O Ministério Público da Bahia (MP-BA) aceitou prorrogar, por 90 dias, o prazo para conclusão do inquérito policial sobre o desaparecimento de Davi Santos Fiúza, 16 anos, ocorrido em outubro de 2014. O pedido foi do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelas investigações. A decisão foi tomada na sexta-feira (27), mais de dois anos após o desaparecimento.
A promotora Isabel Adelaide, que coordena o Grupo de Atuação Especial para o Controle Externo da Atividade Policial (Gacep), informou que a dilação do prazo foi concedida para uma melhor apuração de dados técnicos. "Existe necessidade de cruzamento de dados técnicos, é uma perícia que precisa ser feita e leva tempo. A polícia também deve coletar outras informações que vão robustecer esses dados", explica a promotora. Caso o inquérito não seja finalizado em 90 dias, outra dilação de prazo pode ser requisitada.
A coordenadora do Gacep não confirmou se permanece a linha de investigação que Davi Fiúza teria sido assassinado por alunos do curso de formação da Polícia Militar. "Qualquer informação que eu der pode atrapalhar", disse. "Posso apenas dizer que surgiu uma linha de investigação que vai confrontar tudo que estava posto até então", completou, sem explicitar se a nova linha é a do curso de formação.
Ainda conforme a promotora Isabel Adelaide, a demora no fechamento do inquério de Davi Fiúza, que já dura mais de dois anos, é comum. "As pessoas não sabem, mas o delito de homicídio muitas vezes não é de fácil solução", afirma. A Polícia Civil apenas confirmou a dilação do prazo. Em abril de 2016, a corporação havia dito que o inquérito estava em "fase de conclusão". Na ocasião, o delegado Reinaldo Mangabeira, à frente do caso, confirmou ao CORREIO que já havia concluído o inquérito.
Relembre o caso
Davi Fiúza desapareceu no dia 24 de outubro de 2014. Por volta das 7h30, ele conversava com uma vizinha na Rua Vila Verde, no bairro de São Cristóvão, quando foi levado por um grupo de homens. Duas semanas depois, a mãe do adolescente, Rute Fiúza, divulgou o caso, acusando a policiais militares.
"Meu filho estava na rua, conversando com uma moradora, quando policiais da PM, Rondesp e Peto chegaram ao local", disse Rute. Segundo ela, o grupo dirigia dois carros descaracterizados, um Gol prata e um Sandero cinza. "Eles tiraram a camisa do meu filho, colocaram um capuz no rosto dele, e amarraram as mãos e os pés. Em seguida, colocaram Davi no porta-malas do Gol e foram embora", contou Rute.
Davi foi sequestrado dois dias antes do segundo turno das eleições. Durante o período eleitoral - cinco dias antes da votação e 48 horas após o seu fim - a prisão de qualquer eleitor só pode ser feita em flagrante. Os familiares de Davi deram queixa na Corregedoria da Polícia Militar. Ainda em 2014, a corregedoria passou o caso para a Polícia Civil, afirmando não ter encontrado indícios consistentes da participação de PMs.
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Redação iBahia
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