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SALVADOR

Futuro gestor municipal da Cultura recebe classe artística

O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, que assume em janeiro, recebeu artistas e produtores culturais para apresentar suas ideias e abrir diálogo

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18/12/2012 às 14:50 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:43 - há XX semanas
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Encontro lotou o salão do Hotel Mercure, no Rio Vermelho
Não era um evento oficial. A imprensa não havia sido oficialmente convidada. Os convites para artistas foram realizados informalmente, de boca em boca (de e-mail em e-mail, na verdade), por uma produtora e muita gente nem ficou sabendo. Tudo ainda meio no improviso, em uma sala emprestada de um hotel no Rio Vermelho. O novo secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, segundo ele mesmo, queria, no seu primeiro dia de pré-Secretaria (ele só assume em janeiro), iniciar um diálogo com a classe artística. Para isso, reuniu, nesta segunda-feira (17), mais de cem produtores e artistas em dois encontros separados, nos quais apresentou linhas gerais do que pretende e ouviu os presentes. Abertura para o diálogoDepois do encontro do prefeito eleito ACM Neto, na semana passada, com artistas e produtores de entretenimento e Axé Music, parte dos artistas e da classe artística da capital baiana demonstrou preocupação com o futuro da Secretaria e da política cultural para Salvador. Garantindo não promover o encontro como resposta a isso, Bellintani fez questão de ressaltar que ainda não tem projeto definido, apenas linhas gerais, e que realizou o encontro porque queria ouvir a classe artística.
"Realizei o encontro porque queria ouvir a classe artística", disse Guilherme Bellintani
“Tudo está muito embrionário, não tenho nenhuma proposta concreta. Este é só o primeiro encontro e é mais uma mensagem de diálogo. Espero que seja bem recebido por vocês. Quero ter um relacionamento olho no olho, tratar das dificuldades e das saídas para os problemas", disse. "Eu vim aqui para abrir o diálogo, por mais que a Secretaria tenha três pilares, vim para pensar uma nova política cultural para a cidade, mas não vou vender ilusão. Não sou da matriz cultural, preciso ouvir vocês". Aproveitou a ocasião para iniciar discussões sobre leis de incentivo, isenção fiscal, economia criativa, políticas culturais, turismo, Fundação Gregório de Matos, relação com o empresariado, entre muitos pontos destacados por ele ou levantados pelo público presente.
Carnaval e turismo Entre os presentes estava a nova e a velha geração de produtores e artistas. Nomes como Roberto Santana, Aninha Franco, Gilberto Monte, Vince de Mira, Emanuel Mirdard, Selma Santos, Gil Vicente, Irá Carvalho, Alex Pinto, Ivanna Souto, Luisão Pereira, Joãozito, além músicos e cantores como Letieres Leite (Rumpilezz), Duda da banda Diamba, Sandra Simões, Juliana Ribeiro, Val Macambira, Márcia Short, Claudia Cunha, Tais Nader, CH Straatmann (Retrofoguetes), Pietro Leal (Pirigulino Babilake), Tito Bahiense, entre tantos outros, passaram por lá.Entre os pontos mais sensíveis estava o questionamento de como ia tratar Carnaval e turismo relacionados a cultura. "Cultura boa em uma cidade não pode ser para o turista, mas pra quem mora nela. Estou muito seguro que uma boa política de turismo pode vir como consequência de uma boa política cultural", afirmou.Deu como exemplo da relação de cultura e turismo as festas de largo da cidade. "Há chance de o turista ficar mais tempo na cidade através das festas de largo, mas é preciso melhorá-las, investir em suas características".
"Cultura boa em uma cidade não pode ser para o turista, mas pra quem mora nela"
Artistas e produtores participaram do encontro com o futuro secretário da Cultura e Turismo
Evitando focar a conversa em turismo, a todo momento frisava que a relação com a cultura é benéfica. "Eu acho que o trabalho na cultura não precisa ser isolado, mas o grau de autonomia tem que ser máximo". Ressaltou que a Secretaria vai responder sobre o Carnaval, mas concordou que as políticas são mais carentes e precisam de mais atenção. "Isso não significa que o Carnaval não tenha sua importância na Secretaria. Não vou ficar causando tensões, achando que um grupo é inimigo do outro. Nunca vou dizer que o Carnaval não presta. Não cabe a secretaria estruturar setores que não dialogam. Cabe detectar os ajustes que precisam ser feitos para esse diálogo", disse.Questionado sobre a polêmica proposta de dois carnavais, propagada pelo novo prefeito ACM Neto, afirmou, "A existência de dois carnavais não significa que as atenções para outros projetos serão reduzidas". Aproveitou para pedir desculpas e assumir que errou sobre um declaração a um jornal baiano em que fala "o grande artista é quem vende a cidade lá fora". "Vou errar e vou acertar", ressaltou.Orçamento e Fundação Gregório de Matos Sobre o orçamento pífio que o setor cultural possui na prefeitura municipal, disse que sabia da realidade e que não pretende ficar reclamando. “Vou ter de fazer do limão uma limonada. É muito fácil eu dizer que vou dobrar o orçamento de cultura porque ele já é quase nada. Seria injusto neste momento, em que o novo prefeito vai entrar com restos a pagar, eu pedir aumento no orçamento, mas não vou ficar refém de orçamento, não vou reclamar. A missão está dada, mas não vou fazer cachoeira subir”, disse.
Guilherme Bellintani assume no dia 1º de janeiro
Parcerias público-privadasUma das formas que pretende contornar o baixo orçamento é a parceria com o setor privado. “Quero um novo projeto cultural pra nossa cidade e isso passa pelo relacionamento com o empresariado e com vocês. Já que estou responsável também por desenvolvimento na secretaria e, logo, próximo ao empresariado, quero aproveitar isso para tentar estimular que as empresas invistam na cultura e no turismo”.Sobre a Fundação Gregório de Matos, afirmou não saber ainda quem vai assumir a presidência. "A pessoa ainda não existe, mas será alguém fortemente ligado à gestão cultural, à cultura da cidade e, mais que isso, ligada ao projeto da cidade. O projeto é mais importante que a pessoa. Vai ter que aprender a dialogar e a tomar porrada", disse. Afirmou também que pretende potencializar a Fundação e lutar para seu crescimento orçamentário. "Para quem sabe numa próxima gestão se tornar uma secretaria", afirmou.
"Quero um novo projeto cultural pra nossa cidade e isso passa pelo relacionamento com o empresariado e com vocês"
Entre as ideias mais concretas, falou sobre a criação do Conselho de Cultura e de um Plano de Cultura, mas fez questão de ressaltar que não iria buscar soluções milagrosas. "Vou procurar solucionar os problemas com um pé na modernidade. Os recursos são reduzidos, mas quero que vocês me tenham como aliado. Não vamos concordar o tempo inteiro, mas gostaria que nós colaborássemos uns com os outros".Falou ainda sobre a importância a médio e longo prazo de trabalhar com cultura e arte nas escolas. Para o futuro próximo pretende fazer reuniões setoriais com a classe. "Vou precisar de políticas estruturais para entender cada setor específico. Os quatro anos vão ser de discussões, mas não vou esperar um ano discutindo para tomar iniciativa", disse.
Veja o que alguns dos produtores e artistas presentes acharam do primeiro encontro com o secretário:
Aninha Franco - dramaturga, diretora de teatro e escritora"Gostei muitíssimo. Achei um cara pragmático, competente e pé no chão. Tudo que a cultura da cidade precisa para sair do caos"Vince de Mira - músico e produtor cultural" "Acho que ele dizer que não vai ficar discutindo orçamento já é positivo. A gente passou por um avanço com as políticas culturais de editais do Governo do Estado, agora precisamos de outro avanço e o olhar técnico é importante. Buscar mecanismos e outras verbas do setor empresarial é importante e é parte de um processo que está se construindo".Gilberto Monte - músico, gestor cultural e consultor"Eu gostei da pessoa. Parece ter capacidade e reúne duas características importantes da área privada: pragmatismo e objetividade. Agora, como ele mesmo reconheceu, não tem conhecimento da área cultural. Acho que uma vez que não temos uma secretaria de cultura separada, vejo com bons olhos este trio desenvolvimento, turismo e cultura. Tem potencial, mas depende muito da habilidade que ele vai ter. Todos os cases de sucesso hoje trabalham com estes três pilares, vai depender de que turismo queremos e vamos ter. Fica o desafio para que ele não ouça os ecos do passado".Gil Vicente Tavares - compositor, dramaturgo e diretor teatral "Acho que você ter uma pessoa que tem visão empresarial e mercadológica a frente de uma secretaria é importante porque antes de tudo é preciso você fortalecer o mercado. Existe uma arte profissional de qualidade em Salvador que não tem recursos, não tem meios, não é viabilizada, não consegue aparecer para o grande o público. Então, é preciso antes de tudo que você fortaleça esses grandes profissionais que estão ai, mendigando verba, não conseguem mostrar seu trabalho, não conseguem difundir seus trabalhos dentro de sua própria cidade. É fundamental que você fortaleça esse elo da cadeia, pra ai sim, a partir dai os outros sejam favorecidos". Alex Pinto - empresário musical"Achei ele um entusiasta, mas não sei se vai conseguir colocar na prática tudo que quer. O problema é até onde vai conseguir. Quando chegar em outros níveis é que vai ter dificuldade."CH Straatmann - músico, baixista da banda Retrofoguetes "Acho importante o secretário se fazer aberto ao diálogo com os artistas. Me aparenta ser um cara transparente e aberto. Se colocando disposto a trabalhar em grupo. Isso é bom."

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