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Dona Rosa faz pose ao lado das bolsas que vende na praça do Relógio de São Pedro |
Todo dia é sempre igual, o despertador toca às 5 da manhã e dona Rosa Maria Ribeiro, de 53 anos, levanta para começar mais um dia de trabalho. São três anos tomando conta da sua barraca de bolsas na praça do Relógio de São Pedro. Mas, antes, a vendedora ambulante já trabalhou outros 25 anos na Baixa dos Sapateiros, mais outros 6 como vendedora em uma loja de crianças na Barroquinha e ainda tentou dar aulas para crianças. Medo de trabalho dá pra ver que ela não tem, afinal saiu do Maranhão há 35 anos para tentar um futuro melhor em Salvador. "Trabalho desde os 7 anos. Comecei como babá na minha cidade e quando completei 18 anos vim estudar em Salvador", relembra dona Rosa. Apesar de ter concluído o magistério e poder dar aulas para crianças, dona Rosa não se adaptou à linguagem baiana e resolveu trabalhar como camelô. "Foi quando eu montei a minha barraca na Baixa dos Sapateiros e lá fiquei mais de 25 anos. O movimento era muito bom e só tive que mudar de trabalho depois que aconteceu a reformulação do comércio no local e os clientes foram se afastando", conta.
Família Foi durante o período em que trabalhou na Baixa dos Sapateiros que ela conheceu seu marido, se casou e teve uma filha. Para administrar tudo isso, dona Rosa tinha que pagar uma pessoa para ficar com a menina ou levá-la para a barraca. "Já troquei muita fralda em cima das roupas e até improvisei um berço embaixo da mesa", relembra. A medida em que foi crescendo, Jamile passou a ajudar a mãe. "Hoje é ela que me ajuda, aprendeu a conquistar as clientes e posso até dizer que é melhor vendedora do que eu".
"Já troquei muita fralda em cima das roupas e até improvisei um berço embaixo da mesa" |
Mulher guerreira Apesar de ser de "bem com a vida", a ambulante também já viveu momentos de drama, tinha que lidar com o alcoolismo do marido e com as dificuldades financeiras em casa. "Era muito difícil, saía de casa antes de o sol nascer e só voltava de noite. Meu marido passou a beber para esquecer os problemas e acabou se viciando", conta. A bebida trouxe ainda mais problemas para a família da vendedora. Seu companheiro adoeceu e acabou falecendo há sete anos. Desde então, dona Rosa trabalha sozinha para sustentar a casa, paga o estudo da filha e ainda administra a barraca. "Nunca tive medo de trabalhar, me considero uma pessoa guerreira, capaz de enfrentar qualquer dificuldade para conquistar meus objetivos". Além de guerreira, Dona Rosa também garante ser uma mulher feliz. "Consegui construir tudo que tenho com o meu trabalho. Criei minha filha, comprei minha casa e tenho minha barraca com meu esforço, não faria nada diferente do que eu fiz", afirma.