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Os baianos saíram ilesos do acidente |
Longe de ser roteiro de filme de ação e de aventura, o drama vivenciado por dois baianos e por um piloto mexicano, no último dia 18 de setembro, no famoso balneário de Cancún, no México, é o tipo inacreditável de situação que raramente costuma ser contada pelos próprios protagonistas. Por pouco, um sequência de fatos atemorizantes, que inclui uma falha mecânica no helicóptero modelo Robinson 44 de quatro lugares, usado em voos panorâmicos, e a queda direta num lago entupido de crocodilos, não pôs um fim trágico ao que deveria ser somente um sobrevoo tranquilo pela área. O caso, que ganhou repercussão internacional, foi
relatado ao iBahia pelos dois sobreviventes - o administrador Eduardo Abenhaim, 34 anos, e o estudante de engenharia, Ricardo Correia, de 24 anos. Os dois já se encontram no Brasil.
A queda"A nossa ideia era conhecer a ilha de cima. Passear, tirar algumas fotos, enfim, fazer o registro. De repente escutamos um estampido, a hélice parou de funcionar e imediatamente o helicóptero começou a cair. Primeiro girou, rodopiou em torno do próprio eixo e depois em queda livre. Estava muito alto e na hora só pensei: morri", conta Eduardo. Para ele, os rápidos minutos entre a falha e o choque com o lago pareceram uma eternidade. "Fiquei inconsciente por pouco tempo, mas quando acordei já estava engolindo um pouco de água". O primeiro a sair da aeronave foi Ricardo. Isso porque o helicóptero caiu do lado oposto ao local do assento dele. "O susto inicial foi realmente indescritível. Eu olhei a princípio, saí do equipamento e nadei para me afastar porque numa situação dessas não se sabe o que pode acontecer. Vi que uma parte dos destroços ficou boiando na superfície e que o piloto tentava se equilibrar. O piloto começou a chamar e na hora, mesmo sem entender o porque, me dirigi à parte que flutuava", relembra o estudante.
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Lagoa serve de abrigo para os crocodilos |
Morada dos crocodilosO gesto do mexicano Ricardo Bulerui não era somente para evitar o possível afogamento de um dos passageiros, mas sim um aviso do enorme perigo de permanecer na água. A laguna Nichupté é conhecida na região por abrigar uma imensa quantidade de crocodilos. "A gente não sabia dessa informação até o momento em que fomos resgatados. Não sabíamos que estávamos correndo risco somente por estar dentro daquele lago", explica Eduardo. Enquanto os baianos tentavam tranquilizar-se, o piloto, acenando com a camisa, conseguiu atrair a atenção de quem estava próximo a orla. Por sorte, o resgate não demorou para chegar. As lanchas de moradores ajudaram a tripulação, conduzindo o mexicano para o centro hospitalar da Cruz da Vermelha e os passageiros para o hospital particular Playamed. As autoridades locais também foram acionadas e se dirigiram ao ponto da queda.
Estado de choqueDepois do resgate e de receberam os devidos atendimentos médicos, a sensação era de perplexidade e de choque. É o que recordou Abenhaim: "Eu sentia muita dor na coluna. Até comentei com Ricardo que achava que ia ficar paralítico. O médico receitou calmantes e também fiz os exames necessários. Ainda hoje tenho dores e já estou buscando um especialista no Brasil". Já Ricardo só precisou passar pela sessão de raio-x, além de permanecer em repouso. Da experiência de passar perto da morte duas vezes de maneira tão intensa, ficaram apenas alguns ensinamentos: "Você pensa em outras coisas e passa a valorizar o que antes não costumava nem pensar. O fato de estar vivo é quase inexplicável. Agora estamos levando a vida com mais normalidade, sem pensar muito no que aconteceu", finaliza Eduardo.
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Alerta aos moradores e turistas sobre a presença de crocodilo na área |