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SALVADOR

Família não sabia de relacionamento de jornalista assassinada

Daniela se relacionava há 3 anos com suspeito de matá-la a pedradas

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Redação iBahia

15/11/2017 às 17:36 • Atualizada em 30/08/2022 às 22:25 - há XX semanas
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A família da jornalista Daniela Bispo dos Santos, 38 anos, encontrada morta em um edifício comercial da Avenida Tancredo Neves, não sabia que ela mantinha um relacionamento de três anos com Mateus Viliam Oliveira Alecrim Dourado Araújo, 32, que confessou ter matado a companheira a pedradas.

Foto:Evandro Veiga/do Correio 24h

A informação foi confirmada pelo tio da jornalista, o agente comunitário Lindelson Corsino, durante o sepultamento, na manhã desta quarta-feira (15), no Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco.

"Ela era muito reservada. Não contava muito da vida dela. Todo mundo só descobriu quando pegou o celular dela e viu as mensagens com ele", disse. Daniela morava com os pais, os dois filhos de 16 e 19 anos, e cuidava também de um sobrinho.

Daniela era quem sustentava a família em casa. O pai da jornalista foi ao sepultamento, mas não quis falar com a imprensa. Já a mãe, muito abalada, não conseguiu ir ao cemitério.

"A morte dela pegou todo mundo de surpresa, ainda mais que foi dessa forma bárbara. Ela era uma pessoa muito boa, muito tranquila", contou o vendedor José Expedito Silva, que era vizinho da vítima e acompanhou a vida de Daniela desde criança.

Durante o enterro, pessoas próximas tentavam se consolar e entender o que tinha acontecido com a jornalista. "Eu fico me perguntando o que está acontecendo com o mundo para as mulheres estarem passando por isso", disse um amigo.

A secretária do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Olívia Santana, também esteve no sepultamento e lembrou da importância de combater o machismo. Daniela trabalhou como estagiária em sua equipe. "Já tivemos mais de 200 feminicídios em menos de um ano. Nós queremos ver esse criminoso pagando pelo crime que cometeu, mas isso não vai impedir que outros crimes aconteçam. É preciso mexer na educação pra mudar a mentalidade, o machismo é o que mata", disse.

Crime

De acordo com a polícia, Mateus Viliam confessou que matou a jornalista com quem mantinha um relacionamento amoroso há três anos. O crime aconteceu na noite de segunda (13). Os dois se conheceram em uma empresa de call center, há quatro anos, e, mesmo depois de deixarem de trabalhar juntos, mantiveram o relacionamento amoroso, que começou em 2014.

Mateus foi preso na tarde desta terça-feira (14), quando estava a caminho de uma entrevista de emprego, em Lauro de Freitas. Está prevista uma audiência de custódia para esta quarta, para definir se ele vai ser encaminhado para o sistema prisional. Mateus será indiciado por homicídio qualificado - a qualificante é feminicídio.

Daniela foi morta a socos e pedradas. O corpo foi encontrado nas escadas do 5º andar do Edifício Catabas Empresarial, na Avenida Tancredo Neves, onde ela trabalhava. Mateus foi flagrado pelas câmeras do prédio e identificado por alguns amigos da vítima.

De acordo com a polícia, no começo da noite de segunda-feira Mateus saiu de casa e foi ver Daniela. Os dois marcaram um encontro no mesmo prédio em que ela trabalhava, na Avenida Tancredo Neves. Ele contou para a polícia que no caminho abaixou, pegou uma pedra e partiu o paralelepípedo em dois. Um dos pedaços ele deixou no local, e o outro colocou dentro da mochila que estava carregando.

A delegada Milena Calmon, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), contou que ele conhecia os funcionários que trabalham na portaria e, por isso, conseguiu entrar no edifício com facilidade. Por volta das 19h, Daniela saiu da sala em que trabalhava, no 1º andar, e subiu até o 6º pavimento. Os dois se encontraram, mas a conversa tornou-se uma briga.

"Houve uma discussão, e ele contou que começou a agredir ela com socos. Depois, retirou uma pedra que tinha levado na mochila e passou a agredi-la com pedradas. Ela caiu um lance de escadas, do 6º para o 5º andar. Em seguida, ele trocou de camisa enquanto descia as escadas e saiu pela garagem do prédio", contou a delegada.

Durante apresentação no DHPP, Mateus disse estar arrependido e alegou que estava sendo ameaçado pela vítima. "Ela me ameaçou, estava me chantageando. Ela queria que eu terminasse o meu noivado. Disse que iria procurar minha noiva para contar tudo. Eu não estava aguentando mais", disse.

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