Mesmo sem o peixe garantido, não vai faltar a cervejinha neste feriadão de Semana Santa — pelo menos para os saqueadores a supermercados de Salvador, que agiram nos três dias de greve da Polícia Militar. A bebida foi a mercadoria mais roubadas por jovens, adultos, crianças e até famílias, segundo relato de funcionários e seguranças das lojas visitadas pelo CORREIO, que, ontem, flagrou uma sucessão de saques à Cesta do Povo de Cajazeiras X. Não por acaso, a bebida era a mercadoria que enchia os carrinhos dos saqueadores. O flagrante foi registrado ontem, mas a loja vinha sendo roubada desde a noite da última quarta-feira, após um grupo abrir um buraco de 60 m de altura e 80 m largura, na lateral do prédio.
Em seguida, o grupo derrubou uma das portas e uma multidão entrou. Uma guarnição da 13ª Delegacia (Cajazeiras) espantou parte dos saqueadores, que voltou após a saída dos agentes e, com raiva, ainda incendiou a loja. Por volta das 10h de ontem, a fumaça ainda saía do prédio, mas a população ignorava o risco de o teto desabar, para retirar as sobras. A distância, a equipe do CORREIO flagrou grupos de motociclistas, motoristas e pedestres levando caixas de cerveja, refrigerantes e energéticos. Os mais ágeis eram os motociclistas. Em dupla, iam e voltavam com pacotes de Skol, Skin e Grau. Mulheres contavam com os filhos para carregar as “compras”. “Bora menino com isso aí. Sua tia está esperando”, disse uma senhora a uma das três crianças. As bebidas eram transportadas em carrinhos da própria loja. Duas pessoas foram detidas por agentes da 13ª Delegacia (Cajazeiras) para averiguação, entre elas um adolescente de 17 anos. “Ia cortar o cabelo quando fui abordado pela polícia”, justificou. O outro detido, um auxiliar de serviço gerais, também negou que fizesse parte dos saqueadores. Churrascão Na Cesta do Povo de Alto de Coutos, arrombada na quarta, as bebidas também foram os produtos mais disputados. Segundo populares, um grupo de moradores usou um pé-de-cabra para ter acesso ao local. “Essa loja tinha mais cerveja do que comida. No mesmo dia, uma turma fez um churrascão com o que foi levado”, disse um rodoviário. Na madrugada de quarta, a Cesta do Povo do Ogunjá foi arrombada — cervejas e alimentos foram levados. O presidente da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), que administra as lojas da Cesta do Povo, Eduardo Sampaio, confirmou que a greve ter ocorrido próximo à Semana Santa contribuiu para os saques de bebidas e pescados. “Como esse é um período de pré Semana Santa, e estávamos bem abastecidos, roubaram bacalhau, camarão, salmão, pescada amarela, além das bebidas, que foram alvo da maior parte dos saques”, disse.
Sampaio estima o prejuízo em R$ 2 milhões. As lojas de Cajazeiras X, Caixa D'Água e Alto de Coutos podem não ser reabertas. Já as unidades do Ogunjá, São Thomé de Paripe, Barros Reis, Estrada das Barreiras e Castelo Branco funcionam amanhã, a partir das 12h, com reforço na segurança. Prejuízo Também no Ogunjá, o G Barbosa sofreu ataques — foram levados TVs e micro-ondas. Em Brotas, o Bompreço foi invadido por cerca de 30 pessoas. Segundo funcionários, foram roubados cerveja, uísque, refrigerante, carnes e peixes. Ainda na quarta, 50 pessoas invadiram o Hiper Bompreço da Garibaldi e levaram bebidas, roupas e eletrônicos. A assessoria do GBarbosa informou que não vai divulgar o prejuízo durante a greve. Já o Bompreço disse que está concluindo um levantamento dos saques. *Colaborou Amanda Palma Matéria original: Correio 24h Greve da PM: Cerveja foi a mercadoria preferida dos saqueadores aos supermercados
Rastro de destruição na Cesta do Povo, em Cajazeiras X: após saques seguidos, população incendiou loja |
Aglomeração na porta da loja: crianças e até famílias participaram de arrastão a mercado |
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