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Com os preparativos quase finalizados, a Festa de Iemanjá, comemorada quinta-feira, 2 de fevereiro, é uma das manifestações populares mais aguardadas do Verão. Mas, nessa edição, dois participantes que têm dado as caras nos últimos anos não vão poder entrar: os trios e minitrios. Após queixas de moradores e pescadores do Rio Vermelho, bairro onde acontece a festa, o promotor de Justiça do Meio Ambiente, do Ministério Público Estadual (MPE), Heron Santana, propôs um acordo com a prefeitura para proibir a entrada de qualquer tipo de veículo não oficial na festa, com exceção de casos de emergência. “Somente vai ter acesso ao cortejo da festa os veículos oficiais. O Rio Vermelho é uma região muito estreita, não comporta trio elétrico. É um gargalo. Além disso, a Polícia Militar disse que a festa começou a ficar mais agressiva, aumentando o número de ocorrências”, disse o promotor. A decisão foi tomada ontem em uma audiência pública, realizada na sede do MPE, com a participação de representantes da comunidade e de órgãos como a Empresa Salvador Turismo (Saltur), a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Prevenção à Violência (Sesp) e a Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador). Todos os órgãos se comprometeram em cumprir o acordo. “Caso o acordo não seja cumprido, as entidades e organizações serão enquadradas por crime ambiental, por realizar atividade potencialmente poluidora sem licença ambiental”, explicou Heron Santana.
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Acordo entre MP e Prefeitura tira trios e minitrios da festa de Iemanjá |
Para o presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho (Amarv), Lauro Matta, a presença dos minitrios descaracteriza a festa. “Há mais de quatro anos os trios e minitrios estavam entrando no bairro na festa. Comunicamos à Saltur e, como não fomos atendidos, pedimos a intervenção do MP. Os minitrios estavam acabando com a festa”, disse o presidente da Amarv que se queixou ainda das ocorrências policiais. “Ano passado, turistas que estavam na fila foram assaltados e quando o minitrio passou quase foram empurrados para o mar. Estava acabando com o lado religioso e dando lugar somente ao profano”, emendou Matta. As queixas se estendem para aqueles que vão à festa entregar os presentes. “Quando o trio passa, arrasta gente que não tem nada ver e, com o tumulto, desarticula a fila dos presentes que na maioria é composta por idosos que ficam aqui por quatro horas num sol escaldante”, reclamou o presidente da colônia de pesca Z1, Marcos Santos. Em 2011, o Olodum, Psirico e o Cortejo Afro participaram da festa com minitrios. “Observamos que o uso dos trios gerou uma insatisfação da comunidade”, explicou o presidente da Saltur, Cláudio Tinoco. As dez entidades que participarão amanhã já foram avisadas sobre o acordo. “Os arrastões, sambões e percussões vão ocorrer. O que não vai ter são os veículos”. Para os soteropolitanos Rogério Natividade, 36, e Clóvis Filho, 43, atualmente morando na Bélgica, as mudanças no formato da festa não têm agradado. “Não só a festa de Iemanjá, mas a da Ribeira e outras estão perdendo um pouco as características. Trio eu não concordo, não tem espaço”, argumentou Clóvis.