Em um intervalo de 10 dias, estudantes foram assaltados duas vezes dentro do Diretório Acadêmico do curso de Matemática (Damat) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), localizado no campus de Ondina. O assalto aconteceu na tarde desta segunda-feira (16) e três dos cinco alunos que estavam no local tiveram os celulares roubados.
Uma estudante que estava do lado de fora do diretório viu quando o suspeito chegou e o reconheceu como o assaltante que tinha invadido o local no último dia 6. Ao avistar o suspeito, ela saiu correndo e chorando pelo campus.
Estudante do 8° semestre do curso de Matemática, Guilherme da Silva, 22 anos, contou que o bandido levantou a camisa e mostrou uma arma que estava na cintura. Antes de entrar na sala, segundo Guilherme, o bandido teria percebido o nervosismo da vítima que estava do lado de fora do diretório. "Dessa vez, ele parecia ter pressa porque percebeu que a vítima do primeiro assalto tinha reconhecido. Ao entrar, ele suspendeu a camisa, mostrou a arma e falou: 'olha, eu só quero o celular'", conta Guilherme.
O estudante entregou ao bandido um celular que havia levado para emprestar ao colega que foi roubado no primeiro assalto. "Eu estava com o meu novo no bolso e o velho na mochila. Eu perguntei a ele se eu poderia pegar o aparelho que estava lá", completa o estudante. O bandido levou o aparelho celular de outros dois alunos.
Ainda de acordo com as vítimas, após o assalto, o suspeito saiu andando até fugir na garupa de uma moto que estava estacionada em frente ao Instituto de Matemática, a 300 metros da sala do diretório. No corredor, onde fica o diretório do curso, existe uma única câmera de segurança, mas, segundo as vítimas, o aparelho não teria registrado o momento em que o homem entra na sala - já que o equipamento está posicionado para filmar a entrada de um posto dos Correios que fica no final do corredor.
Após o assalto, os alunos registraram o caso no canal de segurança da Ufba, mas ainda não tiveram resposta. No boletim de ocorrência registrado na 7ª Delegacia (Rio Vermelho), os estudantes descreveram o suspeito como um homem de aparentemente 30 anos medindo cerca de 1,90 m. Ele estava de calça jeans e com uma camisa polo listrada. O mesmo homem já havia sido visto outras vezes no mesmo local.
O CORREIO pediu um posicionamento da universidade sobre a ocorrência, mas ainda não teve retorno.
Câmeras
Os estudantes contaram ainda que antes do primeiro assalto, a direção do Instituto de Matemática tinha entrado em contato com a Coordenação de Gestão de Segurança da Ufba (Coseg), solicitando que quatro câmeras de segurança fossem instaladas no prédio, mas o Coseg alegou que não teria como implantar os equipamentos, porque não estavam previstos no orçamento.
No dia 6, por volta das 13h, o mesmo suspeito esteve no diretório acadêmico, onde outros cinco estudantes estavam reunidos. Ele teria entrado na sala e observado o espaço para, logo em seguida, anunciar o assalto. O estudante do 4° semestre do curso de matemática, Luiz Felipe, 20, conta que todos os jovens foram obrigados a se deitar no chão.
"Ele mandou todo mundo se deitar no chão, depois saiu perguntando um a um onde estava o dinheiro", conta Luiz. Além de quatro celulares, o bandido levou cerca de R$ 200.
"O DA é aberto porque é uma espaço de convivência, não é excepcional alguém entrar lá, o que é excepcional é essa violência. Agora, quando entra alguém nas salas fico assustado, nem consigo comer direito, fico apreensivo com qualquer pessoa", completa o jovem.
Medo
Com os assaltos, os estudantes passaram a circulam pelo campus com cautela e a se reunir nos diretórios acadêmicos a portas fechadas. Alunos que frequentam os diretórios dos cursos de Computação e Estatística, que ficam ao lado do de Matemática, também ficaram assustados com os assaltos.
Os colegas do curso de Estatística Rodrigo Furquim, 18, Jonatas Santos, 19, e Guido Romero, 22, por exemplo, passaram a trancar a porta do diretório enquanto estão estudando. A preocupação é que o mesmo possa acontecer com eles.
"Já faz um tempo que vem acontecendo algumas coisas porque aqui fica ao lado do PAF I, um local com fluxo de pessoas muito grande. Eu já me senti várias vezes observado enquanto estava sentado lá fora e o único lugar que eu me sentia seguro era o diretório", lamenta Rodrigo.
Alguns alunos que frequentam o instituto deixaram até de levar o aparelho celular para a universidade - como é o caso da estudante do 2° semestre de Matemática Adriane Dias,18. "Quando trago o celular, escondo dentro da mochila e se tocar não atendo", conta a jovem.
Leia também:
Veja também:
Redação iBahia
Redação iBahia
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!