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SALVADOR

Corpos de mortos na tragédia da Soledade são sepultados

Um pai e dois filhos morreram depois que parte de um casarão caiu sobre o imóvel em que eles moravam

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Redação iBahia

25/04/2017 às 19:54 • Atualizada em 31/08/2022 às 21:40 - há XX semanas
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Sepultar um familiar é uma tarefa difícil para muita gente, imagine ter que se despedir de três entes queridos, para sempre, no mesmo dia. Essa foi a tarefa da autônoma Simone Carreiro Deminco, 30 anos. Ela e o filho, um adolescente de 12 anos, escaparam com vida do desabamento de um casarão na Ladeira da Soledade, em Salvador, mas o pai e os dois irmãos dela não tiveram a mesma sorte. A tragédia aconteceu na noite de segunda-feira (24), no bairro da Liberdade.

Os caixões com os corpos de Paulo Ricardo Carreiro Deminco, 44, Ana Paula Carreiro Deminco, 34, e do pai deles, José Próspero Deminco, 73, foram alinhados dentro da igreja do Cemitério do Campo Santo, na Federação, na tarde desta terça-feira (25). Eles foram colocados no centro do templo para uma missa de corpo presente.

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Movimentação no cemitério durante a saída dos caixões (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

Emocionada, Simone acompanhou a cerimônia amparada de ambos os lados por familiares. Às 16h54 o primeiro caixão deixou a igreja sendo seguindo pelos outros dois. O cortejo até a quadra 18 do cemitério, onde os corpos foram sepultados, foi feito em silêncio, sem músicas nem orações. Nas mãos, os familiares e amigos levavam flores brancas e amarelas.

Os corpos de Paulo Roberto e de Ana Paula foram sepultados primeiro, sob aplausos. O caixão com o corpo de Seu José ficou por último. Ele estava coberto com uma camisa do Bahia, time de futebol de que o idoso era torcedor há anos.

Caminhando com passos lentos e muito emocionada, Simone se apoiou em três pessoas para fazer o cortejo até as carneiras onde os irmãos foram sepultados. Nos braços dela era possível ver os hematomas provocados pelo desabamento. A despedida levou os presentes às lágrimas.


O caminho até o próximo corredor, onde seria deixado o corpo do pai, foi demais para a autônoma. Ela não conseguiu se despedir dele e precisou sentar em um batente para se recuperar. Recebeu água e carinho dos amigos. "É muito duro pra ela, como seria para qualquer um de nós se estivéssemos no lugar dela", afirmou uma mulher.

Depois da tragédia, os moradores da Soledade temem que novos desmoronamentos aconteçam porque existem outros casarões no bairro que estão com as estruturas comprometidas. Apesar do medo dos vizinhos, bastava ver o olhar perdido e as lágrimas de Simone durante o sepultamento, nesta terça, para perceber que outra estrutura, com menos concreto e mais sentimentos, também está prestes a desabar.

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