Do axé e do samba-reggae, da MPB e do pagode, do arrocha e do rock. Quando a mistura de sons toma as ruas de Salvador, até quem é ruim da cabeça e doente do pé tenta mostrar o seu gingado. Os sons, as festas, os talentos que aqui nasceram e os que se tornaram parte da paisagem rítmica fizeram com que a capital baiana conquistasse, ontem, o título de Cidade da Música. O reconhecimento foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e torna a capital da Bahia a primeira cidade brasileira a conquistar o título. A honraria foi comemorada pelos artistas.O reconhecimento foi concedido seis meses após a Prefeitura lançar a candidatura ao título. Com a nomeação, a cidade passa a integrar a Rede de Cidades Criativas da Unesco no âmbito musical.
(Foto: Arisson Marinho/ Arquivo CORREIO) |
A rede é composta por sete áreas temáticas, que englobam o artesanato, artes folclóricas, design, filme, gastronomia, literatura, artes midiáticas e música. Além de Salvador, outras 18 cidades possuem o título de Cidade da Música, a exemplo de Sevilha (Espanha), Kingston (Jamaica) e Liverpool (Reino Unido). Segundo Jorge Khoury, gestor do Escritório Salvador Cidade Global, responsável pelo projeto, o reconhecimento possui, além da importância cultural, relevância social e econômica. “O título abre espaço para que tenhamos uma projeção internacional ainda maior. Isso atrairá mais turistas e investidores para essa área”, avaliou.
Além de intercâmbios com as outras cidades musicais, Salvador vai criar novos projetos voltados para a arte, como a construção do Museu da Música, previsto para ser entregue em 2017, segundo Khoury (ver mais ao lado).
América LatinaSalvador é a segunda cidade da América Latina a receber o título, sendo nomeada após Bogotá, na Colômbia. Assim como a capital baiana, Brasília também lançou candidatura, mas não foi contemplada. Além de Salvador, Santos (SP) foi reconhecida como Cidade do Filme e Belém (PA) foi nomeada Cidade da Gastronomia, nesta nova leva de titulações.
A notícia foi comemorada pelo prefeito ACM Neto, que dedicou o título aos músicos e instrumentistas baianos. “Os cantores, instrumentistas, compositores e todos que estão envolvidos com a música merecem este título porque levam a nossa história e cultura para o mundo”, declarou. Para o titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Érico Mendonça, o reconhecimento ampliará a possibilidade de desenvolvimento de projetos culturais voltados para a música. “O título reafirma o que nós já sabíamos: que Salvador é uma cidade que respira música e carrega isso em sua história. Com isso, teremos a possibilidade de fortalecer ainda mais o cenário”, citou. Artistas comemoramO reconhecimento concedido pela Unesco também foi celebrado por artistas locais, a exemplo do padrinho da campanha pelo título, o cantor e compositor Carlinhos Brown. “A educação musical também nos coloca numa função de cidade educadora. Então, que tal estudarmos mais, ensaiarmos mais e nos encontrarmos mais para que possamos retomar os nossos tambores às ruas? Façamos dessa cidade a expressão do que ela realmente é”, disse.
A cantora e compositora Daniela Mercury considerou a condecoração legítima. “Acho extremamente justo, fantástico para a cidade. A música é a identidade da Bahia, como diria Jorge Amado, e assim como a arte, ela nasce da rua. É na música que a cidade se mostra para o Brasil e para o mundo. São notas que embalam multidões, melodias que inspiram alegria”, comemorou. Para Vovô do Ilê, fundador do bloco afro Ilê Aiyê, a nomeação pode ser uma oportunidade para que a criatividade dos artistas locais seja mais valorizada. “Espero que com esse reconhecimento haja destaque para a diversidade de ritmos e gêneros que são produzidos aqui. São várias as vertentes da nossa musicalidade e a música afro, a música negra, deu uma contribuição muito grande para que isso acontecesse”.
As cantoras Aline Rosa e Larissa Luz também celebraram o título. “Salvador, agora, é a única cidade do país com esse título e espero que possa atrair mais investimentos e olhares curiosos para o nosso cenário musical”, comentou Aline. “O título traz mais possibilidades ainda para essa expansão de uma outra música baiana”, completou Larissa.
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