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SALVADOR

Coluna ValoRH: A importância na matemática financeira

Sérgio Sampaio analisa a importância da matemática no Brasil, que tem sido associada à dor de cabeça, ao temor e mesmo ao terror. Saiba mais

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04/06/2013 às 9:14 • Atualizada em 30/08/2022 às 0:05 - há XX semanas
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Esta velha senhora, Dona Matemática, tem sido motivo de temores e aterroriza os estudantes brasileiros até os dias de hoje. Infelizmente, no Brasil, a matemática tem sido associada à dor de cabeça, ao temor e mesmo ao terror. Este temor é estendido ao ensino da sua prima, a Física, que suscita temores ainda mais tenebrosos. E isto para não falar das sobrinhas, que atendem pelo nome de Geometria, Álgebra, Estatística, Aritmética e Trigonometria. Aqui, trataremos de uma filha considerada, por muitos, bastante antipática, a Matemática Financeira. Não se pode dizer que a relação do brasileiro, em geral, com a matemática, seja propriamente tranquila, e esta relação é bem representada pelos exames de avaliação de aprendizado em matemática do PISA, um programa internacional de avaliação de aprendizado dos estudantes em vários países do mundo. O Brasil ocupou a 57ª posição na última versão conhecida e atrás de países como México, Turquia, Grécia, Romênia e Trinidad e Tobago. Para um país onde o ufanismo tem alcançado novos patamares, tais colocações contrariam a propaganda oficial e revelam os velhos problemas de sempre, mal resolvidos.
Os dados do PISA representam apenas uma das faces de um velho problema, que é a deficiência crônica nas disciplinas relacionadas ao campo de exatas no Brasil. Podemos arriscar explicações históricas para isto, começando pelo fator inibidor do desenvolvimento industrial no Brasil durante o período da colonização português, nosso modelo fortemente agrícola e escravocrata temporão, e a submissão da nossa economia a uma relação de dependência, conveniente para o setor econômico dominante, e dependência das economias mais desenvolvidas. A relação de trocas entre o Brasil e outros países tem tradicionalmente nos colocado como fornecedores de matérias primas, agrícolas e minerais, absorvendo em troca... tecnologia ! Pode-se alegar que sempre foi assim, mas não se pode dizer que o acesso à tecnologia nos é vedado como o era nos primórdios da industrialização. Temos pleno acesso às melhores tecnologias disponíveis e a todo o acervo de conhecimentos existente. Se não temos instituições capazes ainda de gerar o conhecimento no mesmo nível da vanguarda mundial, não existe qualquer tipo de barreira que nos permita ao menos nos aproximarmos bastante desta vanguarda. Com os recursos que detemos hoje, podemos arriscar afirmar que podemos assimilar conhecimentos equivalentes a 99.9% do que as instituições de ponta no mundo todo dispõem. Se não podemos ainda almejar ser líderes, poderíamos almejar uma posição melhor, pelo menos no pelotão intermediário, e não na rabeira, como ainda é hoje. Nossa relação com as ciências e a matemática têm sido de frio distanciamento, provavelmente por uma questão cultural. No Brasil, nos acostumamos a amar a área de humanas em detrimento da ciência. Não por acaso, as figuras proeminentes no Brasil são os advogados e juízes “famosos”, todo o pessoal ligado a artes e cultura, esportes, música e literatura. De quantos cientistas ouvimos falar ? Na primeira página do jornais lá estão eles, os juízes, nunca um matemático ou um físico. O último cientista “ famoso” no Brasil talvez tenha sido Oswaldo Cruz, já prestes a celebrarmos o centenário de sua morte. Nada em nossa celebrada cultura ajuda a projetar o ensino de matemática no Brasil como uma “coisa legal”. Pior ainda do que a relação com a matemática é a nossa relação com o dinheiro. O brasileiro entende muito mal o significado do dinheiro e um rápido olhar pelo nosso currículo esterilizado e despudoradamente politicamente correto, sequer aborda ou tangencia a História do Dinheiro e muito menos ainda a História da Matemática. O MEC se empenha, bem mais, em resgatar um sentimento de africanidade, o que também é louvável, visto que resgata a autoestima de um povo, mas deixa ao largo o ensino daquilo que pode ser útil na vida.
Nada em nossa celebrada cultura ajuda a projetar o ensino de matemática no Brasil como uma “coisa legal”
Uma análise do material escolar que é apresentado às crianças dificilmente irá ensinar qual é o significado do dinheiro, como ele surgiu e como sua noção foi sendo transformada. Manter as crianças, e futuros cidadãos desinformados sobre o significado do dinheiro é um convite à manutenção de práticas autoritárias sobre a atividade econômica, e que agora vemos revividas pelo atual Governo, um espelho invertido da ditadura militar, que nos legou uma inflação descontrolada. O que se vê, é que para a geração de dirigentes atuais nada mudou, com a cabeça econômica atolada na década de 70. Afinal, foi a incapacidade e incompetência do dirigismo econômico daqueles ditadores de outrora quem os derrubou. Afinal, um povo bem informado acerca do significado do dinheiro e dos mecanismos que regem a economia pode ser muito mais perigoso para os governantes do que a luta armada. Se o povo for devidamente munido da informação correta, matemática simplesmente, sobre o funcionamento da economia e de suas vidas domésticas, terá em suas mãos armas muito mais letais – para um governo, do que qualquer ideologia apodrecida pelo tempo e pela realidade. Um povo bem informado em matemática, sobretudo a financeira, jamais será iludido. Um bom número de pessoas que detenham um bom conhecimento de matemática, do funcionamento dos mecanismos financeiros, da história da economia e de matemática financeira não poderá jamais ser iludido com promessas vãs e discursos pobres e sem sentido proferidos pelas, assim autodenominadas, autoridades monetárias. A matemática financeira, que recentemente ganhou um bom impulso no nível médio das escolas privadas, deveria ser estimulada em todas as escolas. Muitas crianças perdem de vista a necessidade da matemática – acham que só serve para o ENEM e algum concurso público, perdendo de vista o porquê de se aprender matemática. O ensino da matemática financeira poderia ajudar a resgatar o gosto pela matemática, pois a matemática vista com uma função prática e na vida, ajudaria a quebrar a barreira, ou resistência meramente psicológica ao seu aprendizado, e de quebra ajudaria as crianças a compreender melhor o mundo. Duvida? Uma análise do valor da moeda romana, ou seja, a inflação que destruiu o seu valor acompanha o declínio do Império Romano... É a História, explicada com outro viés. E a adoção da matemática como ferramenta para entender o mundo atingiria dois alvos. O primeiro, que é o resgate do interesse pelo aprendizado da matemática pelas crianças, e o segundo, que é o aprendizado inestimável de como gerenciar a sua própria vida financeira e, se for o caso, seu próximo negócio. Por último, seria o antídoto que precisamos para ajudar a desmascarar os populistas de plantão e ajudar a desmontar bombas inflacionárias antes que os políticos, exercendo o ilusionismo que lhes é tão caro, nos leguem mais uma crise econômica que poderia ter sido evitada. Felizmente, para aqueles que já passaram pelo ensino médio e a faculdade, tem sido cada vez mais fácil resgatar assuntos que foram relegados ao quase esquecimento. Programas de educação continuada e baseados em plataformas Web propiciam ao profissional já graduado a possibilidade de resgatar, relembrar ou aprimorar o seu conhecimento em áreas específicas. Existem bons cursos disponíveis em matemática financeira, alguns com abordagem específica sobre a HP 12C, desde o nível introdutório básico até o mais avançado, todos eles direcionados para uma faixa etária mais avançada do que o aluno de ensino médio ou graduando. Procure, e achará !

Sergio Sampaio

Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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