Chega o final de semana e aí você está sem paciência para televisão. Por outro lado, abre a carteira e o dinheiro é pouco. Em tese, não há problemas. Você vai à praia, marca presença no show de graça no Parque da Cidade, paga R$ 1 por um espetáculo no Teatro Castro Alves (TCA), come um acarajé de R$ 6 no Rio Vermelho ou, por R$ 3, se delicia com um generoso pôr do sol ao som de jazz, no Solar do Unhão, na Avenida Contorno. Não fosse um detalhe, seu sábado e domingo estariam garantidos. Em todos esses lugares, guardadores de carros clandestinos cobram taxas compulsórias no meio da rua que ultrapassam o valor do programa. Aí o pouco que havia em seu bolso vai embora rapidinho. Isso quando a cobrança não vem acompanhada de uma ameaça ou coação. Amante das agradáveis e baratas apresentações de jazz do Solar do Unhão, a publicitária Géssica Mara, 26 anos, sofreu coisa pior. No início desse ano, achou que iria desfrutar sossegada do módico preço de R$ 3 cobrado pela tarde-noite no MAM. Mas, logo de cara, ela e a amiga foram cobradas em R$ 5 por uma vaga de estacionamento na rua, próximo à entrada do bairro da Gamboa. Pagou R$ 3 e combinou com o guardador de pagar o resto na volta. Quando retornou, com outros três amigos, foi assaltada por um grupo armado com facas e barras de ferro. “Não sei se eram os mesmos flanelinhas que cobraram antes. Fiquei tão desesperada que não lembro dos rostos. Só sei que levaram correntes, bolsas e celulares de todo mundo. De lá para cá, nunca mais fui no MAM e evito lugares que têm muito flanelinha”, conta.
A também publicitária Marina Baqueiro, 31 anos, costuma aproveitar as promoções do TCA. Em determinados domingos, o teatro cobra o preço simbólico de R$ 1 por shows ou peças. Muitas vezes, distribui ingressos gratuitos de espetáculos. Foi em um desses que um flanelinha lhe cobrou R$ 10. “Eu não tinha garantido os ingressos de graça e fui ver se conseguia. Como havia acabado, voltei para o carro. Acredita que ele insistiu em me cobrar e ainda me constrangeu?”, revolta-se. E se você quiser só dar um mergulho e tomar uma latinha na praia? A natureza não cobra um centavo pelo lazer preferido dos baianos. Mas o guardador de carros exige entre R$ 5 e R$ 10 pelo estacionamento, a depender da praia. A fisioterapeuta Geisiane Lopes aponta a praia de Ipitanga, na fronteira com Lauro de Freitas, como um dos lugares da orla em que os flanelinhas atacam com mais ousadia. Recentemente, ao tentar estacionar no local, foi ameaçada por um guardador que cobrou R$ 10 para ela encostar o carro. “Já sofri a mesma coação do mesmo flanelinha algumas vezes. Ele é arrogante. Da última vez, disse que se não pagasse teria que tirar o carro de lá. Com medo, acabei indo estacionar em uma vaga mais longe”. ParqueAmante da boa música, o designer gráfico Wladimir Lobão, 37 anos, sofre sempre com problema semelhante no Parque da Cidade, no Itaigara. No show gratuito da banda de rock O Círculo, se estressou com um flanela que foi logo cobrando R$ 5 por uma vaga no estacionamento do próprio parque. “A gente está cobrando adiantado, abençoado”, ouviu do rapaz. “Pior é que nesse caso, eu não estou no meio da rua. É o estacionamento público de um parque público. A vontade é de ser grosseiro, mas o receio de ter o carro danificado é maior”, diz Wladimir. Bairro mais boêmio da cidade, o Rio Vermelho é conhecido pelos bares, mas também pelas famosas baianas de acarajé. No conhecido Largo de Santana, as filhas da falecida quituteira Dinha cobram R$ 6 pelo crocante bolinho de feijão, com camarão. Praticamente o mesmo preço que se paga pelo guardador, que costuma exigir R$ 5. “Muitos ainda dão um tíquete que não vale nada. Às vezes, pago R$ 15 aos manobristas só para se livrar deles”, diz a fisioterapeuta Tatiane Santos. Matéria original Correio 24h Veja onde o valor do flanelinha é mais caro que o da diversão em Salvador
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