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SALVADOR

Avenida ACM registra mais de 1.400 acidentes em um ano

Carro em que estavam, um Focus preto, se chocou violentamente contra uma árvore no Itaigara

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13/04/2013 às 12:37 • Atualizada em 30/08/2022 às 18:28 - há XX semanas
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A pista onde ocorreu a batida que vitimou os irmãos Ciro e Caio Araújo Rodrigues é marcada por ocorrências violentas no trânsito. Dados da Transalvador apontam que, em 2012, a Avenida Antonio Carlos Magalhães foi palco de 1.428 acidentes, sendo 222 com feridos e 9 com mortes. Nos primeiros meses de 2013, com números atualizados ontem, já são três acidentes com mortes na ACM, 25 com feridos e um total de 95 batidas envolvendo veículos. Quem trabalha e mora no local sabe que as duas pistas de velocidade que atravessam o Itaigara e o Parque da Cidade são violentas. Tanto que, ao longo dos anos, sinaleiras, passarelas e radares foram instalados na ACM, mas a quantidade de acidentes continua grande. “Sempre acontece. Esses postes, vira e mexe, são trocados”, disse a dentista Tatiane Freitas, que trabalha há dez anos no Pituba Parque Center. O acidente envolvendo os irmãos ocorreu bem debaixo de uma passarela e após a sinaleira. “Nessa sinaleira sempre dá problema, porque nela não tem radar”, apontou Tatiane. O fato é que jovens como Caio e Ciro são maioria entre as vítimas fatais de trânsito no Brasil. Segundo o último estudo do Ministério da Saúde, denominado Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes - referente a 2011 - 42.425 pessoas morreram no trânsito em todo o país naquele período. Um total de 38,8% das mortes foi de homens entre 20 e 39 anos. O mesmo levantamento mostra que 18,3% do total de óbitos de homens entre 20 a 39 anos ocorreu no trânsito. O Ministério da Saúde também tem estatísticas sobre internações hospitalares e gastos do estado relacionados com acidentes de trânsito. Só no estado da Bahia, foram realizadas 6.548 internações em 2011 de vítimas de acidentes de trânsito, o que custou R$ 7,8 milhões aos cofres públicos. Um deixa namorada grávida Mesmo muito jovens, os irmãos Ciro e Caio tinham um futuro bem promissor. O mais velho, Caio, de 23 anos, cursava Direito e era concursado do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Já Ciro, 22, estudava Administração e tinha criado sua própria empresa de venda de ingressos. Há cerca de 15 dias, soube que iria ser pai. Tudo isso foi interrompido na madrugada de ontem, por volta de 1h, quando o carro em que estavam, um Focus preto, se chocou violentamente contra uma árvore na Avenida ACM, Itaigara. Ambos morreram no local. O veículo, guiado por Caio, transitava na avenida e, por algum motivo ainda não esclarecido, o jovem perdeu o controle da direção. Segundo relatam amigos, o acidente aconteceu depois que os ir mãos saíram de uma festa de boas-vindas a um amigo que tinha retornado da Espanha e seguiam para outra festa, também no Itaigara. As circunstâncias da batida também não estão esclarecidas. No local onde o choque ocorreu não havia marcas de frenagem. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) informou que o laudo que determinará as causas do acidente será liberado em um prazo que vai de 15 a 30 dias. Marcas No local do acidente, bem em frente ao centro empresarial Pituba Parque Center, as marcas da tragédia. Manchas de sangue e pedaços do carro estavam por toda parte, ontem de manhã. Antes de atingir a árvore, o veículo subiu o passeio e atropelou estacas de madeira e uma corrente que separavam o meio-fio do canteiro lateral da pista. O vendedor ambulante Adriano Lima Brito, 57 anos, chegava para trabalhar antes das 4h e, duas horas após a batida, viu um cenário desolador. Dentro da ambulância do Samu, inicialmente chamada para atender os jovens, estavam os pais de Caio e Ciro, que passaram mal. “Foi muito feio. Um dos corpos estava fora do veículo e o outro ficou preso nas ferragens. Muita gente chorando e muitos curiosos”, conta Adriano. Chocados Os pais de Caio e Ciro, Carlos e Delamira, precisaram de ajuda depois da morte de dois de seus três filhos — o mais novo, Davi, tem 17 anos. Quatro colegas de trabalho do pai dos garotos, que é gerente na Caixa Econômica Federal, estiveram no Instituo Médico-Legal (IML) pela manhã para resolver questões burocráticas. “Encontrei com ele (o pai) pela manhã, extremamente abalado e atordoado. Comentou comigo que foi uma pancada muito forte, perder dois filhos de uma vez”, relatou um dos colegas de trabalho. “Se não fosse o caçula Davi, que ficou em casa, o cara não iria aguentar”. Somente por volta do meio-dia, Rita de Cássia Rocha da Silva, tia dos garotos, apareceu, acompanhada de um primo das vítimas, para assinar a liberação dos corpos. Abalada, Rita de Cássia precisava de ajuda para conseguir manter-se em pé. A 2ª Vara Regional do Trabalho, onde Caio trabalhava como calculista, fechou o expediente na tarde de ontem. Os dois irmãos estudavam na Faculdade Ruy Barbosa. Em nota, a instituição de ensino informou que Ciro cursava o 7º semestre de Administração e Caio estava no 1º semestre de Direito. Ainda na nota, a faculdade destaca que Ciro tinha um espírito empreendedor e mantinha um balcão de vendas de ingressos e divulgação de eventos na instituição. Os corpos de Caio e Ciro foram sepultados ontem à tarde no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, sob um transtorno muito grande de amigos e familiares, que mesmo depois da cerimônia permaneceram longos minutos ao lado da sepultura dos jovens (veja abaixo). Amigos Os amigos dos rapazes também ficaram abalados com a tragédia. Para Paulo Kleber, colega de faculdade e amigo próximo de Caio, ele era uma pessoa com uma maturidade difícil de encontrar em alguém de sua idade. Pensava nos outros. Era contido e educado. João Alexandre de Carvalho, ex-colega de faculdade, descreve Caio como gente boa, pessoa de bem, um cara altamente cabeça e responsável. “Todo mundo está mal na faculdade, sem entender direito. Ele era um cara inteligente, bom amigo e também de bom coração”. No Facebook, dezenas de homenagens foram postadas. Uma das mais emocionantes foi de um amigo de infância dos irmãos, Luiz Gabriel Neves. “Nesse momento, gostaria de registrar meu profundo sentimento de tristeza, ao perder amigos jovens, muito jovens, do convívio da infância. Sempre vou me recordar do seu olhar atento e carinhoso com os amigos”. A prima Priscila Rodrigues, também no Facebook, escreveu um longo texto de despedida. “Que dor terrível, Pai! Senhor, dê força a tio Carlos e tia Delamira e meu priminho Davi. Dê paciência!”, pediu, em um dos trechos. Amigos lembram que irmãos eram muito unidos Luana Ribeiro Muita gente jovem reunida. Desta vez, no entanto, para prestar as últimas homenagens na cerimônia realizada no fim da tarde de ontem no cemitério Jardim da Saudade, aos também jovens Ciro e Caio Rodrigues. De acordo com familiares, eles tinham menos de 12 meses separando suas idades. “Eu era amigo de infância dos dois, fiquei muito chocado, perdi dois irmãos. Há uns 15 dias, Ciro estava lá em casa e me contou que ia ser pai, que estava muito feliz. Me falou também de que estava indo bem com a empresa”, lembra Clóvis Maciel, 25 anos. A namorada de Ciro também esteve no sepultamento e acompanhou o cortejo dentro do carro funerário. O pai e a mãe dos rapazes, com a avó, o irmão mais novo e também a namorada de Caio, além de outros familiares estavam no enterro, emocionados. “É uma grande dor para um pai e uma mãe perder dois filhos de vez. Eles eram muito amigos, unidos, faziam tudo juntos, não à toa tinham ido juntos à festa”, afirmou uma familiar, que não quis se identificar. Já passava das 18h quando o sepultamento, marcado para às 17h30, começou. Ao longo do cortejo, integrantes de uma torcida organizada do Vasco da Gama, a qual Ciro pertencia, entoavam o grito de guerra do time. Ao final, uma salva de palmas. Matéria original Correio 24h Avenida ACM registra mais de 1.400 acidentes em um ano

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