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Quem reclama da vida, com certeza vai ter um estímulo a mais depois que conhecer a história de Silvia. A empregada doméstica tem apenas 33 anos, mas o seu amadurecimento veio desde que era novinha, quando começou a trabalhar como babá, no bairro do Cabula. "Tinha apenas 13 anos e tomava conta de duas vizinhas. Era a forma que eu tinha de conseguir um dinheiro para ajudar em casa", conta. Depois daí ela não parou mais, trabalhou em diversas casas de família e nunca tentou oportunidade em outro ramo. "Aprendi a cozinhar com minha avó, que me colocava sentada em uma cadeira e me mostrava como fazia tudo, então comecei a gostar de cozinhar e de cuidar da casa desde que eu era novinha", relembra Silvia. E foi durante o trabalho que ela conheceu o marido, Cláudio, com quem está há 20 anos. "Nos conhecemos quando eu estava no meu primeiro emprego e logo depois eu engravidei e nos casamos". Mas a história de amor do casal não para por aí, quando estava grávida do terceiro filho, em um momento de desespero, Cláudio acabou se envolvendo com drogas e foi preso durante um assalto. Ao todo, já são 14 anos e seis meses que eles vivem longe um do outro, e apesar de todo o drama da situação, a doméstica garante que o amor nunca acabou, inclusive quatro dos seus sete filhos foram concebidos na penitenciária, durante as visitas ao marido. "Me sentia muito triste, mas Deus me ajudou a superar tudo isso aos poucos".
Exemplo de fé Silvia conta que seus filhos também sofreram muito com toda a situação, mas aos poucos foram aceitando a condição do pai. "Eles choravam muito durante as visitas, sentiam muita falta da presença dele e estranhavam ter que ir para um lugar para poder vê-lo", contou. Apesar de todo o sofrimento da família, Silvia diz que sempre procurou transmitir confiança para os filhos e o marido. "Depois que passei a frequentar a Assembleia de Deus eu ganhei uma segurança muito grande, antes eu me sentia triste, mas Deus me ajudou a superar tudo isso e sinto que minha vida vem melhorando". E parece estar mesmo, há seis meses Claúdio conseguiu o direito ao regime semi-aberto, arrumou um emprego em uma vidraçaria e só volta para a prisão à noite, para dormir. "Tivemos muitas conversas, mostrei para ele o melhor caminho para se viver e graças ao seu comportamento, ele pode sair do presídio e estar mais presente em casa, mesmo que por pouco tempo". Outra alegria na vida de Silvia foi a chegada da neta. "Tentei ter uma menina e vieram sete homens, agora Deus me presenteou com uma netinha linda", gaba-se. Para dar conta de tanta gente, Silvia se dedica ao trabalho e conta com ajuda da sogra e da mãe. Para o futuro, ela só deseja uma casa própria para morar. E alguém duvida que ela vai conseguir?