Iuri criou a página Guia de Sobrevivência do Soteropobretano, que já tem mais de 56 mil curtidas (Foto: Angeluci Figueiredo) |
O hábito de pesquisar e dar dicas sobre a programação cultural de Salvador a amigos surgiu do interesse de conhecer lugares e atrações inusitadas, já que não gostava de passear apenas em shopping. A satisfação de mostrar outras opções acabou fazendo de Iuri Barreto, 26 anos, uma referência para aqueles que buscavam circuitos culturais alternativos na cidade. Recém formado em Direito, área que não gostava, desempregado e sem querer seguir a carreira, aceitou a sugestão de um amigo: “Faça um blog para dar dicas de programas culturais!”.
Criou o Guia do Soteropobretano e começou timidamente. Quase não alimentava o blog, mas a monotonia de fazer os mesmos programas, nos mesmos lugares, foi fator decisivo para turbinar a ideia do blog no facebook, com uma linguagem espontânea e descontraída.
Em um mês, já tinha 4 mil curtidas. Em três anos, aumentou para mais de 56 mil. No blog, são 5 mil visitas diárias e, no instagram (@soteropobretano), 15.700 seguidores. Ele também participa do programa Mix Cultural, da rádio CBN. Ontem, ele se apresentou no Blogando, evento promovido pela Unijorge que vai até hoje. Conheça, a seguir, a história do blogueiro.
Hoje você atua com marketing num agência de turismo. O Soteropobretano te deu habilidade para isso?
As portas se abriram a partir do Soteropobretano. Quando entrei aqui, na Grou, agência de turismo, eles pediram que eu não abdicasse da página. Quando tenho um evento no horário de trabalho, eles liberam, são flexíveis. O Soteropobretano é para soteropolitanos. A cidade, antes de ser turística, precisa ser interessante para o morador. Já fui acusado de tapar o sol com a peneira, de ser ingênuo. Tenho consciência das coisas negativas da cidade, mas não quero que seja isso. É um guia de sobrevivência, de como se virar em Salvador.
Por que você desistiu de exercer o Direito?
Eu queria fazer Comunicação, mas fiz Direito porque minha mãe é advogada. Me encontrei muito mais na Comunicação. Na verdade, a Comunicação me descobriu. Uma pessoa que curtiu o Guia me chamou para trabalhar onde estou agora. Fui na cara e na coragem, porque já tinha advogado e não gostei. Atualmente, nunca me vi tão satisfeito como antes.
Você ainda tem algum plano de seguir a carreira jurídica?
Com certeza a Comunicação não dá o mesmo retorno financeiro que o Direito, porém, dá mais satisfação. O profissional de Direito depende das pessoas que têm problemas e os de Turismo, não. É inerente essa carga negativa. Não fico fazendo planos para voltar pro Direito. Hoje, por mim, não.
Você estuda como criar conteúdo para a internet?
Não estudo nada, mas gostaria. Aprendi tudo na prática. Até mudei a forma de escrever, porque as pessoas não querem ler muito, e me tornei mais cauteloso. Mas continua sendo totalmente espontânea. Faço em média quatro posts por dia, e tenho consciência de que alguns não vão chamar tanta atenção. Não sigo muito as estratégias de analista, não.
E qual o seu público?
Tem gente de Salvador inteira, de classe baixa à alta. Mas é uma galera que curte de tudo. Da farofa à Osba.
Qual é a linguagem usada nas publicações?
Eu não gosto de usar gírias. A gente fica num terreno perigoso, do natural e do estereotipado. Tem pessoas que me pedem para escrever “misera”, essas coisas. Quero que seja natural. A gíria baiana é legal quando é natural. A página cresceu muito, então eu sou mais cauteloso com o que eu escrevo, porque não sei como aquilo vai chegar nas pessoas.
Qual os principais critérios que uma atração precisa ter para você indicar?
Tem que ser barato ou gratuito, interessante, de cunho social ou uma oportunidade única. A gente tem uma cultura muito passiva de esperar que as coisas aconteçam. A gente espera que a rua fique cheia para sair de casa, mas se a gente não sair não vai encher nunca. Os eventos de rua estão tendo mais adesão. Você nota que existe uma demanda, as pessoas estão cansadas de shopping. A ocupação inibe a sensação de insegurança. Eu gosto de gente, de Salvador cheia.
Com essa rotina de trabalho, você consegue visitar as coisas?
Bem menos, mas se eu falar que eu visitei, eu visitei. Quando tenho tempo e carona, abuso a pessoa para passear e rodo a cidade. Nessa brincadeira, levo conteúdo para dias. Recebo releases, mas sou mais ativo do que passivo nesse sentido. Tenho minhas fontes: as páginas dos espaços culturais das cidades. Quando abro o facebook já vejo essa lista.
Você aceita cortesias e publicações pagas?
Cortesias eu aceito, sim. Publieditoriais eu nunca fiz, mas sempre tem a primeira vez. Quando ganho cortesia de qualquer coisa nem sempre uso. Uso quando são de atrações caras, que normalmente não iria. Tenho um amigo que trabalha com teatro, ele já me ofereceu várias vezes, mas eu prefiro pagar. Já aconteceu de eu ir num restaurante, com cortesia, e não gostar da comida. Não publiquei nada.
Qual é sua ambição?
Eu quero que vire um site, para ser um guia mesmo. No conteúdo de redes sociais a gente se perde, então eu pretendo compilar o conteúdo. É uma ideia futura.
Veja também:
Leia também:
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!