Piquenique dos franceses à beira do Dique do Tororó, alemães traçando churrasquinho de gato na Ladeira do Pepino, suíços lotando bares na Fonte das Pedras e os baianos receptivos como nunca - ou sempre. O certo é que esse tempo de rostos pintados e sotaques diversificados já deixa saudade.
Até para quem trabalhou – e de graça –, o clima de nostalgia já era evidente no penúltimo jogo na Fonte Nova, na terça-feira (1º). “Seria bom se a Copa fosse para sempre. É um ambiente muito mágico”, diz Edson da Silva, 46 anos, voluntário do Ministério do Esporte, que no dia a dia é funcionário público. A saudade não vai ficar só entre voluntários e torcedores, mas, principalmente, entre os que trabalharam no entorno da Arena e conseguiram tirar “um extra”.
Dos donos de bares aos ambulantes, dos catadores de latinha aos vendedores de amendoim que conseguiram furar a barreira da Fifa, quase todo mundo está satisfeito, a exemplo do artista de rua Manuel Vicente, 36. Desde que decidiu largar tudo para viver de fazer embaixadas em portas de shows e jogos de futebol, há 16 anos, nunca ficou tão nostálgico ao fim de um evento."Rapaz, a Copa vai deixar saudade, viu. Um momento especial que procurei aproveitar ao máximo”, lamenta o artista, que chegou a faturar R$ 200 por jogo em Salvador.“Os gringos ficam doidos com a habilidade. Me chamam de Neymar, de Pelé e de Ronaldinho. Sábado, estarei aqui para me despedir”, avisa ele, que nasceu em Jacobina e faz “pontinho” inclusive com bola de gude e limão. Na terça-feira (1º), encantou torcedores de Bélgica e EUA; sábado, é a vez das turmas da Holanda e Costa Rica.BOROCOXÔOs ambulantes do entorno da Arena não querem nem lembrar que o último jogo vem aí. A galera da Ladeira do Pepino mesmo, sempre lotada de estrangeiros e brasileiros nos jogos, está começando a ficar borocoxô. “Essa Copa foi boa para a gente. Além de vender muita Brahma, vi cada cena, menino. Os gringos doidos com as baianas”, gargalha Ana Lúcia Ferreira, 49.
Sem entregar quanto faturou por dia, Ana Lúcia revela uma curiosidade: nos primeiros jogos, os estrangeiros eram mais ‘mão aberta’. “Já estão deixando de ser besta. Agora chegam aqui pedindo três piriguetes por cinco (reais). Tô ligada na esperteza deles”, brinca. “A única coisa que não gostei é que moro aqui perto e toda hora os policiais me revistavam, para eu ir para casa”, observa a vendedora.Perto dali, no bar de José Ferreira Lima, 85, os torcedores aproveitavam os tira-gostos exclusivos de seu Zelito, como o dono é conhecido. “Nesse instante, tava uma porção de americanos aqui”, comenta. Nessa brincadeira, diz ter faturado uns R$ 1,5 mil por jogo. “Era bom que tivesse mais, né? Mas, agora é pagar as dívidas e aproveitar o que sobrou”, conclui.Matéria original: Correio 24h Entorno da Arena festeja lucros e já lamenta adeus da Copa em Salvador
Clientes cobiçados, torcedores da Bélgica e dos Estados Unidos descansam no gramado do Dique do Toror |
Manuel fez ‘pontinhos’ e também lucrou |
As ambulantes Antônia Santos e Ana Lúcia festejam vendas |
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