A travesti suspeita de envolvimento na chacina de motoristas por aplicativo no ano de 2019, em Salvador, foi condenada a 63 anos de prisão por escolha do júri popular. Informação foi confirmada na noite desta quarta-feira (19), após mais de 10 horas de sessão. O julgamento aconteceu no Segundo Salão do Júri do Fórum Ruy Barbosa, na capital baiana. Amanda é a única acusada viva.
A cabeleireira Amanda foi julgada pelos homicídios de Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias. Além de ser acusada, também, de uma tentativa de homicídio, seis roubos e uma corrupção de menor, referente ao adolescente Estênio, que teria participado do crime contra os motoristas de aplicativo.
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De acordo com o Bahia Notícias, Amanda se declarou inocente de 11 acusações, assumindo apenas um dos roubos roubos de carro. Ela teria afirmando que o traficante de drogas, Jeferson, seria o responsável pelas mortes e a teria coagido a ajudar com os roubos.
Durante o depoimento, a defesa de Amanda chegou a alegar que a ré sofreu transfobia no processo e que era vítima das ações dos traficantes de drogas Jeferson.
O júri foi comandado pela juíza Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto. A promotora do caso foi Mirella Barros Conceição Brito e a ré será defendida pela Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA). Ao todo foram 29 jurados.
Amanda é o nome social da acusada. Segundo informações do g1, inicialmente, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) a identificava pelo nome de registro, que ainda é utilizado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Os mortos são:
-Sávio da Silva Dias, de 23 anos;
- Alisson Silva Damasceno, de 27 anos;
- Daniel Santos da Silva, de 31 anos;
- Genivaldo da Silva Félix, de 48 anos.
Os suspeitos são:
- Jeferson Palmeira Soares Santos, conhecido como "Jel": apontado como mandante do crime; (encontrado morto dois dias depois do crime)
- Antônio Carlos Santos de Carvalho, de 19 anos: apontado por envolvimento; (morreu em confronto com policiais no mesmo dia do crime)
- Marcos Moura de Jesus, de 30 anos: apontado por envolvimento; (morreu em confronto com policiais no mesmo dia do crime)
- Amanda: apontada por envolvimento.
Crime
- No local, foram encontrados os corpos dos quatro motoristas. Eles estavam enrolados em lonas de plástico.
- No mesmo bairro, três carros que seriam dos motoristas foram localizados. Outro veículo foi achado no pedágio da cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.
- Na tarde da sexta-feira, poucas horas após o crime, motoristas de aplicativos fizeram uma carreata pelas ruas de Salvador para pedir mais segurança.
Investigações
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Amanda disse à polícia que o objetivo do grupo era roubar os veículos das vítimas. Ela ajudou a acionar as vítimas, através dos aplicativos. O depoimento dela contrariou a versão divulgada pelo então governador Rui Costa, de que os assassinatos teriam sido ordenados por um traficante, após motoristas por app negarem corrida à mãe dela.
"A hipótese de vingança foi descartada. Eles não queriam matar porque um motorista negou socorro a mãe de um deles. O objetivo era roubar dinheiro e os carros", explicou o delegado Odair Carneiro, responsável pelo caso, na época.
Único sobrevivente
Em entrevista exclusiva à TV Bahia, o sobrevivente da chacina contou que não conseguiu dormir após o crime por causa do trauma. Ele também relembrou como foi abordado pelos criminosos, disse que pediu para não ser morto e falou do momento em que foi torturado. O motorista conseguiu escapar dos criminosos depois que uma das vítimas, outro motorista por aplicativo, lutou com os suspeitos.
O motorista contou que saiu às 5h para abastecer o carro e começou a trabalhar. A primeira corrida foi no bairro de Pau da Lima, também na capital baiana. Em seguida, ele foi para o bairro de Santo Inácio, onde foi abordado pelos criminosos.
O homem disse que quando chegou em um barraco, viu uma pessoa deitada, morta e outro rapaz amarrado nos pés e nas mãos. Ele pediu para não morrer, e um dos criminosos perguntou se ele tinha dinheiro. Diante da negativa da vítima, o homem disse: "Então, você vai morrer".
A vítima resolveu perguntar a um homem, chamado de Coroa pelos comparsas, o motivo do crime. "Irmão, por quê? Eu sempre trabalhei de Uber, não discrimino quem quer que seja. E teve o Coroa que me respondeu: "Mataram toda minha família e eu vou matar vocês. A todo momento eu percebia que eles tinham a intenção só de matar. Porque eles deixavam ver o rosto deles. Diziam: Olhe pra mim. Olhe pra mim, que você vai pro inferno primeiro e depois, num dia, a gente se encontra lá na frente", contou.
Redação iBahia
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