O cantor Emicida lotou a Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), na noite do último domingo (19), com o show do álbum "Amarelo". O evento, que foi adiado após o rapper ser diagnosticado com Covid-19, aconteceu com casa cheia.
Emicida chegou à capital baiana com uma proposta: fazer a Concha Acústica tremer feito o Theatro Municipal em São Paulo, local escolhido para a gravação ao vivo do álbum, que aconteceu no final de 2019. A apresentação deu origem ao documentário que marcou uma nova fase na carreira.
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"Foram dois anos esperando, achei que ele cancelaria depois do Covid, mas foi melhor do que nunca. O álbum fala muito e representa muito para o povo preto. A ansiedade tomou conta", comentou o fã Iago Diniz, sobre a emoção de ver o rapper retornando a Salvador.
A abertura do show ficou por conta do baiano Hiran, rapper nascido em Alagoinhas, que já protagonizou canções ao lado de nomes como Baco Exu do Blues, Caetano Veloso, Margareth Menezes, Linn da Quebrada.
Nas duas últimas semanas, Hiran esteve no centro de polêmicas. As situações foram repercutidas no palco, dentre elas, a afirmação de ter sido vítima de calúnia por parte de representantes políticos. A situação teria acontecido após um vídeo viralizar com uma das músicas dele que foi modificada.
"Eles falaram que eu era um representante do narcotráfico. Tentaram me difamar, mas a minha resposta está aqui, na minha música. Burrice pega, mas não vai pegar em mim", explicou fazendo alusão ao single "Muda".
'Agora somos uma família gigante, obrigado Salvador'
Emicida não conteve a emoção ao falar sobre o retorno à capital baiana, lugar onde frequentou no início da carreira. Durante apresentação, o rapper falou sobre as experiências e o apoio que recebeu de baianos, e ainda confirmou sua presença no festival AfroPunk, que acontecerá em novembro no Parque de Exposições de Salvador.
"Éramos apenas cinco pessoas, com o EP debaixo do braço, batendo de porta em porta, e agora somos uma família gigante", contou.
https://twitter.com/emicida/status/1538721452333182979
Homenagens
Saindo do roteiro do rap, Emicida trouxe samba ao palco. O cantor homenageou grandes nomes do ritmo como Pinxinguinha e Wilson das Neves. O momento lhe rendeu presentes de fãs. O artista ainda homenageou o musicista baiano Letieres Leite, que morreu em outubro do ano passado.
E declarou que o show era uma homenagem e um pedido de justiça ao caso do indigenista Bruno Pereira e ao jornalista inglês Dom Phillip.
"Esse show é dedicado ao jornalista Dom Phillips e ao indigenista Bruno Pereira. Qual é a profundidade da desgraça necessária para fazer com que uma pessoa que defende a floresta e os povos originários termine dessa maneira? A gente precisa provar que somos melhores em outubro. Esse lugar precisa se transformar num país urgentemente"
Emicida
Fãs registraram o momento nas redes sociais, confira:
https://twitter.com/larateixeiraa1/status/1538727314204286976
Representando a Bahia, o público que estava na Concha Acústica pode presenciar o primeiro feat ao vivo entre Emicida e Larissa Luz. A cantora, que subiu ao palco trazendo a música "Ismâlia", contou em entrevista ao iBahia antes do show sobre a sensação de estar em casa.
"A gente gravou essa música, mas a pandemia não nos deixou fazer ao vivo, essa vai ser a primeira vez que vamos gravar, e vou estar em casa. É o exato momento para consagrar essa parceria e no melhor lugar"
Larissa Luz
No palco, o rapper voltou a repetir frases emblemáticas do longa metragem "Amarelo- É Tudo para Ontem", esclarecendo que a meta era "recuperar os ambientes que foram negados aos pretos durante a história desse país".
AmarElo
O longa metragem foi construído durante o período pandêmico. A fotografia e o roteiro tiveram que ser adaptados, e é nesse momento que o projeto deixou de ser apenas sobre "AmarElo". Como contado em coletiva de lançamento, o documentário ganhou fatos e um peso histórico.
Durante a montagem foram utilizadas imagens de arquivo do Ipeafro e da TV Cultura, o que o artista chama de "fatos que antecederam a imagem do Emicida". Usando uma câmera analógica, o rapper cria uma fotografia com acervos pessoais, que levam a narrativa a outras vertentes trazida por imagens da casa, jardim e filhas durante a quarentena.
Com alusões à Semana de Arte de Moderna, que aconteceu no Brasil em 1922, o cantor buscou reafirmar a importância do rap nacional ter própria identidade, fugindo dos parâmetros estadunidenses, dessa vez a referência é a África e a cultura preta.
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Isla Carvalho
Isla Carvalho
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