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SALVADOR

Lapinha mantém tradição religiosa graças à comunidade

Todo dia 6 de janeiro, os Ternos de Reis saem às ruas, festejando a maior expressão popular do local

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15/03/2011 às 15:40 • Atualizada em 29/08/2022 às 14:08 - há XX semanas
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Seis de janeiro, dia de vestir a fantasia de Rei Mago e sair às ruas para anunciar o nascimento de Jesus. Assim terminam os festejos que concluem o ciclo natalino para a Igreja Católica. O bairro da Lapinha, em Salvador, mantém a tradição com a Festa de Reis, que começou no século XX, e, até hoje, leva membros da igreja e outros fiéis, que compõem o Terno da Anunciação, ao largo para festejar. O que preserva a memória da tradicional festa são a fé e o empenho dos moradores engajados no projeto. Em 5 de janeiro, dia em que os ternos saíram às ruas da Lapinha, o desespero tomou conta da rotina de dona Naíde Simas. Ela corria para lá, e mexia de cá. Tudo para conseguir roupas suficientes para vestir todos os integrantes do cortejo. Segundo ela, cada ano tem sido um desafio colocar o terno da paróquia no percurso. O Terno da Anunciação atualmente é coordenado por Naíde, mas foi criado em 1993, durante a administração da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha por padre José Pinto. "Esse é o segundo ano que fazemos assim. Tudo em cima da hora. Nossa salvação são as coisas emprestadas que conseguimos", lamenta. No dia seguinte à festa no largo, Naíde já estava na secretaria paroquial dobrando as fantasias e empacotando os utensílios usados para devolver. Ela já pensa como irá conduzir a próxima festa. “Precisamos de mais envolvimento por parte das pessoas que participam no dia da festa. Eles precisam entender que a festa é produzida o ano inteiro e colaborar. Precisamos de patrocínio para comprar tecido e ornamentar a igreja”. Localização Exibir mapa ampliadoHistória Como alguns locais de Salvador, não há muita clareza nos limites que separam a Lapinha dos bairros que fazem fronteira como Liberdade, Caixa d'Água e Soledade. Com nome que remete à “presépio”, o lugar foi assim chamado por conta da denominação de uma capela construída pela Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, em 1771, de acordo com dados de uma publicação da Paróquia da Lapinha, intitulada de Lapinha das Tradições e Ternos de Reis. Frades teriam criado uma comunidade nas proximidades do templo. Depois de passar por restaurações em 1958 e em 1970, a Igreja da Lapinha passou a ser paróquia tendo como padroeira Nossa Senhora da Conceição da Lapa. Antes, a igreja era ligada à Paróquia de São Cosme e São Damião na Liberdade. É a Igreja Católica que exerce fortes influências sociais no bairro. A ela estão ligados um centro comunitário, uma creche, organizações de cursos profissionalizantes e as pastorais, que agregam serviços para a comunidade. De acordo com um artigo feito pela mestre em História da Arte, Suzane Pinho, apesar de não ter histórico de um “bairro rico”, a Lapinha foi habitada por famílias espanholas, ocupando residências e pontos comerciais onde hoje estão o centro comunitário e um edifício na esquina do Largo com o Corredor da Lapinha. Curiosidades A última reurbanização realizada no bairro foi concluído em 1998. É lá que fica localizado o galpão que guarda os carros alegóricos do Caboclo e da Cabocla para a festa de Independência da Bahia, no dia 2 de Julho. A autoria das esculturas ainda é uma incógnita. Mil novecentos e vinte e três é o ano que representa a independência da Bahia, mas foi a partir do ano seguinte (1924) que o Dois de Julho passou a ser comemorado. A festa é aberta na frente do Pavilhão 2 de Julho, construído em 1860, pelas autoridades políticas e cívicas. No Largo da Lapinha também fica o busto de bronze do General Pedro Labatut de 1923. Segundo dados históricos, Labatut chegou à Bahia no ano de 1922 para organizar exércitos de defesa e dar apoio às tropas. As pesquisadoras Izenilda Freitas da Silva Rios e Suzane Pinho Pêpe realizaram, em 2007, um trabalho de pesquisa que resultou em um artigo chamado A História e o Patrimônio Cultural do Bairro da Lapinha (Salvador). Nele há informações completas sobre escritos históricos que explicam desde as primeiras manifestações religiosas até a influência histórico-cultural para a cidade de Salvador. Clique aqui para ler o artigo.Personagem
Voz e violão, para não incomodar o vizinhos, vista panorâmica da Baía de Todos os Santos e um escondidinho de camarão de dar água na boca. Esse é o atual cenário para quem visita o largo do bairro e resolve ver o que tem por trás da Igreja. É lá que empresário Juvenal de Almeida, 50 anos, escolheu para proporcionar aos moradores e visitantes da Lapinha momentos agradáveis em seu restaurante. Ele mora lá há 25 anos, mas há apenas nove resolveu concorrer à uma licitação para ocupar um local que, segundo ele, era utilizado como ponto de droga e abrigo para mendigos.
O corajoso empreendedor resolveu construir e inaugurar o ponto chamado de Belvedere da Lapinha, onde os clientes poderiam desfrutar de todos os serviços do restaurante, sempre acompanhado pela bela vista. "Aqui era um terreno baldio e ninguém queria esse lugar. As pessoas não se interessavam e tinham medo do perigo que essa região apresentava", comenta. Juvenal saiu de outros bairros por conta de violência e escolheu a Lapinha por ser mais tranquilo e familiar. "Aqui conto com o apoio de um e de outro para atender meus clientes. Aqui não tem som alto. Não quero atrapalhar a paz dos meus vizinhos, nem da Igreja. Trabalho com consciência e não quero ganhar dinheiro prejudicando ninguém", completa.

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