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SALVADOR

Comerciantes se queixam da estrutura do Mercado de Itapuã

Equipe do iBahia esteve no bairro e conversou com ambulantes que trabalham no local, após o início das obras em julho

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20/08/2014 às 14:01 • Atualizada em 01/09/2022 às 18:25 - há XX semanas
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A rotina do senhor Antônio Bispo é quase a mesma há pouco mais de dois anos, quando o Mercado Municipal de Itapuã foi demolido: antes das 7h da manhã, ele tira as hortaliças das caixas, separa em moios e enfileira as garrafas de leite de coco e azeite de dendê sobre a pequena quitanda. Tudo muito bem organizado para atrair os olhares de quem passa pelo pequeno corredor da Rua Genebaldo Figueiredo, no bairro de Itapuã, em Salvador.O comerciante era um dos 28 permissionários que trabalhavam no Mercado Municipal do bairro antes da interdição - em fevereiro de 2012 - e posterior demolição, em maio de 2013. Segundo o vendedor, que trabalha há 30 anos no espaço, a destruição do mercado pesou em seu faturamento. "Desde que eu saí dali dentro - aponta para o espaço onde ficava o Mercado - eu tenho perdido 70% daquilo que eu ganhava quando trabalhava no box. Antes eu vendia cereais, era quase uma mercearia, mas tive que mudar. A Vigilância Sanitária não ia me deixar ficar aqui fora vendendo isso."
Antônio Bispo trabalha no local há 30 anos
Mesmo desanimado com o atual faturamento, Bispo não perde o otimismo para os próximos meses e fala da sujeira. "Eu acho que vai melhorar quando eles entregarem o Mercado, né? Acho que é uma fase, mas que vai passar. O problema aqui é a sujeira: o carro do lixo passa a cada dois dias, mas o pessoa não respeita. Joga lixo todo dia, a qualquer hora, resto de peixe, resto de corda de caranguejo", reclama. À frente da Peixaria Caravela, também instalada na Rua Genebaldo Figueiredo, o casal de irmãos Jackson e Gilsélia dos Santos leva adiante a herança cultural da família com a venda de frutos do mar. Para Jackson e Gilsélia, as intervenções no entorno do Mercado Municipal também refletiram no faturamento do estabelecimento. "A obra em si não atrapalha o nosso trabalho, mas o que afeta nossas vendas é o desordenamento dos vendedores aqui fora. Esse novos ambulantes não se preocupam com isso de licença, eles pegam carona no espaço público livre. É uma sensação desagradável. Imagine pedir licença para entrar na sua própria casa? Você passa para abrir a peixaria, está neguinho te olhando de cara feia. Eu pago meus impostos, tenho alvará, mas sou prejudicado com o número de pessoas que fica aqui na porta", protesta Souza.Gilsélia lembra ainda que por conta da falta higiene, é comum encontrar animais como ratos e baratas entre as barracas instaladas na rua.
Comerciantes reclamam da desorganização no local
Outros comerciantes que trabalham no local se queixam do número de pessoas vindas de outros bairros e que instalam seus pontos de vendas no pequeno corredor. "Tem gente que trabalhava na praia e com a retirada das barracas, montou tudo aqui na frente, sem licença da prefeitura, sem nada. Tem ambulante que veio de outro bairro e monta barraca aqui. Quem chega aqui, fica", diz um comerciante que preferiu não se identificar. Procurada, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) disse que vai se pronunciar sobre a fiscalização no local.Novo Mercado No dia 24 de julho, a prefeitura iniciou algumas intervenções no espaço com a montagem do canteiro de obras. De acordo com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), o novo mercado terá 54 boxes que serão distribuídos em três pavimentos. O primeiro, no andar térreo, contemplará 29 boxes para comércio de hortifruti, açougue e mercearia. Já o segundo pavimento, no primeiro andar, terá 16 boxes destinados a produtos de artesanato. O terceiro pavimento, na cobertura, abrigará nove boxes para alimentação, além de uma pequena área destinada a apresentações culturais.
Vendedora prepara alimentos com um fogão improvisado
Ainda segundo a prefeitura, os espaços dentro do novo mercado serão destinados, a princípio, aos 28 permissionários e os outros comerciantes poderão garantir um boxe através de licitação. O investimento é de R$5,3 milhões e o projeto foi desenvolvido pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF).

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