A construção civil historicamente é um campo profissional pouco receptivo às mulheres, mas ações de inclusão e capacitação têm contribuído para mudar esse cenário. Uma dessas iniciativas, promovida pela incorporadora Moura Dubeux, está em andamento até esta sexta-feira (1º), como parte do projeto MD Social, em Salvador.
A primeira turma da iniciativa na capital baiana, que começou na segunda-feira (28), promove qualificação para os serviços de Carpintaria e Execução de Alvenaria. O grupo é composto por 70 alunos, sendo 20 mulheres, que foram selecionadas com apoio do SENAC e do projeto Marias da Construção, da Prefeitura de Salvador.
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Segundo a gerente de crédito da Moura Dubeux e responsável pelo projeto MD Social, Conceição Silva, a ação é uma forma de consolidar o papel social da empresa. "Entendemos que formar mão de obra para esse mercado seria uma grande oportunidade de diminuir a desigualdade social, principalmente trazendo as mulheres para o mercado", observou.
O curso, que acontece no canteiro de obras do empreendimento Olhar Caminho das Árvores, tem carga horária de 24 horas, abrangendo teoria e prática. As aulas são ministradas em uma parceria com o Instituto Engenheiro Joaquim Correia (IEJC) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Novas turmas devem ser abertas nos próximos meses.
A responsável pelo projeto explica que, além da capacitação profissional, a iniciativa ainda abre oportunidades de emprego na própria incorporadora. "No final do curso, eles passam por uma avaliação, e os que tiverem um bom desempenho de aprendizagem podem ser aproveitados em nossas obras. Tivemos a primeira turma em Fortaleza, com 20 mulheres, e ao final do curso 12 foram aproveitadas em nossas obras", disse.
Incentivo para avançar
A diretora Comercial, de Marketing e de Relacionamento com o Cliente da Moura Dubeux, Eduarda Dubeux, contou que os bons resultados do projeto servem como um combustível para a abertura de novas turmas. "A gente esteve em Recife, e de lá para Fortaleza já houve uma crescente, já foi melhor o resultado, porque a gente vai aprimorando, se inserindo mais, até acreditando mais. Hoje, aqui em Salvador, das mulheres que entraram apenas uma desistiu. A gente vem evoluindo, é um projeto que tem que ter continuidade para que ele cresça cada vez mais", pontuou.
O curso trouxe a oportunidade de uma nova capacitação até mesmo para quem já fazia parte do canteiro de obras. É o caso de Jacineide Ribeiro, de 46 anos. Conhecida como dona Neide, ela acumula mais de 10 anos de experiência em construção civil e já estava na obra do Olhar Caminho das Árvores como copeira, mas aproveitou para ganhar novos conhecimentos na turma de Execução de Alvenaria. "Fiquei sabendo do curso, corri logo para me inscrever porque nunca trabalhei em nenhuma empresa que desse à gente essa oportunidade como a Moura está proporcionando. Estou muito feliz e estou agarrando esse curso com todo o meu gás", disse.
Incluir e acolher
De acordo com o diretor regional Fernando Amorim, o projeto MD Social busca refletir nos canteiros de obras a mesma realidade já observada nos setores administrativo e de gestão da Moura Dubeux, onde as mulheres são 40% das equipes. A meta, segundo ele, é atingir a marca de 20% de participação feminina nos canteiros de obras, estimulando a formação de turmas híbridas de capacitação com presença de 50% de mulheres.
O diretor ressalta, no entanto, que o compromisso de inclusão da empresa continua no cotidiano dos canteiros de obras. "Temos muitas palestras de conscientização, temos banheiros e vestiários femininos. Eu acho que o mundo está mudando, os próprios funcionários percebem isso, e a gente não é tolerante com machismo. Se tiver algum funcionário nosso que tiver conduta inadequada, a gente vai excluir esse funcionário", afirmou.
Redação iBahia
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