bancada do Partido Verde na Câmara Municipal de Salvador, o ambientalista Marcell Moraes concedeu entrevista ao iBahia e falou sobre a polêmica que envolve seus projetos de lei e eleições. Em 2015, Moraes assume uma das 63 cadeiras na Assembleia Legislativa do Estado e diz que pretende "estender seus projetos", por todo estado, a exemplo da proibição das vaquejadas e o programa "Cavalo de Lata", projeto que prevê o "uso consciente" dos animais que transportam material reciclado dos catadores de lixo. Confira a seguir: iBahia: Na última eleição, o senhor elegeu-se deputado estadual com 35,771 votos. Ao que atribui esse resultado? O que o vereador vai fazer de diferente, agora na Assembleia? Marcell Moraes: Eu não esperava esse resultado. Somente em Salvador, eu tive 25 mil votos e, olhe que eu não sou nem daqui, sou de Ruy Barbosa. Eu sou o primeiro ambientalista da Assembleia, é um comprometimento muito grande. O vereador fica muito restrito a Salvador e eu tenho muitos debates. A ideia do mandato é colocar a defesa dos animais em expansão. Todo ser indefeso eu gosto de defender, eu gosto de defender idosos, crianças e eu fui eleito com essa bandeira.iBahia: Em outubro, após ser eleito, o senhor deu uma declaração de que será o "ecochato" da Assembleia Legislativa. O que seria um "ecochato"? Não teme retaliações na Casa?Marcell Moraes: Eu sou o primeiro ambientalista da Assembleia e sou a favor do progresso consciente e eu serei um deputado ambientalista. Eu não temo retaliações, eu gosto de desafios. As pessoas querem um deputado atuante, que leve um diferencial. Eu nunca faltei a uma sessão. A minha bandeira é essa... a dos animais e do Meio Ambiente. iBahia: O que o senhor achou do resultado das eleições? O Partido Verde saiu fortalecido?Marcell Moraes: É bom o ver o sentimento da sociedade em ver um protetor de animais na Assembleia, tive uma votação expressiva na capital. Para mim, foi uma surpresa a eleição de Rui Costa para governador. Eu apoiei Paulo Souto, mas torço pelo país. Fiz oposição, mas sou um parlamentar sem lado, eu sou do lado do correto. Todo tipo de oposição tem que ser com seriedade. Eu desejo que Deus ilumine a nova presidente e todo tipo de disputa tem que acabar. Olhe, o Partido Verde vem crescendo, já temos dois deputados na Assembleia e pretendemos fazer blocos de atuação na Casa.iBahia: Quais nomes do Partido podem ser lançadas à candidatura municipal? Marcell Moraes: Por enquanto, eu posso dizer que deixo o meu nome à disposição e do deputado Ivanilson Gomes, que já tem um quadro histórico. Mas é preciso analisar. Na política, nada é fixo. É uma possibilidade.
Eleito deputado estadual em outubro, Marcell Moraes fala sobre seus projetos
iBahia: Em julho deste ano, o senhor fez uma declaração polêmica - ("Quero dar prejuízo aos veterinários, sim, aos veterinários. Castração agora é de graça e é oferecida pela prefeitura de Salvador"). Qual o objetivo do senhor com essa declaração? Como ficou sua relação com a classe médica depois desse episódio?Marcell Moraes: Eu não tenho nada contra veterinários. Eu fui mal interpretado e essa frase foi distorcida, isso foi politicagem. Eu apoio os veterinários, quero inclusive aumentar o piso salarial deles. Com o Castramóvel, os donos de petshop tiveram que baixar os custos da castração, é isso. Eu apoio os eles e vou empregar mais veterinários no Hospital Público Veterinário. Estou apenas aguardando a decisão do Executivo para dar andamento ao projeto. iBahia: Em 2013, o senhor apresentou um projeto que previa o fim do sacrifício de animais em rituais religiosos e acabou criando uma briga com entidades do movimento negro. Qual a motivação desse projeto? O senhor não acha que se trata de uma questão cultural já enraizada? Marcell Moraes: Eu nem cito em meu projeto o termo de "religiões de matrizes africanas". Eu me refiro aos animais não comestíveis. Na verdade, me refiro aos rituais de magia negra que, às vezes, sacrificam animais como gatos, por exemplo, que não são utilizados como alimentos. Já existe uma lei que pune quem mata animais. É preciso ter muita cautela e entender que as coisas vão se modernizando. Para você ter ideia, o maior terreiro de candomblé de Cajazeiras me apoia, eles já entendem que eu não estou brigando com a religião. A minha fala foi distorcida. iBahia: O senhor é autor de propostas que muitas vezes conflitam com interesses de classes importantes para a economia da cidade. Qual era o real objetivo do "Projeto Segunda sem carne" ( que pretendia proibir o consumo de carne em estabelecimentos comerciais e escolas às segundas). Como enxerga esses atritos? Marcell Moraes: Esse é um projeto de Eduardo Jorge, que foi candidato à Presidência da República. Não se trata de uma determinação e, sim de uma sugestão. O vegetariano que chega a restaurante de Salvador não tem opção de prato para comer. Em São Paulo, essa ideia já funciona e ninguém foi criticado como eu fui. O consumo excessivo de carne aumenta a produção de gases poluentes na atmosfera. iBahia: O que o senhor acha da classificação de "bizarra" ao seu projeto que previa a tentativa de obrigar restaurantes japoneses a oferecer hashis de metal, em substituição aos tradicionais de madeira? Marcell Moraes: Existe uma frase que diz: "primeiro riem de mim, depois me acham louco e, por fim, concordam comigo". Isso pode parecer absurdo, mas daqui a dez anos vai ser comum. Milhões de árvores são derrubadas para fazer esses hashis. Eu sugeri o uso do bambu ou do metal. Eu tenho certeza de que a sociedade vai entender. As pessoas vão sentir falta de árvores em suas cidades. Eu estou apenas defendendo a minha bandeira. iBahia: Como o senhor avalia a fiscalização da lei para quem joga os lixos no chão nas ruas de Salvador?Marcell Moraes: Eu quero saber o porquê a fiscalização ainda não funciona. A questão da limpeza é fundamental para a pauta ambiental da cidade. A Câmara entendeu isso, o prefeito também, porque ele abraçou o meu projeto. Talvez falte boa vontade à Limpurb, eu não sei.

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