Para a Bíblia, Lázaro foi um dos maiores milagres de Jesus Cristo. Irmão de Maria e Marta, Lázaro estava morto havia quatro dias, quando foi ressuscitado. Por isso mesmo, para muita gente, São Lázaro é o santo a quem devem recorrer quando precisam de saúde ou agradecer depois de uma cura. No sincretismo, ele é Omolu, o orixá que rege a renovação do espírito e senhor das doenças.
Neste domingo (29), quando se comemora sua festa, milhares de fiéis são esperados no Santuário de São Lázaro e São Roque, na Federação, ao longo de todo o dia, para pedir, principalmente, isso: saúde. Este ano, o tema da festa foi São Lázaro – Exemplo de Amor Pela Pessoa e Pela Natureza.
De acordo com o padre Cristovão Przychocki, pároco da Paróquia Ressurreição do Senhor, o tema é ligado à campanha da fraternidade da Igreja em 2017. “Através das reflexões que estamos fazendo, queremos conscientizar as pessoas sobre a importância de cuidar da natureza. Já fizemos a alvorada às 5h e fomos abençoados com uma chuva de manhã”, contou.
Emocionada, a assistente social Maria Amélia Portela, 71 anos, é figurinha certa na festa. Ela conta que teve um milagre realizado por São Lázaro dez anos atrás. Naquela época, tinha passado por duas cirurgias para retirar um caroço da perna. Retirava e, pouco depois, a massa voltava a aparecer. Em um certo momento, o médico a alertou: se ela passasse por uma terceira cirurgia, teria que andar de muletas.
Maria decidiu, então, visitar o túmulo da mãe, no Cemitério Campo Santo, na Federação. Lá, lembrou-se de uma história. “Minha mãe lavava as pernas, que eram feridas, com malva. E quando ela fazia isso, chamava o nome de um santo”, lembra a assistente social. Por ser criança, Maria não lembrava. Até que, naquele dia, no cemitério, veio a resposta: a mãe chamava por São Lázaro.
“Perguntei ao pessoal onde ficava a igreja e eles me indicaram aqui. Naquele mesmo dia, vim e pedi que ele me curasse. Um mês depois, voltei ao médico e não tinha mais nada. Passei anos com o caroço na perna e São Lázaro curou em um mês”, diz. Este ano, ela foi agradecer novamente e pedir um conforto extra: o marido, companheiro de 25 anos de casamento, morreu há 18 dias, vítima de câncer. “Mas estou cuidando dele espiritualmente”.
Aos 90 anos, a aposentada Zenira de Freitas foi acender sua vela para o santo logo cedo, acompanhada da neta, Bruna, 11. Moradora de Ilhéus, no Sul do estado, vem a Salvador sempre nessa época do ano para a Lavagem do Bonfim e fica até a festa de São Lázaro. “A vela é luz, né? Todo mundo faz um pedido e alcança. Vim aqui pedir saúde, porque está todo mundo doente. O irmão dela (a neta, Bruna) ficou um mês internado por uma febre e o pai gosta de beber. Minha irmã também está com uma virose... Então tem que pedir saúde”.
O técnico de implantação de sistema Lucas Carvalho, 30, também vai à igreja no último domingo de janeiro todos os anos e aproveita para tomar o banho de pipoca. Nas escadarias do templo, mães de santo dão o banho nos fieis que querem renovar as energias. “A gente tem que vir pedir a cura para todas as pessoas em hospitais e também para as enfermidades de nossa alma”.
Este ano, Lucas veio acompanhado da mãe, a professora Ana Paula Matos, 46. Ela, que vive em Cícero Dantas, no nordeste da Bahia, estreava na festa de São Lázaro e tomou o primeiro banho de pipoca. “Sou católica, mas sou professora de História e acredito no sincretismo. Acredito no que fala de Deus. Aproveitei para pedir saúde para uma amiga que está com câncer e para minha mãe, que tem sofrido de artrose”, conta.
Já o aposentado José Ubiracy, 52, também é dos que está sempre presente na festa de São Lázaro. Foi o santo, segundo ele, o responsável por conseguir sua aposentadoria, em 1984. Naquela época, trabalhava com serviços gerais, mas já sofria de problemas cardíacos. Mas a fé não é só em São Lázaro – mas em todos os santos católicos. “Todas as festas de igreja eu vou. (Lavagem do) Bonfim, Conceição da Praia, Iemanjá... Tudo. Inclusive, no dia 2, depois de Iemanjá, vou para Candeias, que vai ter uma festa de Nossa Senhora da Conceição de Candeias”, revela.
Até o fim do dia, serão realizadas outras missas. A missa festiva será às 15h, seguida da procissão até o Campo Santo, a partir das 16h. Devido à procissão, o trânsito na Rua Professor Aristides Novis e região será interditado progressivamente a partir das 16h.
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Redação iBahia
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