A menos de dois meses do seu julgamento, a médica Kátia Vargas conseguiu autorização da Justiça para viajar para as cidades de São Paulo e de Aparecida, no estado de São Paulo. No dia 11 deste mês, a juíza Gelzi Maria Almeida Souza concedeu permissão para a viagem – que aconteceu entre os dias 13 e 17 em São Paulo e no dia 16, em Aparecida do Norte.
Na decisão, a magistrada afirma que Kátia Vargas já pôde viajar em outras nove oportunidades. Os advogados que compõem a atual defesa da médica têm escritório em São Paulo. “Nas outras vezes, ela disse que iria para encontrar com os advogados”, afirma o promotor Davi Gallo, da 5ª Promotoria do Júri.
Dessa vez, o Ministério Público foi contra a viagem. “Ela teria pedido essa viagem para pagar promessa, alguma coisa, mas a gente foi contra. Ela está sob liberdade provisória e responde a um processo grave”, completa.
Ele lembrou a solicitação de viagem feita em 2014 pela defesa da médica para que ela viajasse para o Canadá, para o aniversário da filha, que fazia intercâmbio no país. “Nesse caso, nós fomos contra e a Justiça também, porque seria uma viagem recreativa”.
Aparecida do Norte é famosa pelo Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Segundo maior templo católico do mundo, recebe milhares de fiéis por dia. Somente no dia 16 de setembro, data da visita de Kátia Vargas à cidade, o local recebeu nove mil visitantes, segundo a assessoria do Santuário.
A defesa da médica Kátia Vargas foi procurada pela reportagem, mas não quis dar entrevista.
Morte do pai
No domingo (22), o pai dos irmãos Emanuel e Emanuelle, o projetista Waldemir de Sousa Dias, 59, morreu após ter infarto em casa, no Barbalho, de acordo com a família. Nomomento em que sofreu a parada cardíaca, Waldemir usava uma camisa com a foto dos filhos.
Ao CORREIO, a prima dos irmãos e afilhada de Waldemir Mayane Torres contou que o tio enfrentava uma depressão, mas não procurou ajuda profissional. “A gente dava apoio à mãe (dona Marinúbia, mãe dos irmãos e ex-esposa de Waldemir), mas não sabia que ele estava assim. Ele sofria calado. Não pedia ajuda profissional. Só falava ‘aquela mulher (Kátia Vargas) levou tudo meu e agora é mais uma dor para a gente'”, desabafou Mayane.
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Waldemir não aparentava ter sinais de problemas no coração. Ele estava sozinho e foi encontrado por uma vizinha, que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e chamou os familiares. Os profissionais do Samu ainda tentaram reanimá-lo, inclusive com o uso de um desfibrilador, mas ele não resistiu.
“Ele disse para o meu irmão: ‘meu filho namorou tantos anos e não deixou um netinho. Faça ao menos um netinho para eu cuidar”, conta ela, que ganhou uma corrente dele no mesmo dia. Com o símbolo da paz, o colar foi tirado do próprio pescoço de Waldemir para entregar à afilhada, para que a protegesse. “Emanuelle chamava ele de ‘meu herói’. Agora, os três vão ficar juntos”, completou Mayane.
O acidente
A médica Kátia Vargas é acusada pelo Ministério Público do Estado (MP-BA) de ter provocado o acidente que resultou na morte dos irmãos Emanuel, 21, e Emanuelle Dias, 23, em 11 de outubro de 2013. Naquele dia, os dois irmãos estavam em uma moto pilotada por Emanuel, quando o veículo se chocou contra um poste da Avenida Oceânica, em Ondina. De acordo com o inquérito policial, o veículo de Kátia, um Kia Sorento, tocou na moto e provocou o acidente.
Em 2013, Kátia chegou a ficar presa durante 60 dias no Conjunto Penal Feminino, na Mata Escura. Desde dezembro daquele ano, aguarda o julgamento em liberdade. Em 11 de dezembro de 2015, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) organizou a reconstituição da morte dos irmãos em Ondina. Cinco testemunhas foram ouvidas e relataram no local o que viram, ajudando a perícia a simular o que aconteceu. O julgamento da médica está previsto para o dia 7 de novembro, às 8h, no 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Ruy Barbosa, quando Kátia deverá ir a júri popular.
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Redação iBahia
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