Irmãos, João Pedro e Maria da Glória chegaram para o ensaio da Timbalada, no Museu du Ritmo, Comércio. Ao estacionar o Honda Civic, um flanelinha bateu no vidro e exigiu R$ 20. Depois de argumentar que o espaço era público, João pagou a metade. No fim do show, a surpresa: o veículo, além de todo riscado, estava arrombado. “Esses flanelinhas parecem uma praga. Estão em todos os cantos”, diz João. Na tentativa de diminuir o número de situações como a vivenciada pelos irmãos, a Transalvador pretende regulamentar áreas de estacionamento em toda a cidade, como o CORREIO publicou na edição de ontem. A medida está em vigor perto do Parque de Exposições durante o Festival de Verão, que termina hoje. Nos espaços regulamentados só podem atuar guardadores de carros sindicalizados, sob a fiscalização de agentes de trânsito. Quem parar sem a cartela da Transalvador corre o risco de ter o veículo guinchado. Entre os guardadores, sindicalizados ou clandestinos, a notícia divide opiniões. “Espero que a prefeitura tenha pulso firme. Muitos vivem a minha sombra. Quando um motorista vem em minha direção, avançam, pedindo de R$ 10 a R$ 15”, conta um guardador sindicalizado que atua há mais de 30 anos no Comércio. “Se disser alguma coisa, são capazes de me agredir”. Na Travessa e no Largo do Cais do Ouro, perto do Museu du Ritmo, a festa é dos flanelinhas. De acordo com outro guardador sindicalizado, os clandestinos tomam a área quando há shows, cobrando sempre R$ 20 e ameaçando quem não aceita pagar. “Muitos abordam as pessoas bêbados ou fumados. Alguns motoristas são escorraçados. Quem insiste em ficar sem dar o dinheiro antecipado, eles arranham o carro”, conta. Segundo o mesmo guardador, uma mulher de prenome Tatiana - que diz ter apoio de policiais - comanda os flanelinhas da região. “Além de cobrar o que quer dos motoristas, ela exige de R$ 40 a R$ 50 por semana aos comerciantes para não colocar carro na porta deles”, conta. O CORREIO procurou alguns comerciantes da área, mas nenhuma deles quis comentar o assunto. Campo GrandeA situação não é diferente no Campo Grande. “Basta ter show no (Teatro) Castro Alves que eles tomam a rua”, relata um homem que mora na região. Segundo ele, os arrombamentos são comuns. “Aqui, só pagando antecipadamente. Mesmo assim, corre o risco do carro ser arrombado por eles”, diz o morador, afirmando que a maioria dos flanelinhas da área usa drogas e rouba quem passa pelo Campo Grande. FeiraFamoso na Feira de São Joaquim, o flanelinha Antônio Carlos Mota, 42 anos, que não é sindicalizado, teme a medida que a Transalvador planeja adotar. Ele diz que, depois de ter cumprido cinco anos de cadeia por tráfico de drogas, é trabalhando há mais de dez anos como guardador que consegue sustentar a família. “Não sei o que fazer. Entrar no crime de novo? Não quero isso. Pelo menos, eles têm que dar pra gente oportunidade de trabalhar”.
A notícia também preocupou Jorge Evandro Oliveira Silva, 54, flanelinha há 40 anos. “O cliente aqui paga o que quiser. Eles confiam na gente, deixam a chave. Os sacizeiros não encostam quando estamos perto”, diz. Quem quiser se filiar ao Sindicato dos Guardadores e Lavadores de Carro (Sindiguarda) deve apresentar certidão cível, antecedentes criminais, título de eleitor, RG, CPF, comprovante de residência, certificado de reservista e carteira de trabalho. Transalvador mapeia áreas da cidade para estacionamentosO superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, afirma que ainda no primeiro semestre deste ano estará pronto o estudo que vai apontar as áreas cujo estacionamento será operado pela prefeitura, com a presença de guardadores sindicalizados. “O que acontece é que a Trasalvador está com problemas de efetivo. Temos 31 viaturas, mas o ideal seria mais que o dobro. Estamos correndo para aumentar o poder de fiscalização”, disse Muller. Segundo ele, algumas áreas são prioridades, como o Comércio. “É uma confusão de carros. Na Rua da Grécia, por exemplo, tem flanelinhas que ficam com as chaves dos motoristas. Ficam com os carros dos clientes para cima e para baixo e alguns não são nem habilitados”, comenta. As ações planejadas por Muller incluem a reformulação do modelo de cobrança Zona Azul. “As mudanças vão desde o tipo de cartela, dos pontos de distribuição e vendas das cartelas, do tempo que as pessoas podem ficar nas vagas e informatização da Zona Azul com cartões pré-pagos”, lista o superintendente. Durante o Festival de Verão, custa R$ 15 parar no estacionamento do Festival de Verão, valor considerado alto por muitos motoristas. “Este valor só será cobrado em eventos como Festival de Verão e o Carnaval”, garante Muller. O titular da Transalvador fez ainda um alerta a quem entrega o carro a manobristas que estacionam em locais proibidos, como calçadas. “O proprietário será multado e pode ter o veículo rebocado”, diz. Matéria original: Correio 24h Flanelinhas temem demarcação de áreas; guardadores legais aprovam
Em São Joaquim, só há clandestinos, mas eles dizem que o cliente paga quanto quiser |
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