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SALVADOR

Internautas trocam de rotina no trânsito e contam experiência

Do Loteamento Aquarius, do Costa Azul e de Pirajá, eles decidiram experimentar outras formas de deslocamento por Salvador

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23/09/2013 às 8:30 • Atualizada em 02/09/2022 às 1:19 - há XX semanas
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Com o objetivo de ampliar o debate sobre a mobilidade urbana na Semana Nacional do Trânsito, o iBahia convidou três internautas para trocar de rotina no deslocamento por Salvador por um dia. A experiência não agradou a todos, mas, ao final do processo, todos concordaram que a melhoria no sistema de transporte público pode gerar um impacto bastante positivo no trânsito da cidade.Vamos aos escolhidos para a experiência: no Loteamento Aquarius, convencemos o universitário Wagner Carvalho a deixar o carro em casa e seguir para a faculdade, localizada no Rio Vermelho, de ônibus. O assistente social Adervan Lima fez o contrário. Ele esqueceu o buzú por um dia e fez o caminho de Pirajá para o Comércio no conforto do carro. A psicóloga Mariana Maracajá também deixou o ônibus de lado e se aventurou em cima de uma moto do Costa Azul até Nazaré. Confira os depoimentos abaixo.
De moto, Mariana ganhou tempo A psicóloga, que normalmente utiliza ônibus para ir ao Ministério Público, no bairro de Nazaré, costuma sair de casa às 8h para chegar 9h ao trabalho. Ela não precisa andar muito para chegar ao ponto de ônibus, mas dá uma paletada quando desce do buzú no final da Bonocô. “Para chegar [de ônibus], eu desceria no final da Bônoco, subiria uma escada, depois uma ladeira, até entrar em Nazaré e chegar ao Ministério Público”, conta a jovem, que calcula esse deslocamento a pé em cerca de 10 minutos.
“De moto foi uma experiência completamente nova. Precisei pensar no que faria caso chovesse, porque choveu pouco antes de sair de casa. Também tive que abrir mão de usar algum vestido ou saia. Saí de casa 15 minutos mais tarde do que faria se fosse de ônibus. Ao chegar ao destino em 20 minutos me dei conta de que poderia ter saído até uns 25 minutos mais tarde de casa”, contou Mariana, que costuma fazer o mesmo caminho de ônibus em 40 minutos. Acesse agora: Câmeras ao vivo mostram como estão as principais vias de Salvador em tempo real
“O trajeto foi bem tranquilo e não peguei engarrafamento, apenas o trânsito intenso já próximo à Fonte Nova, mas para moto isso não é problema. Andar pelos corredores me livrou de perder alguns minutos no trânsito. Ao mesmo tempo em que isso é ótimo, também tem uma insegurança, há sempre um receio de que os carros não vejam a moto, porque passamos muito próximo deles e fiquei mais tensa/atenta durante o percurso”, acrescentou. Mesmo perdendo menos tempo no trânsito, ela não trocaria de meio de transporte “por causa da insegurança, dos índices alarmantes dos acidentes de motos e das histórias ruins que já escutei”.
30 minutos no pontoWagner Carvalho, 24 anos, estudante de Engenharia Mecânica, não pretende trocar o carro pelo ônibus depois da experiência que viveu a pedido do iBahia, mas admitiu que o transporte coletivo foi mais rápido que esperava. “O ônibus chegou em cinco minutos e vazio, acredito que pelo fato de não estar na hora do rush. A viagem foi tranquila e cheguei vinte minutos antes de minha aula na faculdade. Cheguei tranquilo e menos estressado por não ter pego trânsito. Notei, porém, que levei o dobro do tempo que costumo fazer no dia a dia. A viagem de ônibus foi rápida, mas tive que andar por 10 minutos para chegar no ponto e aguardar o ônibus. Também vi algumas vantagens, como não ter que me preocupar em estacionar, o que é bastante caótico em Salvador”, relatou o jovem estudante.
No retorno para casa, no Loteamento Aquarius, Wagner precisou da ajuda de amigos para saber qual o ônibus que deveria pegar, já que não havia indicação de roteiro no ponto. “Quando saí da faculdade, esperei 30 minutos no ponto. O ônibus que peguei também estava vazio e cheguei em casa mais tarde do que costumo chegar. Tive que andar para voltar para casa, após descer do ônibus, e o caminho estava um pouco deserto. A insegurança é um fato”, acrescentou Wagner.
A troca para ele seria inviável por uma questão de planejamento, “porque o carro me permite organizar melhor o tempo para questões pessoais e profissionais, mesmo tendo que enfrentar o trânsito bastante complicado de Salvador”. “Acho que os ônibus deveriam cumprir mais os horários. Faltam informações nos pontos de ônibus e falta segurança”, pontuou.
De carro é mais caroO assistente social Adervan Lima, 30 anos, comprou um carro há cerca de um mês, mas não pretende utilizar o veículo para ir ao trabalho todos dias. De casa, no bairro de Pirajá, ao trabalho, no Comércio, ele passa pouco mais de uma hora dentro do ônibus. Isso porque pega o transporte às 6h, horário em que o fluxo de veículos ainda não é muito intenso em Salvador.
De carro, conta Adervan, o deslocamento foi feito em menos de 40 minutos. No retorno do trabalho, às 17h, o conforto e o tempo de deslocamento tem peso positivo ainda maior. Sentado, e no conforto do veículo de pequeno porte, ele ganha 45 minutos na volta para casa, ao invés de fazer quase todo o caminho em pé em um ônibus lotado. “Engarrafamento eu pego dos dois jeitos. A interdição da ladeira do Cacau, há cerca de três anos, deixa a ladeira de São Caetano completamente travada no retorno. Na Calçada, tem mais engarrafamento. Ainda assim, chego muito mais cedo de carro”, conta Adervan.
Pegar o engarrafamento no conforto do carro é bom, mas custa caro. “Vou deixar para utilizar o carro apenas nos finais de semana e às sextas, quando o trânsito é mais intenso e a vontade de chegar em casa é maior. Nos outros dias, não compensa ir e voltar de carro para o trabalho. O consumo de combustível nos engarrafamentos e o desgaste do carro, provocado pelas péssimas condições das ruas de Salvador, pesam muito. Não vale à pena gastar esse dinheiro”, concluiu Adervan, que está esperançoso por melhorias no sistema de transporte coletivo.
Coragem + suor = saúde + economia Enquanto o transporte público não apresenta melhorias significativas, o médico veterinário Bruno Rapozo, 30 anos, decidiu andar de bicicleta no trânsito avaliado por muitos como caótico e desrespeitoso. Nem precisa experimentar a troca de qualquer meio de transporte pela bike para constatar duas grandes vantagens de ínicio: a economia de dinheiro e o ganho em qualidade de vida.
De acordo com levantamento feito por Bruno, o gasto com carro é de R$ 700 por mês, incluindo impostos, combustível, estacionamento e manutenção. De bicicleta, ele gasta R$ 50 a cada três meses (apenas com manutenção), e ainda economiza no tempo, pois o deslocamento de carro dura 10 minutos a mais que o feito sobre duas rodas.
Há três meses andando de bicicleta por Salvador, Bruno já se denomina um cicloativista e incentiva o respeito ao ciclista no trânsito e a implementação de ciclovia ou ciclo faixa como mudanças necessárias e de segurança na cidade. "Acredito que a ausência de estrutura atrapalha o crescimento do número de ciclistas, além da falta de educação de motoristas que não respeitam quem utiliza a bicicleta como meio de transporte", afirma. Neste domingo (22), foi inaugurada em Salvador uma ciclofaixa ligando o Campo Grande ao Centro Histórico de Salvador. A via para bikes vai funcionar sempre aos domingos e feriados, das 7h às 16h, com sinalização especial. A iniciativa é uma parceria da prefeitura com a empresa Serttel e o banco Itaú e faz parte do Movimento Salvador Vai de Bike.
O projeto deve ampliar as alternativas de lazer e locomoção em Salvador, mas ainda falta muito para que a cidade ofereça soluções para um trânsito mais saudável para todos, independente do meio de transporte. Enquanto isso, o iBahia dá a dica: troque de rotina por um dia e tente encontrar soluções para ter mais qualidade de vida em Salvador. *Colaboraram Rafaele Rego, Camila Queiroz, Rafaela Zugaib e Diego Mascarenhas **Agradecimento a Luciano Matos pela participação na troca de rotina de Mariana Maracajá

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